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7 DE JUNHO DE 1990 2813

cálculos sustentaram a opção tomada de dar combate químico às pragas que tom atacado os arrozais naquela área do vale do Mondego.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: O quadro que acabei de esboçar tem, por fundo, tonalidades de interrogação veemente. Numa época em que se tende a hipervalorizar acriticamente os prodígios da tecnologia, com frequência demasiada se esquece que, mio obstante os progressos, todo o caminho do homem continua a ser o da busca e não o da suficiência, o do estudo sério, amadurecido e lúcido, a par da ousadia, e não o dos rasgos precipitados, despoticamente impostos em nome de uma infalibilidade científica, que vem, não raro, afinal, a revelar-se falso e inconsistente.
As lógicas do imediato, prevalecendo-se da arrogância das absolutas certezas, contra o que há de fecundo na dúvida que antecipa as decisões responsáveis, geram, em regra, situações que se voltam contra as comunidades e contra os seus interesses determinantes.
A natureza, Srs. Deputados, é infinitamente mais complexa do que se decreta e, apesar dos êxitos das experiências interplanetárias, afeiçoá-la criativamente às harmonias, indispensáveis à vivência humana, é ainda o maior dos desafios de hoje.
Dizemos isto, combatendo todas as simplificações, e acode-nos tudo quanto se tem passado no Baixo Mondego por culpa de quem talha e retalha sem rigor nem prudência e sem critério provado nem engenho.
O ecossistema e os seus valores reclamam uma atitude diferente. Também aqui não há discurso de defesa do ambiente que sobreviva sem a adopção de um olhar que, reestruturando ecologicamente a economia, se conduza pelo bom senso e pela experiência, em claro favor do homem e não dos projectos de circunstância, tutelados por políticas incongruentes e de mera conjuntura.
Tenhamos, Srs. Deputados, perante a Natureza uma atitude de grande humildade como aconselha a ciência.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente:-Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Barbosa da Costa.

O Sr. Barbosa da Costa (PRD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ocorreu na passada semana, na cidade da Póvoa de Varzim, um acontecimento de significativa importância. Trata-se do 13.° Congresso Mundial da Federação Internacional de Dadores de Sangue, organizado pela Federação Portuguesa.
Reuniram-se neste fórum mais de 250 representantes de cerca de quarenta países da Europa, África, Ásia e América que, durante vários dias de intenso trabalho, trataram de questões conexas com a transfusão e dádiva de sangue.
Comunicações de grande rigor científico, entremeadas de outras de conteúdo apelativo, baseadas na experiência vivida e sentida ao longo de grande número de anos de acção empenhada, preencheram esta importante manifestação.
Na sua resolução final, os congressistas reconfirmaram o primado ético e médico da dádiva benévola de sangue em confronto com a sua comercialização, sublinhando que os valores éticos devem ser colocados sempre acima dos condicionalismos económicos.
Confrontados com o problema da SIDA, demonstraram que a dádiva benévola e não remunerada não é perigosa para os doentes, lembrando aos dadores de sangue a obrigação moral de se abrirem aos responsáveis da transfusão de sangue de forma a reduzir, ao mínimo, os riscos de transmissão das doenças infecciosas, por via sanguínea.
Foi confirmada a importância da sensibilização nas escolas, onde a educação para a dádiva benévola é uma parte da educação da Saúde.
Foi ainda aprovada a ajuda aos países em vias de desenvolvimento, para começar ou continuar a promoção da dádiva benévola.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: É intenção desta intervenção suscitar junto dos cidadãos saudáveis a sua participação na dádiva benévola de sangue numa assumpção plena de deveres de solidariedade, que a todos cabem, numa sociedade presidida por valores humanos fundamentais.
Todavia, importa realçar o facto emblemático de Portugal ter sido escolhido, pela vitalidade demonstrada c activa participação, a nível mundial, da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue.
Tal circunstância tem-lhe valido o reconhecimento e o apoio de outras associações congéneres.
Tendo acompanhado, durante vários anos, a luta tenaz, esforçada e, muitas vezes, dramática dos dirigentes da Federação Portuguesa pela promoção e dinamização da dádiva de sangue não remunerada no País, bem como pelo incentivo ao trabalho de criação de novas associações e grupos de dadores, entendo ser um dever, da mais elementar justiça, evocar a figura dedicada e sacrificada do seu presidente, Joaquim Moreira Alves, que tem sido um testemunho vivo do que pode fazer um homem simples de uma aldeia do Norte do País, carpinteiro de profissão, quando se tem a solidariedade e a fraternidade como referências de vida.
Pela acção persistente da Federação foi possível quase erradicar, de facto, a venda de sangue e extirpar dos serviços de sangue elementos nocivos e corruptos que, quais vampiros, iam recebendo benefícios indevidos à custa dos problemas alheios.
Foi também possível sensibilizar vontades adormecidas e mentalidades distorcidas que, relapsas à dádiva, estendem hoje generosamente os seus braços para a manutenção da vida do seu semelhante em dificuldade.
Foi possível ainda sensibilizar esta Assembleia para a feitura de uma lei, aprovada por unanimidade, que regula, de forma correcta e ajustada, tão sensível matéria.
Constituiu uma luta longa e penosa, cheia de batalhas perdidas, que, felizmente, tem obtido no nosso país adesão crescente, invertendo, esperemos que definitivamente, o rumo dos acontecimentos.
Cabe ainda, a bem da verdade e da justiça, lembrar o empenhamento consequente e interveniente da antiga ministra da Saúde, hoje deputada Leonor Beleza, que teve um papel determinante na viragem verificada.
Se nem sempre esteve de acordo noutras circunstâncias, não ficava de bem com a minha consciência se não lembrasse o seu fundamental papel neste processo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Espera-se que o facto emblemático da realização do Congresso Mundial em Portugal constitua a dinâmica necessária à duplicação dos