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10 DE ABRIL DE 1991 2027

Afinal, pouco depois, o Governo era acusado de romper com o seu eleitorado, de incomodar as pessoas, de reformar com excesso; o Governo, em vez de se acomodar em maioria, afinal, inquietava.
Mas os primeiros resultados vieram a público: um crescimento nunca visto e a ritmo que ninguém conseguira; uma produtividade multiplicada; um investimento sem paralelo; o endividamento estancado; a acumulação da riqueza do País e a diminuição da dívida nacional.
E, apesar de tudo isto, e porventura por causa de tudo isto, a vivência de um clima de paz social...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): -Parece um Saddam em Junho!

O Orador: -... e um entendimento repetido na prática da concertação como novidade que nunca, quem quer que fosse, antes praticara. E isto porque os empregos cresceram, a percentagem de desemprego foi cortada em metade, o rendimento das famílias subiu, o sistema fiscal desagravou os economicamente mais débeis, as pensões sociais cresceram como nunca. Enfim, porque se pensou em quem sofria e se deu oportunidade a quem não tinha.

O Sr. José Silva Marques (PSD): - Muito bem!

O Orador: - As oposições esfregaram os olhos e beliscaram-se e, logo, os mais ágeis de entre eles buscaram um novo caminho crítico: era um facto indesmentível o crescimento, mas este só acontecera porque as condições eram de excepção. E idealizaram cenários idílicos. Nestes termos, diziam, podia ter-se conseguido muito mais; tudo foi pouco. E assim não valia. O PSD só devia governar em momentos de crise.
É certo que, lembravam os mais avisados, outros países gozaram das mesmas possibilidades e o caminho foi inverso. E a explicação plausível, porque era incómoda, foi sufocada.
Era de mais e as oposições esqueceram a comparação porque subitamente se viram gregas e tremiam. Restava-lhes desenterrar argumentos novos, e assim fizeram: afinal, as condições eram boas, as medidas económicas foram acertadas, mas Portugal cresceu desequilibradamente e favoreceram-se, diziam-e dizem-, as desigualdades sociais.
E inventaram, então, duas novas verdades que da mentira nasceram: verdade número um - o crescimento económico, a produção da riqueza, é muito menos importante que a sua distribuição e esta, aliás, nada tem a ver com aquela; verdade número dois - em Portugal, antes do governo do PSD, havia equilíbrio social ou, pelo menos, tendência verificada nesse sentido.
A primeira verdade era fraca e não resistia à comparação com a história mais recente da Europa do Centro e do Leste; a segunda verdade era mais fraca ainda e ido resistia à história recente do País. É que quando as pessoas começavam a recordar-se dos salários em atraso, da península de Setúbal, do interior redimido, a força das palavras não resistia à força dos factos.
Os socialistas e os comunistas, cuja grande vitória era saberem distribuir melhor do que criar riqueza, bem vistas as coisas, corriam eles próprios o risco de nem isso lhes ser reconhecido. Já havia quem soubesse criar e distribuir melhor.
Mas, ainda assim, as oposições insistiram e um argumento novo e diferente começou a dar os primeiros passos: Portugal está mais próspero, disseram então, porque recebeu verbas comunitárias, e podia, ainda, estar em melhor situação, porque as não aproveitou nem aproveita devidamente.
Aí, houve alguém que se lembrou: «Mas nós estávamos para receber nestes primeiros anos 180 milhões e conseguimos receber 500 milhões! Mas Portugal está a ser louvado, tanto peto Sr. Delors como peto Sr. Bangemann, pelo modo como utiliza os recursos que dela advém! Mas Portugal conseguiu negociar e aprovar programas específicos de apoio à indústria, à agricultura, à educação, ao desenvolvimento, às regiões periféricas! E os défices tradicionais de comunicação estão a ser vencidos! E os vários pontos do País estão a ficar entre si mais acessíveis e as vias principais começam a nascer!»
Ora, se tudo isto se pode afirmar porque se vê, já a crítica da oposição se reduz, mas continua: «Pois é, mas as estradas é que estão atrasadas.» E o Governo explica o planeamento e a execução das obras e explicita as datas de conclusão previstas. Aqui, as oposições deliram e proclamam: «Se as obras vão mais depressa é porque o motivo são as eleições.»

Risos do PSD.

Definitivamente, em que ficamos?
Tranquilamente, os Portugueses sabem que só com o País diferente, só com os vários constrangimentos vencidos ou muitos deles, só com muito empenho e trabalho, é possível conseguir-se o que se fez.
E sabem mais: que o Pais só pode ser governado com opções entre alternativas e que opções primeiras têm sido, para este governo, a educação e a formação profissional, a saúde e a segurança social.
Em suma, estão conscientes de que a melhor e a mais justa forma de distribuir é não atribuir errada e indevidamente aquilo que não tem, nem pode ler, função e utilidade sociais.
E quando hoje as organizações internacionais tem palavras de apreço para Portugal e são estas palavras a corrente apreciação das capacidades do País, não resta senão às oposições opor-lhe os seus infundados clamores: é preciso que os Portugueses não ouçam que o mundo tem por eles apreço. É preciso que os Portugueses ignorem quanto foram capazes de realizar. É preciso que os Portugueses se não orgulhem do esforço que fizeram.
No fundo, as oposições tom receio de que os Portugueses se habituem a ter sucesso e não queiram deixar este caminho!

Aplausos do PSD.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Portugal já não é um país parado no tempo, já não é um país adiado. Portugal é hoje um país prospero e procura-se, com justiça, com solidariedade, que os Portugueses, todos, aproveitem da prosperidade.
Os Portugueses são, hoje, uma nação confiante, sem falsos temores do futuro, porque conhecem o segredo do êxito, sabem que lemos mais e somos mais, porque à custa do esforço próprio o conseguimos, e sabem que o mais que temos e o mais que somos é a obra do nosso esforço colectivo, do trabalho e da inteligência.
Srs. Deputados, se a comunidade internacional enaltece hoje a prosperidade que estamos todos a criar, porque insistir num discurso que se alimenta, apenas, do miserabilismo; se a comunidade internacional tece, hoje, elogios