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I SÉRIE - NÚMERO 34
legre em fase de conclusão, permitindo-me aqui chamar a atenção para o interesse que haveria em que ela fosse imediatamente aberta à circulação, já que o prosseguimento dos trabalhos não seria de certo significativamente afectado e se poupariam inúmeros contratempos aos que constantemente a ela têm de recorrer.
Infelizmente, não posso deixar de dizê-lo, esta importante obra não responderá da melhor maneira às exigências de escoamento e orientação do tráfego em virtude de o projecto a tal não ter atendido!
Sr. Presidente e Srs. Deputados, muito embora, felizmente, surjam já fortes indícios do interesse por parte de potenciais investidores ligados à indústria, e não só, no distrito de Portalegre, a verdade é que fomos um espaço essencialmente vocacionado para a agricultura e, teimosa mas conscientemente, continuamos a pensar que, apesar das alterações trazidas pela reforma da PAC, temos condições para continuar a apostar no sector, embora em moldes muito diferentes.
Assim os agricultores possam continuar a usufruir dos meios que lhes permitam o ajustamento à nova realidade de forma a poderem encaminhar as suas explorações para a prática de culturas alternativas e novas actividades, encarando de forma mais séria o agro-turismo e o aproveitamento dos recursos cinegéticos.
Estou sinceramente convencido de que os novos empresários agrícolas se encontram já sensibilizados para a mudança e, diria mesmo, enveredaram por ela. Os investimentos destinados ao agro-turismo são já uma realidade em vários pontos do distrito e a exploração da caça constitui hoje não uma alternativa à agricultura tradicional mas um importante complemento em termos de rendimento, com a vantagem de contribuir para a preservação dos solos, das espécies, da paisagem e do ambiente, assumindo-se como verdadeiro factor de fixação das populações, contrariando o processo de desertificação humana. Porém, independentemente do recurso às novas actividades, projectos existem que traduzem a clara intenção de proporcionar condições que levem à diversificação de culturas e à criação de novas perspectivas no sector.
Quando se afirma que nada se fez ou faz no Alentejo com vista ao aproveitamento dos recursos hídricos, bom seria que se fosse mais criterioso quanto à recolha de informação. Quero aqui dizer-vos que o meu distrito, para além das muitas centenas de pequenas barragens construídas no âmbito do PEDAP (Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa) contará dentro de dois ou três anos com um conjunto de novas obras que alargarão o regadio a mais 6000 ha.
Refiro-me concretamente às obras já em curso para regularização do leito da ribeira de Longomel, em Ponte de Sor, à construção da barragem da Estação, nas proximidades de Portalegre, a qual será iniciada no próximo ano e regará mais de 300 ha; à construção do açude e canal tributários da barragem da Apartadura, permitindo a rega de mais de 200 ha, e ainda uma outra obra do maior interesse para a economia da região que se situará no concelho de Campo Maior e que é a barragem do Abrilongo. Esta barragem será financiada através do INTERREG, estando neste momento a ser efectuado o projecto e o estudo de impacte ambiental, regando mais de 5000 ha e constituindo, juntamente com a barragem de Los Puentes, em Los Riscos, uma das mais importantes áreas de regadio da zona fronteiriça. Seja-me permitido voltar à barragem da Apartadura, já que, para além de vir a permitir a rega de uma considerável área, ela se destina essencialmente ao abastecimento de água às populações de Portalegre, de Castelo de Vide e de Marvão. Não posso deixar de manifestar a minha grande apreensão e preocupação ao ver que nos encaminhamos novamente para um ano de rigorosa seca e a albufeira não dispõe de estação elevatória de tratamento de águas e, mais do que isso, que essas obras competem às autarquias não possuindo elas condições financeiras para as assumir. Assim, juntamente com a preocupação, deixaria o apelo para que a administração central aceite comparticipar as referidas obras.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, entendi oportuno abordar-vos hoje estas questões que considero fundamentais para o meu distrito, destacando sobretudo a rede viária como factor indispensável para o desenvolvimento e o aproveitamento dos recursos hídricos como motor de uma agricultura nova. Não ficaria, no entanto, de bem com a minha consciência se vos não confessasse que é com muita esperança que encaro o futuro daquela região. Esperança que alicerço na atenção que o Governo lhe vem dispensando e no vivo e crescente interesse revelado pelos agentes económicos que ali se propõem investir.
Ao ter dirigido a minha intervenção de forma especial para o sector da agricultura, não quero desperdiçar a oportunidade de mencionar o quanto me alegra constatar a agressividade que os agricultores da minha terra vêm revelando no sentido de abandonar a ancestral passividade para se atirarem de forma determinada para a mudança.
Sendo um homem ligado ao sector, quero realçar a acção levada a cabo pelos dois agrupamentos de defesa sanitária do distrito de Portalegre que, funcionando de forma séria e empenhada, conduziram a uma total cobertura sanitária. É digno de referência o facto de os leilões de gado que têm lugar em Portalegre contemplarem apenas animais pertencentes a efectivos B3, o que significa o topo da gama em matéria sanitária.
De forma muito especial, salientarei, como mero acto de justiça, o excelente trabalho levado a cabo pela Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre, a qual tem sabido conduzir os agricultores de forma a participarem cada vez mais nos destinos do sector. O trabalho da associação tem-se desdobrado em múltiplas vertentes, indo da divulgação da problemática da nova PAC, substituindo-se aos serviços oficiais com vantagens, até ao desencadear de um conjunto de acções verdadeiramente notáveis no sentido de promover quer novos produtos, quer a qualidade e valorização dos produtos tradicionais. A ela se deve a criação do Agrupamento de Defesa Sanitária de Monforte, uma estreita colaboração com a entidade que zela pela preservação e melhoria do bovino da raça alentejana e a criação da região demarcada do queijo de Nisa, cuja portaria se encontra já para publicação, abrindo novas perspectivas aos produtores de ovinos de 8 dos 15 concelhos do distrito, bem como ao sector de transformação, com profundas tradições na região.
Reveladora do maior dinamismo, a associação empenhou-se agora na sensibilização dos seus associados para que invistam na área de produção e tansformação da carne do porco alentejano, visando a criação de uma região com denominação de produtos seus derivados. Essa sensibilização passará no próximo dia 7 de Fevereiro pela 1.ª festa da matança do porco alentejano, ocorrendo conjuntamente com a 13.ª Matança Didáctica Estremenha, oportunidade aproveitada para a realização de colóquios e celebração de