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O Sr. Deputado Leonel Fadigas proferiu 4 intervenções: uma sobre política de defesa do consumidor, outra sobre política do ambiente e gestão dos recursos naturais, uma terceira sobre a defesa do Atlântico, na perspectiva da qualidade das suas águas, e, por último, uma sobre política florestal.

O relatório vai ser publicado e os restantes elementos podem ser requisitados pelos Srs. Deputados que neles estejam interessados.
Quero ainda comunicar à Câmara que foram recebidos na Mesa 2 votos de pesar, que vão ser lidos e posteriormente submetidos à votação.

Foram lidos. São os seguintes:

O jornalista Paiva e Silva, recentemente vitima de um brutal acidente, foi um profissional esforçado e diligente, tendo trabalhado, durante vários anos, na bancada da comunicação social desta Assembleia, conquistando a estima de todos quantos com ele privaram.
Assim, os deputados abaixo assinados, propõem à Assembleia da República um voto de pesar pela morte do jornalista Paiva e Silva, guardando-se um minuto de silêncio em homenagem à sua memória.

Os Deputados: Carlos Lage (PS) - Amélia de Azevedo (PSD) - Jorge Lemos (PCP) -
José Magalhães (PCP) - Soares Cruz (CDS) - João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE) - António Lopes Cardoso (UEDS) - Manuel Vilhena de Carvalho (ASDI).

O jornalista Manuel Alpedrinha, recentemente falecido, foi não só um símbolo de jornalista probo e digno como um alto exemplo de luta pela democracia no nosso pais.
O seu permanente combate pelo restabelecimento da liberdade em Portugal fê-lo sofrer longos anos de prisão e até a deportação e o internamento no campo de concentração do Tarrafal durante 10 anos.
Manuel Alpedrinha é credor da homenagem desta Câmara.
Assim, os deputados abaixo assinados propõem à Assembleia da República um voto de pesar pela morte do jornalista Manuel Alpedrinha, observando-se um minuto de silêncio em homenagem à sua memória.

Os Deputados: Maria Helena Valente Rosa (PS) - Amélia de Azevedo (PSD) - Jorge Lemos (PCP) - José Magalhães (PCP) - Raul de Castro (MDP/CDE) - João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE) - António Lopes Cardoso (UEDS) - Manuel Vilhena de Carvalho (ASDI).

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Raul de Castro.

O Sr. Raul de Castro (MDP/CDE): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Antes de a Mesa pôr à votação estes 2 votos de pesar, queria chamar a atenção da Câmara para o seu significado, pois referem-se a 2 jornalistas recentemente desaparecidos.
Quanto ao jornalista Paiva e Silva, é por todos sabido que foi um profissional que ao serviço da Televisão, durante muitos anos, aqui trabalhou na Assembleia da República, impondo-se ao convívio de todos quantos com ele privaram.
O jornalista Manuel Alpedrinha, por seu lado, foi um símbolo da luta por um Portugal democrático, pois em toda a sua longa vida sofreu as maiores vicissitudes para defender os ideais da democracia, pelos quais sempre se sacrificou.
Creio que por tudo isto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, esta Câmara não deixará de se pronunciar em relação a estes 2 votos por unanimidade, aprovando-os, como merecem a memória dos 2 jornalistas que nos propomos homenagear.

O Sr. Presidente: - Igualmente para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Edmundo Pedro.

O Sr. Edmundo Pedro (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Só tive conhecimento da morte do jornalista e antifascista Manuel Alpedrinha depois do seu funeral. E se não fora isso - aliás, porque estive doente em casa durante 3 dias e nem sequer comprava jornais - não teria deixado de estar presente no seu funeral.
Não posso, por isso, deixar de aproveitar esta oportunidade para manifestar aqui o meu desgosto pelo passamento de mais um antifascista, de mais um homem que conheceu comigo as agruras, as dificuldades e a repressão do Tarrafal, para onde fomos deportados.
Queria, portanto, para além de prestar homenagem ao combate e à coerência do Manuel Alpedrinha - independentemente das discordâncias de fundo que possa ter em relação às suas ideias de hoje - manifestar também a minha solidariedade e o meu desgosto pelo seu passamento.
Foi mais um antifascista que passou e mais um homem que esteve no campo de concentração do Tarrafal, em relação ao qual não foi feita justiça. Queria aproveitar este momento para chamar a atenção para a injustiça que continua a pairar e a pesar sobre os homens que passaram pelo Tarrafal.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): Muito bem!

O Orador: - Fomos obrigados a trabalhar lá durante anos seguidos e a trabalhar forçadamente, pois o trabalho forçado era uma exigência regulamentar no campo do Tarrafal contra as disposições internacionais a que o Estado português estava sujeito e que constavam de convenções a que tinha aderido. Fomos, portanto, praticamente obrigados a trabalhar forçados, ao contrário do que era normal acontecer com todos os outros presos antifascistas que ficavam no continente ou que iam para Angra do Heroísmo.
E esse é um dos traços que, naturalmente, separa os que passaram pelo Tarrafal daqueles que por lá não passaram. Quero por isso dizer que não foi feita justiça a esses homens, porque o Estado português não se lembrou ainda de reparar o trabalho obrigatório que esses antifascistas ali realizaram ao longo de todos aqueles anos e que lhes trouxeram doenças e o encurtamento da vida.

Manuel Alpedrinha não era propriamente um velho caquético e, em parte, pode ter morrido em consequência daquilo que sofreu no Tarrafal, como outros já se passaram, porventura antes de tempo, em razão desses sofrimentos.