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1500 I SÉRIE - NÚMERO 41

Constituinte e encenador e actor Rogério Paulo. O voto foi subscrito por Deputados de todos os grupos parlamentares e vai ser lido pelo Sr. Secretário.

O Sr. Secretário (João Salgado): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto de pesar é do seguinte teor:

Faleceu o actor e encenador, Rogério Paulo, antigo deputado do PCP nesta Assembleia.
Primeiro actor e encenador no Teatro Nacional de D. Maria II, sindicalista, militante empenhado nas grandes causas universais da justiça social e da solidariedade, Rogério Paulo foi sempre um cidadão de corpo inteiro, encenador e actor emérito que prestigiou o teatro e o País.
Neste momento do seu falecimento a Assembleia da República manifesta o seu reconhecimento à figura de Rogério Paulo e os sentimentos do maior pesar pelo seu desaparecimento.

O Sr. Presidente: - Para uma breve intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Lino de Carvalho.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Nesta hora, difícil para todos nós e para o meu partido em particular, a morte, por doença grave, do actor e encenador Rogério Paulo, nosso camarada de partido - de que aliás dentro de dias fazia 40 anos de militância - e antigo Deputado do PCP nesta Assembleia é uma perda para o teatro, como figura prestigiada de actor e encenador para a própria democracia portuguesa e para os ideais de justiça. De solidariedade e de paz pelos quais desde sempre, Rogério Paulo se bateu.
Militante na oposição democrática à ditatura derrubada no dia 25 de Abril; militante de grupos de amizade com outros países; dedicado às grandes causas internacionalistas; sindicalistas na defesa dos direitos dos trabalhadores da actividade teatral e, além do mais, actor e encenador que ao longo destes anos marcou o panorama do teatro português, Rogério Paulo era uma figura de cidadão emérito; de homem delicado à cultura, designadamente ao teatro e de homem que prestigiou a democracia e o nosso país.
A nós, PCP, dói-nos o falecimento de Rogério Paulo, mas penso que, para além de nós, doerá particularmente ao teatro português, a quem ele dedicou toda a sua vida.
Foi por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que tomámos a iniciativa de propor este voto de pesar que foi subscrito por Deputados dos diferentes grupos parlamentares e o qual propomos que seja enviado, após votação, à sua família.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Pereira Marques.

O Sr. Fernando Pereira Marques (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O meu grupo parlamentar associa-se a este voto de pesar pelo falecimento do actor e encenador Rogério Paulo, que, além de ser um homem de cultura e de teatro, foi um militante antifascista que tive o prazer de conhecer e com quem convivi durante algum tempo antes do 25 de Abril.
Foi um Deputado desta Casa que viveu intensamente os primeiros dias da democracia e foi também um grande militante do teatro em Portugal, tendo-o dignificado não só no nosso país como também no estrangeiro, onde, aliás, tive oportunidade de vê-lo actuar, porque teve aí uma carreira significativa.
Neste sentido, partilhamos desta perda, que é uma perda de carácter nacional. O meu grupo parlamentar associa-se a este voto de pesar e manifesta aqui os seus pêsames aos familiares do actor Rogério Paulo.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lélis.

O Sr. Carlos Lélis (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Associamo-nos ao voto de pesar apresentado pelo PCP.
Os artistas e os actores não sentem as nossas palavras e a nossa homenagem como o código que melhor sabem interpretar. As palmas são para eles o calor, e não o favor do público, desse público que na lógica da fruição do espectáculo é cada vez mais o parceiro próximo e não o sempre «distante e respeitante público»!
Por vontade expressa do actor Rogério Paulo, o seu corpo repousa hoje, em câmara ardente num palco desta cidade de Lisboa. Por isso, se alguém por lá passar e sentir comovida vontade de bater-lhe palmas pode Ter a consciência de não quebrar nenhuma regra da vida ou da morte mas, sim de que essas palmas, nesse caso, cumprirão o ritual que os actores mais sabem apreciar e agradecer.

Aplausos gerais.

Sr. Presidente: - Também para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (Indep.): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Morreu Rogério Paulo, um homem do teatro, um vulto da cultura e um intelectual que nunca deixou de ser um firme lutador pela implantação da democracia em Portugal, pelas liberdades cívicas e culturais devidas aos nosso povo, povo que ele tão bem conhecia e amava, acompanhando-o com a expressão do seu talento como actor, como declamador, como cidadão solidário.
Sempre na primeira linha da luta contra o regime fascista e opressor, contra obseuros tiranetes que desrespeitavam os mais lídimos direitos da população, Rogério Paulo foi coerente até ao fim da sua vida e um intransigente defensor dos valores humanos e culturais, hoje tão desprezados por aqueles que sobrepõem a esses valores interesses mesquinhos do monetarismo, dos cifrões, do espectáculo falso de propaganda política balofa.
Numa demonstração de profundo respeito pelos povos que lutaram, com sacrifício, pela liberdade e pelos ideais democráticos, Rogério Paulo viveu durante alguns anos em Cuba, onde trabalhou e leccionou, sempre ligado à grande paixão da sua vida; o teatro. Da sua participação desinteressada em Cuba e do respeito que granjeou, fica-nos um belo poema que o grande poeta Nicolás Guillén lhe dedicou.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Com o desaparecimento de Rogério Paulo, não desapareceu apenas um grande amigo e um companheiro de grande firmeza cívica, desapareceu um expoente da nossa cultura.
Estamos todos de luto; é uma perda para a cultura portuguesa, para a nossa democracia, para todo o País.

(O Orador reviu)