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26 DE OUTUBRO DE 1988 121
eleitoral, aumentou duas vezes as pensões de reforma no mesmo ano. Em 1988 foi mais comedido não há eleições.
Creio poder anunciar aos portugueses que, havendo duas eleições para o ano, podem contar, brevemente, com o aumento substancial das pensões de reforma.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Só que, como diz o povo, o Governo tira com uma mão o que dá com a outra. Que o digam muitos idosos que hoje pagam, na subida dos preços dos medicamentos, mais do que aquilo que receberam no aumento.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Passe o Sr. Ministro, com a sua colega da Saúde - e será, aliás, certamente, um dia bem agradável -, um dos seus dias numa farmácia e verá como é terrivelmente desolador.

Protestos do PSD.

Srs. Deputados, peço desculpa. Não confundam o que foi, na minha boca, uma gentileza, com a grosseria que alguns tenham imaginado!

Aplausos do PS.

Pretendo apenas exprimir a simpatia com que vejo a Sr.ª Ministra da Saúde.
Protestos de um Deputado do PSD.

O Orador: - Não tenha dúvidas! É esta a palavra de honra que lhe dou e não admito que duvide dela!
Mas, como dizia, passe o Sr. Ministro um dos seus dias numa farmácia e verá como é terrivelmente desolador ver uma pessoa idosa (e não só) devolver medicamentos necessários porque, ao ver a conta, com o novo sistema de comparticipações, verifica que não tem dinheiro para a pagar.
Deixemo-nos, pois, de fitas. A verdade é indesmentível: as classes médias estão, em Portugal, a ser alvo de um autêntico campeonato de tiro ao «bolso».
Aos agricultores afectados por severíssimos prejuízos, negam-se os subsídios prometidos à pressa nos primeiros dias, talvez porque, não têm a sorte de morar em Lisboa e no Chiado. Aos jovens que compraram ou querem comprar casa, limita-se o crédito, aumentam-se exageradamente os juros, sobem os impostos e diminuem as deduções fiscais. Até aos caçadores o Governo cobra primeiro as licenças e só depois os informa de que pouco podem caçar.
A nada de tudo isto respondeu o Governo. De nada de tudo isto nos falou o Governo. A cassette de hoje foi sempre a mesma: atacou-se o PS, o Governo do Bloco Central (de que o PSD fez parte) e, portanto, aproveitou-se também para atacar indirectamente a figura do então Primeiro-Ministro Mário Soares, numa pré-campanha presidencial que é bem curiosa.

Risos do PSD.

Estou à vontade para falar deste tema. Até porque, como foi público, tive uma posição crítica, embora sempre discreta e disciplinada, em relação a muito do que então se fez.
Mas quero dizer aqui bem alto, olhos nos olhos dos Srs. Deputados do PSD, que o PS não teme o confronto com o PSD em relação aos serviços prestados a Portugal e à democracia nos últimos quinze anos.

Aplausos do PS e do PRD.

Não o temia com Mário Soares, não o teme hoje com Vítor Constâncio.

O Sr. Correia Afonso (PSD): - Quem teme é o povo!

O Orador: - Nos três combates decisivos que Portugal travou até 1985 - consolidar a democracia, integrar Portugal nas Comunidades Europeias e salvar o País das bancas rotas (mais do que uma) e do círculo vicioso da dependência e do endividamento - em todos estes combates o PS, Mário Soares e Vítor Constâncio estiveram sempre na primeira linha.

Aplausos do PS.

Em nenhum deles vi o Prof. Cavaco Silva. Aliás, de um deles fugiu a tempo.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Há agora uma outra tarefa fundamental: a de aproveitar a margem de manobra do que o País hoje disfruta para construir, com solidez, o futuro. Era a grande oportunidade do PSD e de Cavaco Silva para também eles estarem na primeira linha de um combate decisivo para o País.
É disso que precisam os portugueses hoje. Não tanto desta farsa com que o Governo os entretém, de curso do FSE, para curso do FSE, de OTJ para OTL, dando muito dinheiro a ganhar a muita gente - sabe nalguns casos Deus como -, mas gastando o tempo dos jovens sem nada de essencial lhes dar, no caminho de uma carreira profissional minimamente estável, realizadora e bem remunerada.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Para ser digno deste desafio, precisava o Governo de ter uma estratégia clara para o País, estratégia a propor aos portugueses para os entusiasmar na construção do futuro.
Os dirigentes do PS, Sr. Ministro das Finanças, não se cansam nem se cansarão de aprender com os portugueses para melhor os poderem servir. Só o Governo, na auto-suficiência dos que tudo julgam saber, cuida apenas de tentar ensiná-los para melhor se servir a si próprio (politicamente, claro está).
Sem estratégia, sem desígnio, sem ideias, o Governo vai gerindo o seu dia-a-dia ao sabor das conjunturas - felizmente favoráveis -, dos calendários eleitorais e da pressão dos «lobbies». Numa coisa só tem sido sempre coerente: vai construindo, peça a peça, cargo a cargo, lugar a lugar, frequência de rádio a frequência de rádio, favor a favor, o seu Estado laranja. Estado laranja que aqui volto a chamar um Estado cinzento, todo ele feito de pequenos interesses e de grandes negócios.

Aplausos do PS.