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2336 I SÉRIE-NÚMERO 70

perseverança; se os Portugueses souberem manter as condições de que manifestamente têm conseguido tirar partido; se, sobretudo, os Portugueses continuarem a saber confiar em si próprios e no futuro do seu País!

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Natália Correia.

A Sr.ª Deputada Natália Correia fala para o microfone, mas, porque não accionou o respectivo botão de ligação, a sua voz é inaudível.

Vozes do PSD: - Tem que carregar no botão!

A Sr.ª Natália Correia (PRD): -Ai o botão!...

Risos.

Aí é que é: é no esquecer do «botão» que está a nossa diferença, minha querida companheira, Sr.ª Deputada Maria Leonor Beleza! Preocupa-se excessivamente com o «botão».
A Sr.ª Deputada sabe quanto já lhe tenho, pessoalmente, manifestado o meu apreço, embora, publicamente, tenha discordado de uma política que seguiu, mas não vamos falar do passado...
Penso que é uma mulher cheia de qualidades. Porém, penso que as suas qualidades deviam ser postas ao serviço de uma nova política, que compete à mulher introduzir no universo...

Vozes do PS: - Muito bem!

A Oradora: -... parlamentar do poder de todos os níveis de decisão que fazem marchar o mundo. Lastimo Leonor Beleza - deixe-me tratá-la assim, com um certo carinho - que realmente tenha reduzido o seu discurso a um somatório de um relatório de gestão.
Você vale mais do que isso! Peço-lhe, carinhosamente, que mude de rumo nos seus discursos!

Aplausos do PRD, do PS e dos deputados independentes Jorge Lemos e José Magalhães.

A Sr.ª Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Leonor Beleza.

A Sr.ª Maria Leonor Beleza (PSD): - Sr.ª Deputada Natália Correia, agradeço-lhe as palavras amáveis que me dirigiu e permita-me que lhas retribua mas, certamente, há pontos em que não estamos, e é natural que não estejamos, de acordo.
A Sr.ª Deputada disse, por um lado, que aquilo que eu própria linha referido se traduzia apenas num «relatório de gestão» e, por outro, fez apelo à nossa qualidade comum de mulheres, pretendendo retirar desse apelo contribuições qualitativamente diferentes, pelo menos em relação àquilo que tem sido a minha, no que respeita à nossa intervenção na política.
Permita-me, Sr.ª Deputada, que me refira a esses dois aspectos.
Em primeiro lugar, a Sr.ª Deputada qualifica como entender aquilo que eu disse e terá a opinião que quiser sobro aquilo que afirmei. Permita-me, no entanto, que lhe diga - tendo em atenção, porém, os nossos pontos de substancial desacordo - que pretendi ir mais longe do que a Sr.ª Deputada entendeu.
Assim, «relatório de gestão» significaria simplesmente - segundo presumo das suas palavras - referir aquilo que está bem. A Sr.ª Deputada, certamente, terá notado que eu, de propósito, no final da minha intervenção, não me limitei simplesmente à constatação do bem-estar, mas referi - e é, sobretudo, nessa expressão que entendo a participação de Portugal nas Comunidades - o enorme caminho que há a percorrer.
Muito frequentemente, as pessoas tendem a ver a nossa participação na Comunidade apenas numa perspectiva de desenvolvimento económico. É uma perspectiva que não é a minha e se, eventualmente, assim tiverem entendido, terão entendido mal, pois não foi isso que eu quis traduzir.
Por outro lado também, as pessoas vêem a integração em termos estáticos, fazendo comparações com o que existe actualmente. Mas eu, de propósito, depois de assinalar o que me parece óbvio, isto é, o êxito que tem sido a integração de Portugal, referi que o nível médio de vida em Portugal se situa a cerca de 60% do nível médio de vida nas Comunidades Europeias. Fiz isto de propósito, porque não pretendo, de maneira alguma, desprezar ou deixar oculto o enorme espaço de percurso que há ainda a percorrer. Aliás, como também não pretendi, nem pretendo, e por isso referi muitos aspectos que não têm natureza meramente quantitativa, diminuir os aspectos de outras naturezas que a nossa integração na Comunidade tem assumido, e tem de assumir, e que têm a ver com as diferenças e com tudo o que nos caracteriza como povo, com uma experiência e com sentimentos diferentes, em muitos aspectos, de todos os nossos parceiros europeus.
Em relação à questão do apelo à qualidade de mulheres, a Sr.ª Deputada sabe que eu compartilho da sua opinião, pois entendo que as mulheres podem e devem dar uma comparticipação qualitativamente diferente em todos os meios onde participam. Assim, não é indiferente que as assembleias - nacionais, da República ou parlamentos, tenham elas a designação que tiverem - ou quaisquer outros órgãos de intervenção política sejam constituídos apenas por cidadãos de um ou dos dois sexos.
Quanto a esta questão - aliás, como já tenho referido publicamente muitas vezes - , suponho que estamos de acordo e, ao contrário daquilo que classicamente, muitas vezes, se diz em relação à participação política, referindo-se que ela deve visar a indiferença quando se trata de homem ou mulher a ocupar um determinado cargo, devendo procurar-se apenas ver as capacidades individuais de quem o ocupa, eu acrescento: não é indiferente que se seja de um ou de outro sexo, não é indiferente que um órgão qualquer de participação política tenha só pessoas de um ou de outro sexo, pois, em meu entender, a participação das mulheres é qualitativamente diferente. Mas, Sr.ª Deputada, não compartilho da sua opinião quando espera, talvez demais, da participação acrescida das mulheres na vida política, porque nós, mulheres, somos diferentes em muitas coisas, mas não somos melhores nem piores, trazemos apenas uma participação qualitativamente diferente. Não comparticipo, portanto, também da sua opinião quando pensa que é só por aí que o mundo mudará e que a participação política será diferente.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Natália Correia (PRD): - Sr.ª Presidente, peço a palavra para esclarecer a Câmara, uma vez que a