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30 DE ABRIL DE 1993 2057

hoje em dia-, basta considerar um elemento realista básico? Faço esta pergunta porque há mais pessoas que fazem tapetes de Arraiolos de enorme qualidade fora de Arraiolos do que em Arraiolos. Se V. Ex.ª quiser provocar um desemprego considerável, basta considerar um elemento realista básico: é que, hoje em dia, trabalham mais em tapetes de Arraiolos, de enormíssima qualidade, fora de Arraiolos do que lá.
Portanto, se quiser provocar um desemprego considerável, basta realmente recusar a certificação dos tapetes, que têm todos os requisitos, à excepção do regional.
Sr.ª Deputada, apesar de simpatizar com a ideia da Associação de Produtores de Tapetes de Arraiolos do Concelho de Arraiolos, gostaria de saber se essa associação está aberta à ideia de alargar o seu âmbito regional ou se insiste em permanecer pura e simplesmente como associação de âmbito concelhio.

O Sr. Presidente (Ferraz de Abreu): - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria José Barbosa Correia.

A Sr.ª Maria José Barbosa Correia (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Capoulas Santos, começo por V. Ex.ª, visto ter sido o primeiro a colocar-me uma série de questões que, aliás, não me surpreenderam.
O Sr. Deputado disse-me que não vai aqui adoptar os procedimentos do PSD e do PCP. Repare numa coisa: no âmbito da Câmara Municipal de Arraiolos, o PSD teve sempre a maior abertura e nós tivemos sempre a maior boa vontade. As propostas que apresentámos eram para serem discutidas abertamente entre a minoria e a maioria, só que a maioria torpedeou a minoria da altura e não houve possibilidade de encontro e de coesão nas nossas decisões. Logo, foi não só por isto mas também porque era urgente resolver o assunto e porque os empresários pressionavam nesse sentido os poderes instituídos localmente que se iniciou um trabalho local com os directamente interessados, ou seja, com os empresários. Aliás, esta ideia saiu da orientação dada, inicialmente, nas reuniões camarárias.
A partir daí, as coisas modificaram-se completamente, só que alguém, que ficou por fora de todo este processo, pelo que deixou de acompanhá-lo, aparece-nos com um projecto de lei desfasado e ultrapassado, visto propor algo que já está feito, porque a marca de origem já está registada e a ser aplicada há mais de um ano...

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Não está nada! Não seja mentirosa!

A Oradora: - Sr. Deputado Lino de Carvalho, conheço essas técnicas de intimidação, pelo que não vale a pena chamar-me de mentirosa, porque não o ofendi. Desde 1976 que sou intimidada no Alentejo e não venha agora, em 1993, o senhor intimidar-me na Assembleia da República, porque não o consegue!

Aplausos do PSD.

Continuando, foram aqui feitas afirmações que não correspondem à realidade e que tenho de corrigir.
O Sr. Deputado perguntou-me se, face à situação de crise que atravessamos, não seria bom salvaguardamos os valores alentejanos, alargando nesse aspecto o contexto de intervenção do tal instituto, se vier a ser aprovado. Sr. Deputado, eu sou uma defensora acérrima de todos os bens artesanais produzidos no Alentejo e penso ter deixado isso bem demonstrado na intervenção que produzi da tribuna.
No entanto, embora possa ser acusada de bairrismo, quero dizer-lhe que, a meu ver, cada bem, cada produto artesanal pertence à região onde é produzido. O Sr. Deputado falou nos queijos de Serpa e eu falo nos bordados de Niza, que estão reconhecidos. São de Niza, Sr. Deputado, não podem ter imitações!
Os tapetes de Portalegre, que referiu, já estão autenticados, pelo que também não pode haver imitação noutras zonas do País. E lembro uma coisa que todos conhecem, com certeza: o queijo da Serra, que é fabricado na serra da Estrela. Embora se possa fabricar muito queijo tipo Serra, o queijo da Serra só se fabrica na serra da Estrela. Ora, do mesmo modo, os tapetes de Arraiolos só se fabricam em Arraiolos; os outros são tapetes tipo Arraiolos. É esta a verdade e a posição que defendo.
Sr. Deputado Lino de Carvalho, gostaria ainda de dizer-lhe que as referências que fiz na minha intervenção pertencem a documentos autênticos, a actas - e tenho-os aqui todos -, pelo que posso comprovar tudo o que disse.
O Sr. Deputado referiu também que a associação não estava a funcionar. Mas está.

O Sr. Presidente (Ferraz de Abreu): - Sr.ª Deputada Maria José Barbosa Correia, peco-lhe que termine, pois já ultrapassou o tempo regimental.

A Oradora: - Sr. Presidente, peço a benevolência de V. Ex.ª, porque ainda não intervim muitas vezes.
Sr. Deputado Lino de Carvalho, a Associação de Produtores de Tapetes de Arraiolos do Concelho de Arraiolos está em funcionamento. Simplesmente, a direcção da associação está, neste momento, substituída por uma comissão de intervenção, estando marcadas novas eleições para o dia 21 de Maio, porque o seu presidente teve de se afastar por razões profissionais, já que se encontra no Algarve e não pode estar em Arraiolos. É esta a única razão por que a direcção está a ser assegurada por outros elementos da direcção.
O Sr. Deputado Lino de Carvalho disse-me que tinha recebido, de pessoas de Arraiolos, muitos fax a manifestarem-lhe a sua concordância. Porém, devo dizer-lhe que também aqui tenho uma colecção de fax, enviados por pessoas de Arraiolos, a manifestarem-me a sua concordância. É engraçado, Sr. Deputado, como as coisas são!... Quer dizer, no meio de tudo isto, recebemos os dois fax de arraiolenses!...
Só mais uma coisa, Sr. Deputado Lino de Carvalho: os habitantes e as empresas de Arraiolos não desconhecem as iniciativas, porque trabalharam directamente com o NERE e comigo; hoje, sou Deputada mas na altura não era. Não desconhecem, pois foi ali que, serão a serão, noite a noite, dia a dia, hora a hora, com trabalho moroso, deu os seus frutos.
Sr. Deputado Nogueira de Brito, quanto à possibilidade de a Associação de Produtores de Tapetes de Arraiolos do Concelho de Arraiolos poder ou não ser alargada,