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1252 I SÉRIE - NÚMERO 35

virem hoje aqui com esse discurso, sabem o que é que me lembram? O agulheiro distraído que, a correr, vai tentar mudar o comboio em Campanhã para ele não chegar ao seu destino!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Ferro Rodrigues.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Silva Marques, compreendo o nervosismo de V. Ex.ª!

Risos do PS.

Aliás, um nervosismo tão grande que o levou a imaginar uma intervenção que não fiz, porque se fanou de atacar pontos que não referi. Porém, como não pretendo abusar da situação, nem do seu nervosismo, vou responder-lhe muito rapidamente.
Primeira questão: é nossa convicção - e é legítimo que, politicamente, a possamos ter - que se o Primeiro-Ministro tivesse a possibilidade de repetir a maioria absoluta não "abandonaria o barco", não se iria embora deixando o PSD em tão grandes dificuldades! Portanto, é nossa convicção de que o Primeiro-Ministro se vai embora porque sabe que não tem qualquer hipótese de ter maioria absoluta. Ao contrário do que o Sr. Deputado Silva Marques diz, esta é a demonstração mais óbvia de que o Sr. Primeiro-Ministro só sabe governar com o poder absoluto porque, sabendo que vai perder a maioria absoluta, declara desde já o seu abandono. Assim, a primeira questão que coloca vira-se contra si porque o Primeiro-Ministro sabe que vai perder e que não tem possibilidade de controlar o poder- por isso, vai-se embora. Aliás, estou convencido de que não terá nem maioria absoluta nem maioria relativa, ou seja, não terá maioria!

Aplausos do PS.

Segunda questão: por que é que nós reproduzimos a análise que fazemos sobre a situação económica? Por um motivo muito simples, Sr. Deputado: é que, mesmo num momento tão grave e tão dramático como foi aquele em que o Sr. Primeiro-Ministro fez a declaração ao País, ele não hesitou em faltar à verdade no que respeita à análise que fez sobre a situação real da economia portuguesa!

Aplausos do PS.

O Orador: - Por exemplo, ele disse que a retoma era inquestionável quando, como sabe, a retoma é hoje questionada por empresários e por economistas em todo o País, independentemente das suas posições políticas. O Primeiro-Ministro disse que o desemprego estava controlado...

Vozes do PS: - É mentira! Aumenta!

O Orador: - ... e que o défice público também, quando isso não é verdade! Isso é totalmente falso! Por consequência, é por o Primeiro-Ministro não ter hesitado em fazer uma análise incorrecta da situação que hoje tivemos de repor a verdade dos factos.
Quanto à questão de a moção de censura estar agendada para amanhã e de haver, por parte do PS, esta vontade de antecipar o debate, vejo que o Sr. Deputado Silva Marques compreendeu que, para o PS, a situação é demasiadamente grave para estar sujeita apenas a marcações da agenda deste Plenário e agradeço o seu contributo para o debate político desta mesma questão.

Aplausos do PS.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para defesa da consideração.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, de facto, tenho dificuldade em suportar o termo "mentira" - parece-me excessivamente forte! Não o utilizo e contesto, em nome da liberdade de expressão, que outros o utilizem. O Sr. Deputado Ferro Rodrigues utilizou-o e isso leva-me a perguntar-lhe o que é que é mentira.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Quem é que o utilizou? Eu não fui!

O Orador: - Sr. Deputado, peço imensa desculpa, mas utilizou o termo. Sei que não foi com intenção ofensiva, não estou a dizer que não tenha elevação cívica. Estou apenas a discutir a terminologia. Não estou a questionar a sua personalidade, porque não o merece, mas estou a questionar a terminologia - mais nada. V. Ex.ª utilizou o termo, possivelmente por lapso!

O Sr. Ferraz de Abrem (PS): - O que ele disse foi que o Primeiro-Ministro faltou à verdade!

O Sr. Joaquim Silva Pinto (PS): - Se prefere, podemos dizer que ele cometeu uma inverdade!

O Sr. Artur Peneda (PS): - Diga como quiser, mas que ele mentiu, mentiu!

O Orador: - Srs. Deputados socialistas, é evidente que isso dói! A vós não dói? Meu Deus!
Sr. Deputado Ferro Rodrigues, V. Ex.ª diz que é mentira o quadro optimista que o Primeiro-Ministro descreveu, porque considera que é verdade o quadro negro e negativo que descreveu. São duas teses! Não sou eu que vou dizer que o seu quadro negro é mentira, mas vou dizer-lhe que esse seu quadro não corresponde à realidade mas, sim, o quadro - que não é optimista, a meu ver, mas realista - traçado pelo Sr. Primeiro-Ministro. Contudo, não quero insistir porque é difícil provar matematicamente que o quadro autêntico é o seu e não o do Primeiro-Ministro ou vice-versa. Por isso, vou antes perguntar-lhe o que é que será mentira ou falso. E a minha pergunta é esta: se o Partido Socialista for governo, levanta a portagem de Alverca? Mentira?

Protestos do PS.

Srs. Deputados, eu estou a facilitar-vos a vida! Não se ponham debaixo da mesa, não se escondam debaixo da carteira! Ponham a cabeça de fora e respondam-me, Srs. Deputados! Daqui a seis meses, o PS é governo!

O Sr. Artur Penedos (PS): - Mas qual é a defesa da consideração?

O Orador - É a tentativa de responderem a questões que não são colocadas no plano de quem mente ou de quem fala verdade! É quem tem uma política ou não tem ou quem a assume ou não assume!
Sr. Deputado Ferro Rodrigues, partindo do princípio de que não se quer fazer substituir no difícil transe dos só-