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6 DE JUNHO DE 1990 2771

Portugal teve, durante décadas, e tem, uma tradição de possuir sempre exilados emigrantes, aqueles que souberam não perder a esperança e continuar a lutar, quantas vezes acusados de serem pessimistas e estarem desanimados, para que Portugal fosse um país sem exilados, e conseguiram! Tinham, pois, razão de ter esperança.
Hoje, segunda fase: estamos numa altura em que a grande Europa vai permitir que já não haja portugueses emigrantes mas, sim, cidadãos europeus, e vale a pena manter esta esperança. Por isso, ao sonho do Ministro oponho a nossa esperança, a nossa determinação,, a nossa luta.
Não gosto de misturar os géneros, de misturar ética com política, de misturar jogo com coisas sérias, de misturar sonho com política, de misturar poesia com política...

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Isso é que é uma política triste!

O Orador: - Todos os homens que deixaram um triste nome na política da História da Humanidade, todos eles, sonharam à sua maneira e foi-lhes permitido sonhar com um homem novo.
Nós somos muito mais terrestres: não sonhamos com um homem novo, mas, sim, com o melhoramento permanente dos homens portugueses e dos homens europeus. Não sonhamos, como o faz o Ministro da Educação, com uma escola que defende e cria novos paradigmas do homem - aliás, este sonho pode ser aterrador, Srs. Deputados!
Todos os homens que deixaram uma triste marca na História sonharam com novos paradigmas do homem, confundiram sonho com realidade, poesia com política. Enfim, confundiram ética, moral e política!
No meu entender, estas coisas devem ser separadas, porque só teremos uma sociedade de tolerância, de liberdade e de respeito de uns pelos outros se soubermos qual é a diferença dos géneros.
Risos do deputado Carlos Coelho, do PSD.

O Sr. Deputado Carlos Coelho ri, porque está confundido!

O Sr. Carlos Coelho (PSD): Eu? Eu é que estou confundido?

O Orador: - E a sua confusão e a sua irresponsabilidade perante estes problemas graves são a nossa conclusão da interpelação de hoje.
Aplausos do PS, de pé.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, gostaria apenas de esclarecer a Mesa de que o nosso projecto, que visa a clara e completa abolição dos castigos corporais nas escolas, se não pode, infelizmente, aplicar aos Srs. Deputados do PSD, que bem precisariam de umas reguadas!
Risos do PS.

Vozes do PSD: - Isso é só para dar nas vistas!

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para exercer o direito de defesa da consideração da minha bancada.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Sr. Presidente, não pedi a palavra com medo das reguadas, pois o PS não tem força, vigor, legitimidade ou dignidade para dar reguadas em ninguém!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, essa não é linguagem que deva ser usada no fim de uma interpelação desta categoria ou que seja merecida por pessoas que intervieram com tanto nível. Na verdade, esperava muitíssimo mais do Grupo Parlamentar do PS!...
Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, pretendo apenas dizer que é costume ver quem é derrotado perder o sentido de humor. Mais uma vez se verificou esse facto!...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Peço a palavra para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Sr. Presidente, pedi a palavra para que, nesta matéria de reguadas, V. Ex.ª e a Mesa relevem o Sr. Deputado António Guterres, que acaba de levar umas valentes palmadas no seu congresso, em particular do seu líder, Dr. Jorge Sampaio!...
Risos do PSD.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, gostaria apenas de dizer que, em matéria de sentido de humor, a intervenção do Sr. Deputado Duarte Lima não se afasta muito da intervenção do Sr. Deputado Montalvão Machado...
Risos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, terminámos a nossa ordem de trabalhos.
Reunimos amanhã, às 15 horas, havendo de manhã, aliás como habitualmente, reuniões de comissões.
Nada mais havendo a tratar por hoje, declaro encerrada a reunião.
Eram 19 horas e 50 minutos.