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2134 I SÉRIE - NÚMERO 65

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Deputado Álvaro Barreto, devo dizer-lhe, com a estima sincera que tenho por si, que me custa vê-lo a fazer este papel, ...

Vozes do PSD: - Que pena!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - ... que é o de tentar agradar a todo o preço e em circunstâncias difíceis a um líder perante o qual caiu em desgraça!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E só isso pode explicar que se tenha prestado ao serviço que aqui veio fazer.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Começou por dizer que não havia grandes diferenças entre a minha intervenção de hoje, a de há dois anos e a de há um ano. É dramaticamente verdade! É dramaticamente verdade para si, para a sua bancada e para o Governo que as previsões que fizemos há dois anos e aquilo que dissemos há um ano, tenha tudo correspondido à verdade, enquanto que aquilo que o Governo disse há dois, redisse há um ano e tresdisse hoje nunca tenha tido qualquer correspondência com a verdade. É dramático para vós!

Aplausos do PS.

Aliás, a vossa atitude neste debate é a atitude de quem há dois anos foi ao banco pedir um empréstimo, dois anos depois chega ao mesmo banco quando expirou o prazo e, em vez de pagar o empréstimo porque deitou fora o dinheiro, vem dizer "aquele empréstimo não valia, vamos começar tudo de novo!"
Foi o que aqui veio fazer o Sr. Ministro, das Finanças!
"O que lá vai, lá vai, andámos para aqui um bocado distraídos, agora começa tudo de novo e é outra vez o oásis"!
Foi isso o que o Sr. Ministro aqui veio trazer.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - É um pouco como a D. Branca!

Risos.

O Orador: - E o que hoje o Sr. Ministro aqui veio dizer é o contrário daquilo que seria de esperar que dissesse depois do que aqui foi dito há dois anos e depois do que foi dito há um ano.
Ou seja, em Novembro de 1993 ainda o Governo se gabava do não aumento do défice público. O Sr. Ministro teve hoje de vir aqui reconhecer que tinha havido um grande aumento, mas não tem importância porque já acabou, já se resolveu. Por acaso os funcionários públicos até nem foram aumentados, o que não deve ter dado pequena ajuda à redução do défice público!
E esta é que é uma questão decisiva...

O Sr. Rui Carp (PSD): - De quanto foi o aumento em França e em Espanha!?

O Orador: - Olhe, sobre a Espanha e sobre a França, quero dizer-lhe o seguinte: conheço muitos portugueses que, neste momento - repito, neste momento -, estão a partir para trabalhar nesses países.

O Sr. Rui Carp (PSD): - Na função pública?!

O Orador: - Não conheço nenhum francês nem nenhum espanhol que venha, neste momento, trabalhar para Portugal!

Aplausos do PS.

Por alguma razão será!

Protestos do PSD.

Agora, esta interpelação no discurso do Governo e no seu tem três questões decisivas.
A primeira é sempre a recorrência ao passado. Foi dito aqui que os cinco anos de 1980/85 foram maus economicamente. E verdade! Eles tiveram politicamente um dado comum: foram anos em que o PSD esteve sempre no poder!

O Sr. António José Seguro (PS): - É verdade!

O Orador: - Foi dito aqui que o PS tinha saudades das crises da balança de pagamentos. Não temos! Porque as crises da balança de pagamentos em Portugal foram causadas pelo gonçalvismo de esquerda em 1974/5 e pelo gonçalvismo de direita em 1980/83 e das duas vezes tiveram de ser superadas com políticas realistas de governos liderados pelo PS, num dos quais o Sr. Deputado Álvaro Barreto participou e que eu saiba de uma forma positiva!

Aplausos do PS.

Devo dizer que...

O Sr. Álvaro Barreto (PSD): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Não dou licença, agora!
Como dizia, o conjunto de intervenções de altos dirigentes do PSD sobre a história económica passada é um conjunto de intervenções que alia duas coisas: alguma aparente vergonha por ter havido o 25 de Abril e pelos seus efeitos...

Vozes do PS: - Exactamente!

Protestos do PSD.

O Orador: - E, em segundo lugar, uma tentativa de afirmar que tudo foi recuperado por esse período magnífico que foi aquele em que o actual Primeiro-Ministro chegou ao poder.
Ora, o índice que gostam mais de usar é a comparação entre o crescimento português e o crescimento médio europeu - o Sr. Ministro das Finanças fê-lo, o que, penso, também merece resposta.
Quando o PS chegou ao Governo em 1976 e abandonou em 1985, se analisarmos os anos de 1976 e 1985, apesar do período em que o PSD esteve no poder sem nós, verificamos que Portugal cresceu em média relativamente à média europeia mais 0,66 % por ano. De 1985 a 1993 - vamos contar 1993, Sr. Ministro, se não se importa, embora perceba que não o queira pôr nas