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156 I SÉRIE - NÚMERO 4

Porém não é só ao nível dos salários reais que se agravam as injustiças que se vai cavando o fosso das desigualdades.
Uma segunda questão decisiva para todos nós é a questão dos impostos. Há um ano ouvimos o Sr. Ministro das Finanças ouvimos depois todo o PSD anunciar aos Portugueses que iam pagar menos impostos sobretudo os mais necessitados.

Vozes do PSD - E pagaram.

O Orador - Foram mesmo gastos milhares e milhares de contos em anúncios na televisão e nos jornais para que os Portugueses disso se compenetrassem e não acreditassem nas vozes da oposição que afirmavam que isso não era verdade e que os Portugueses iam de facto pagar mais impostos em 1989.
O que é verdadeiramente espantoso é ouvir hoje o Sr. Ministro das Finanças prometer outra vez que os impostos voltam a baixar em 1990 no momento em que tem a falta de sensatez política de entregar na Assembleia da Republica uma ,correcção do Orçamento do Estado deste ano de 1989 em que Confessa que o Governo vai afinal cobrar este anormais 913 milhões de contos de impostos e taxas do que tinha previsto inicialmente.

Protestos do PSD.

Um ministro das Finanças com quatro anos de experiência que se engana em 913 milhões de contos na pressão das cobranças é demitido no dia seguinte em qualquer país que se preze.

Aplausos do PS e do PCP

Em Portugal vamos ter de esperar pela remodelação a seguir às eleições autárquicas.
Só que quem pagou estes 913 milhões de contos a mais ( e no final do ano se verá que estimava é prudente) repito quem pagou estes 913 milhões de contos a mais não foi o Governo não foi o PSD fomos todos nós foram todos os portugueses. E verdadeiramente nem todos porque como se sabe em Portugal as grandes fortunas praticamente não pagam impostos.

Aplausos do PS

Quem foi enganado quem pagou estes 913 milhões de contos foram sobretudo os trabalhadores por tanta de outrem foram as classes ...... em querer esmagar ..... que dela ..... no essencial o seu mandato.

Aplausos do PS

Os Portugueses esses não esquecem que aqueles que há dois anos fizeram fortunas individuais de milhões de contos à custa das pequenas poupanças no frenesim da especulação bolsista tendo acesso a informações que lhes permitiram sair a tempo não pagaram sequer um tostão de impostos porque disso o Governo expressamente os sentou enquanto a generalidade daqueles mesmos detentores de pequenas poupanças que se iram enganados na Bolsa viram também agravada a carga fiscal que sobre os seus rendimentos incidia. Tudo isto não aconteceu por acaso. Tem responsáveis. Chamam-se Prof Cavaco Silva e Dr. Miguel Cadilhe.

Aplausos do PS

É aliás este acréscimo brutal mos impostos cobrados este ano que torna muito fácil a elaboração do Orçamento do Estado para o ano que em dando margem de manobra para algum populismo demagógico em 1990-1991 tentando recuperar a popularidade fácil à custa das bolsas de todos nós.

Protestos do PSD

Sr. Presidente Srs. Deputados: Já vimos que nem tudo vai bem que sobretudo nem tudo vai bem para todos. Mas será que aquilo que vai bem a mesmo bem e poderá continuar a ir bem no futuro?

O Sr. Duarte Lima (PSD) - Para os socialistas nem tudo vai bem!

O Orador - Todos sabemos que Portugal é um país pequeno periférico e dependente. Todos sabemos também que Portugal tem mantido nos baixos salários a única vantagem comparativa que lhe permite competir nos mercados europeu e internacional. Todos sabemos ainda que está estado de coisas não tem grande futuro face à livre circulação dos trabalhadores a partir de 1992 e face sobretudo à concorrência crescente dos países do Terceiro Mundo que cada vez colocarão mais sapatos mais t. shirts mais camisas e produtos similares no mercado europeu, a preços incompatíveis com níveis salariais minimamente civilizados.
Não vou repetir agora o que disse no debate da interpelação sobre os perigos graves que para o nosso futuro resultam da incapacidade deste governo para propor aos Portugueses e sobretudo aos agentes de progresso uma estratégia capaz de mobilizar as energias nacionais para corrigir os nossos defeitos de estrutura. Uma estratégia assumida em diálogo por todos sem dirigismo estatal mas que apostando na criatividade da sociedade civil pudesse criar novas vantagens comparativas um novo modelo de especialização produtiva apostando na qualidade no desenvolvimento tecnológico na valorização dos recursos humanos fazendo coincidir uma evolução global necessariamente mais lenta com a aposta decidida em alguns centros de excelência, na universidade na vida empresarial na investigação.

Uma voz do PSD - Tem lido o Programa do Governo!

O Orador - Não ou repetir aqui o que então disse sobre a falta de articulação entre as politicas educativas de formação profissional de investimento público e apoio no investimento privado e de investigação Cientifica e tecnológica.
A verdade é que este governo não tem - o Sr. Primeiro Ministro confessou-o
de novo hoje aqui - uma visão de futuro não tem estratégia não tem prioridades assumidas de forma continuada e coerente.

O Sr. Duarte Lima (PSD) - O senhor é que ouviu isso.

O Orador - Para o Governo a definição de prioridades é acima de, tudo um objectivo de propaganda. Vou recordá-los.
Quando os preços desaceleravam o Governo anunciava como objectivo combater a inflação. Quando os preços voltaram a subir passou a ser prioritário o emprego e o