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1210 I SÉRIE - NÚMERO 31

Por mim, devo dizer que talvez seja uma manifestação de coerência, simplesmente, só há um motivo que me faz recear, de vez em quando, aquilo que o Dr. Álvaro Cunhal diz: é o que se relaciona com uma afirmação feita por alguém que dizia que um relógio parado está certo duas vezes ao dia!

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

Quando é que esse relógio parado estará certo, não digo duas vezes ao dia, porque era exigir demais, mas ao menos uma vez ao dia?
Finalmente, depois disto tudo e depois da fé em que com mais um empurrão o Governo vai ao chão, pergunto: pensam que é possível com esta vossa votação da moção de censura do CDS criarem em Portugal uma coligação positiva CDS/PCP, uma espécie de frente nacional, um apoio à união da base do povo português ou qualquer coisa neste sentido?

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Isto são variações em "Si Bemol"!

O Orador: - Aonde?! Em Nova Iorque? Ah, mas a Sr.ª Deputada está a dizer isso com estrelas de cinco pontas nos olhos e com ódio de classe!

Risos.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Ó Sr. Deputado, o que eu disse foi que está a fazer variações em "Si Bemol"!

O Orador: - Não, não é o caso. O Governo não seria em Nova Iorque nem em bemol, mas seria em Portugal e sem pretender misturar as coisas, não ao som do Hino Nacional, que é só para coisas mais solenes, mas ao som somente do apoio que lhe dá um voto unânime ou um voto de maioria na Assembleia da República. Não será ao som de marchas militares mas ao som do voto, o que é diferente.

Aplausos e risos do PS, do PSD e da ASDI.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Já riram muito mais e caíram!

O Sr. Presidente: - Para responder, se desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Ouço sempre o Sr. Deputado Carlos Lage com um grande encanto, porque o Sr. Deputado tem aquele grande optimismo, aquela filosofia panglossiana que tanto nos recompensa, sobretudo nestas madrugadas de trabalho.

O Sr. João Fernandes (PS): - Dê lá corda ao relógio!

Risos.

O Orador: - Na verdade, o Sr. Deputado Carlos Lage não consegue dizer muitas coisas certas e, sobretudo, muitas coisas que se apliquem à intervenção que acabei de fazer.
Em matéria de raciocínios, Sr. Deputado, eu trouxe aqui uma questão muito precisa: a que se refere àquele raciocínio do Sr. Primeiro-Ministro a propósito de algumas questões sérias que lhe colocámos sobre as relações do nosso país com os Estados africanos de expressão oficial portuguesa.
E foi a partir daí que o Sr. Primeiro-Ministro ensaiou uma ofensiva de argumentos de terror que eu expliquei assim: são estas e outras que levam à prisão dos trabalhadores que batem à porta do Sr. Primeiro-Ministro e às concepções gerais da lei de segurança interna.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - A verdade é esta: O Sr. Deputado Carlos Lage não me vai dizer que se aquela lei tivesse sido aprovada, como era vontade do Sr. Primeiro-Ministro e, confessadamente, do Sr. Ministro Eduardo Pereira, o nosso país não tinha dado passos sérios e largos no sentido de um Estado totalitário e repressivo.
E essa linha política que o Governo mantém e que se expressa nos raciocínios do Sr. Primeiro-Ministro, quando é firme e decididamente contrariado nos seus projectos e ambições políticas. É isso que se manifesta.
Esta é uma preocupação que julgo ser legítimo trazer à Assembleia da República, advertindo todas as forças democráticas e todos os portugueses. É o que temos feito.
A questão da Televisão, que é o outro domínio importante e sério que foi colocado ao longo deste nosso dia de trabalho, na minha intervenção e nas suas perguntas, é esta: este cerco, mais esta manifestação de tal intolerância leva depois a situações deste tipo. Estejam atentos, estejam a pau, porque é este o espírito que conduz a esta situação.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Portanto, começa-se por não se deixar os partidos irem à Televisão. Não há debates, não há consultas aos partidos sobre os grandes acontecimentos nacionais, e a pouco e pouco o cerco vai-se apertando. Mas, como os partidos ainda falam na Assembleia da República e como a comunicação social apesar de tudo ainda repercute alguma coisa do que os partidos da oposição dizem nesta Câmara, então vem o cerco sobre a Assembleia da República. Isto é indisfarçável, Sr. Deputado, e se ainda não reparou, é porque anda desatento!

O Sr. Raul Rego (PS): - Quem fez o cerco foi você! O Orador: - O que é que foi, Sr. Deputado?

O Sr. Raul Rego (PS): - O cerco de 1975 não foi feito pelo Governo mas sim por vocês!

O Orador: - Tivemos aqui situações muito expressivas e que todos os Srs. Deputados podem confirmar. Veja-se o debate sobre os salários em atraso e repare--se como a comunicação social o tratou: veja-se a recente interpelação sobre política de ensino e repare-se como a comunicação social estatizada, principalmente a televisão mas também a rádio, tratou esse debate. E decerto que o Sr. Deputado não me vai dizer que não foram ditas aqui coisas muito importantes em relação à política de ensino em Portugal. Não foi esse um dos debates mais interessantes que se travou na Assembleia da República? Pois bem, não foi uma coincidência que todos os órgãos de comunicação social es-