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26 DE JANEIRO DE 1995 1251

diminuir o período de incerteza", assim como a posição do Professor Jacinto Nunes que não hesitou em dizer que a degradação da actividade económica "poderá ser evitada com a dissolução da Assembleia da República, já que o clima de incerteza não é positivo para a tomada de decisões económicas, pois os empresários vão retrair-se e vão adiar as suas decisões de investimento".
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Esperamos que o PSD resolva as suas dificuldades internas e possa incorporar novas ideias e posturas no seu programa e na sua prática.
Esperamos que, por exemplo, em matéria de transparência da situação política, possam vir a aproximar-se das posições que o PS sempre defendeu. Mas, sejam quais forem as mudanças de pessoas e posição, não se esqueçam que nas próximas eleições, para além do debate sobre o futuro, há um balanço destes anos que terá de ser feito: um balanço destes quatro anos e das responsabilidades do PSD no agravamento da situação económica e social de Portugal.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Ferro Rodrigues, gostaria de chamar a atenção para dois ou três pontos.
Em primeiro lugar, lembro quanto é absurdo da vossa parte acusar o Professor Cavaco Silva de não se candidatar, uma vez mais, à liderança do PSD e, eventualmente, ao cargo de Primeiro-Ministro de Portugal, que é um direito de todo o cidadão - aliás, ele nunca prometeu candidatar-se eternamente!...

O Sr. Miranda Calha (PS): - Era uma obrigação!

O Orador: - Assim, a vossa crítica é absurda, para não dizer caricata, quando é certo que os senhores, ao longo destes anos, têm criticado o Professor Cavaco Silva dizendo que ele é um homem com apetência pelo poder absoluto.
Os senhores socialistas estão, na verdade, influenciados pelo paradigma do salazarismo e do reviralho correspondente, que viam na política ou os malefícios absoluto" ou as incapacidades absolutas, e os senhores esperavam ver no Professor Cavaco Silva aquilo que era a vossa imagem, mas que não corresponde, de facto, à sua natureza profunda. Daí a vossa surpresa, uma vez mais.

O Sr. Miranda Calha (PS): - Chama-se a isso "cavar"!

O Orador: - Os senhores, ao julgarem os outros por vós, surpreendem-se a vós mesmos, porque os outros não são como os senhores julgam!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Por isso, o Professor Cavaco Silva surpreendeu-vos precisamente porque os senhores julgavam-no um homem com apetência absoluta pelo poder e ele não era assim! Surpreendeu-vos!...

O Sr. Miranda Calha (PS): - Julgávamos é que era mais forte!

O Orador: - Os senhores colocam-se numa posição caricata ao virem lembrar quanto caricata e injusta era a crítica que dirigiam ao Professor Cavaco Silva. Ele nunca prometeu candidatar-se eternamente - aliás, seria despropositado que se considerasse que ele tinha obrigação de o fazer, porque isso era, repito, o apelo ao paradigma do poder absoluto ou da incapacidade absoluta de alternância, que é um fantasma que os senhores ainda hoje têm e que veio do anterior regime.

Protestos do PS.

Segundo ponto, Srs. Deputados socialistas: os senhores já nos tinham "pintado" várias vezes esse "quadro negro" da Nação, pelo que vos pergunto por que razão é que hoje vêm reproduzir esse "quadro negro".
Todos nós sabemos que é essa a vossa visão, mas pergunto-vos: por que é que o lembram hoje?

O Sr. Artur Penedos (PS): - Para os senhores não se esquecerem!

O Orador: - Para dizerem que a Bolsa treme?... Que a economia está em suspenso?... Mas como, se os senhores vão ganhar as próximas eleições?!...

O Sr. Joaquim Silva Pinto (PS): - Mas ainda não ganhámos!

O Orador: - Então, a economia está suspensa com medo de quê? De que os senhores ganhem as eleições? Sem dúvida que isso é de meter medo!

Aplausos do PSD. Protestos do PS.

Aí estou de acordo convosco. É de meter medo!... E eu compreendo bem a Bolsa e as atribulações da economia. A perspectiva de os senhores ganharem as eleições faz tremer o mais optimista...!
Se isso acontecesse no nosso país, infelizmente, teríamos até ao fim do ano, inevitavelmente, porque os senhores são executores coerentes, várias coisas: o levantamento das portagens, a começar pela de Alverca; a subsidiação de todas as empresas falidas, porque espíritos nobres e corações abertos como os dos senhores não deixariam de fazer as despesas correspondentes; a criação de cinco, seis, sete, oito, nove ou 10 regiões administrativas... Mas, se calhar, Srs. Deputados, teríamos também a completa desregulação da economia portuguesa e, se calhar, a curto prazo, estaríamos numa posição "grega", isto é, de descrédito total junto dos nossos parceiros europeus e sem um tostão para continuar a obra grandiosa da construção das infra-estruturas necessárias para a economia e para a modernização de Portugal.

Vozes do PSD: - Muito bem! Protestos do PS.

Srs. Deputados socialistas, só uma última nota...

O Sr. Jaime Gama (PS): - Acabemos a comédia!...

O Orador: - Sr. Deputado Jaime Gama, ontem, a sua prestação na televisão foi, de facto, um indicador bem evidente do que aí vem, se por acaso os senhores pudessem ter maioria absoluta!
Srs. Deputados socialistas, só queria lembrar um terceiro ponto: a moção de censura é amanhã! E os senhores, ao