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17 DE JUNHO DE 1993 2651

De facto, aquela zona tem sido beneficiada de uma forma espectacular em termos de saúde, pelo que me custa ouvir V. Ex.ª dizer aqui que o Hospital de -Vila Nova de Gaia se parece com um hospital do Terceiro Mundo. Os profissionais que trabalham no hospital não gostarão nada - e o Sr. Deputado também é de Vila Nova de Gaia - de conhecer o conteúdo da sua intervenção.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando de Sousa.

O Sr. Fernando de Sousa (PS): - Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Joaquim Vilela Araújo, não ataquei os profissionais que trabalham no Hospital de Vila Nova de Gaia. A minha intervenção foi de defesa desses profissionais, que são quem acusa as deficiências que referi.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Um ou dois, Sr. Deputado!

O Orador: - A intervenção que fiz baseou-se, fundamentalmente, num estudo cuidado e exaustivo que fiz sobre as condições de funcionamento dos equipamentos e das instalações do Hospital, tendo ouvido grande parte dos profissionais que aí trabalham.

As soluções apontadas são aquelas que o próprio Governo indicou há muitos anos, só que até ao momento ainda não demonstrou vontade política para resolver os diversos problemas. É o caso, por exemplo, das unidades separadas, a Unidade l e a Unidade 2, a uma distância de cerca de 3 km, levantando-se o problema do transporte dos doentes e da inexistência de uma cobertura médica das urgências na Unidade l, porque a urgência só funciona na Unidade 2, e todas as questões que daí decorrem.

Referi - e com isto também respondo ao Sr. Deputado Fernando Andrade - que o laboratório de hemodinâmica é excelente e que o bloco de cirurgia vascular é bom. Mas não é isso que está em causa, Sr. Deputado, são as condições de funcionamento desse bloco e o investimento que foi feito nessa área quando há deficiências graves em áreas muito mais prioritárias.
Se quer saber, a verdade é que o número de intervenções feitas nesse excelente bloco operatório é da ordem das quatro dezenas/ano. Se tomar em consideração este número e quiser averiguar o que se passa, verificará que é um cirurgião de um hospital do Porto que aí vai operar, uma vez que os resultados do Hospital de Vila Nova de Gaia até 1991 foram de tal modo negativos (para não dizer mortais, porque a maior parte ,dos operados em cirurgia vascular morreu)...

Vozes do PSD: - Isso não é verdade!

O Orador: - É verdade! Inquiram, façam um inquérito e também chegarão a essa conclusão.

Por essa razão, o cirurgião ou os cirurgiões de Gaia que operavam deixaram de o fazer e passou a ser um operador de um hospital do Porto a efectuar esse trabalho.

Vozes do PSD: - Isso não é verdade!

O Orador: - É a verdade absoluta!

Quanto aos doentes, os hospitais do Porto tem pouco impacte na libertação dos serviços do Hospital de Vila Nova de Gaia, porque este hospital serve não só as 250 000 pessoas do próprio concelho como também as populações que estão a sul do Douro, nomeadamente as de Vila da Feira. Portanto, do ponto de vista médico, os hospitais do Porto não cobrem a mesma população que o Hospital de Vila Nova de Gaia.
Não há aqui nenhuma suspeição, Sr. Deputado Fernando Andrade. É verdade e, quando V. Ex.ª quiser, terei todo o gosto em voltar a visitar consigo este hospital para poder verificar que aquilo que refiro é verdade.

Vozes do PSD: - Não é!

O Orador: - Quanto ao «hospital do Terceiro Mundo», Sr. Deputado, a caracterização e a designação não é minha mas, sim, do próprio director do Hospital. Numa visita recente que aí fizemos, ele acabou por dizer-nos que o Hospital de Vila Nova de Gaia era um hospital do Terceiro Mundo.

Vozes do PS: -Muito bem!

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Ao abrigo do artigo 72.º, n.º 3, do Regimento, para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O PSD impediu, em sede de Comissão, a concretização de meu direito anual de agendamento, nos termos do artigo 62.º, n.º 8, do Regimento.
Usou, uma vez mais, o argumento esmagador da absolutização discricionária da sua maioria, contra a opinião dos outros partidos e contra aquilo que o bom senso parlamentar aconselharia.
O direito de agendamento por mim solicitado traduzir-se-ia, se a Comissão tivesse concordado, na discussão, em Plenário, de um projecto de resolução «sobre um plano de emergência e combate à crise económica», que preconiza medidas concretas para a melhoria das condições sociais dos desempregados.
De uma penada, o PSD desmente a realidade que está lá fora, criando a ficção do explendor cavaquista, e denega um direito que, na discussão da reforma do Parlamento, foi apresentado como importante passo na criação de adequadas condições de intervenção aos Deputados independentes, com evidente reforço da manifestação plural das plurais opiniões.
Esta «tentação da mentira» tomou-se um atributo do exercício de poder pelo PSD.