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1000 I SÉRIE - NÚMERO 26

dar respostas e a apresentar soluções no mandato que iniciará após a sua reeleição. Lisboa estará ainda melhor no final do século XX.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Permitam-me que retome o tema inicial. É perante a tragédia e as grandes dificuldades que se revela o carácter das pessoas. A solidariedade que o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e a sua equipa de vereadores, de todos os partidos, receberam foi de uma enorme importância e constituiu um estímulo extraordinário para a forte determinação em recuperar rapidamente o edifício onde, pela primeira vez, foi hasteada a bandeira da República.
Todos os partidos políticos, o ex-presidente da Câmara, o líder do principal partido da oposição e outros líderes partidários, o candidato anunciado pelo PSD à Câmara Municipal de Lisboa, todos testemunharam ao Presidente da edilidade e à sua equipa o seu apoio. Os trabalhadores da Câmara Municipal de Lisboa deram um exemplo comovente na forma como reagiram durante o incêndio, partindo para o meio dos escombros e, com algum risco até, ajudaram a salvar muitos documentos históricos, arquivos e processos. Governo, empresas, instituições, clubes e diversas entidades manifestaram o seu apoio e solidariedade à reconstrução. Enfim, todos quiseram demonstrar que se tratava de uma causa comum e não de uma questão partidária.
Apenas uma voz destoou! A do líder da distrital de Lisboa e ex-Vice-Presidente do PSD, Dr. Pacheco Pereira, que viu "fantasmas no meio das chamas" e logo tratou de acusar o Presidente da Câmara, João Soares, de aproveitamento político da situação. É de pasmar! Não só conseguiu indignar os vereadores do seu próprio partido na Câmara Municipal de Lisboa como conseguiu indignar o País inteiro. Reconheço que é obra!
Pela parte que me toca, enquanto socialista, obrigado pela ajuda.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Gama, que vai beneficiar de mais 5 minutos concedidos pelo Grupo Parlamentar do Partido Socialista.

O Sr. José Gama (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É com a legitimidade que me vem de ter sido emigrante, filho de emigrantes, irmão de emigrantes, legitimidade acrescida com o facto de os defender na Comissão de Revisão Constitucional, depois de os ter representado durante 8 anos nesta Assembleia, é com toda esta legitimidade, que eu subo à tribuna.
Deles se diz que são os embaixadores da língua, da cultura, das tradições portuguesas. Deles se escreve, até, que são embaixadores a quem o Estado não paga vencimentos nem instala em embaixadas.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Partiram, quase sempre, sem vontade de partir. No cais da partida o pensamento foi, tantas vezes, o do bilhete de regresso. Só que os sonhos, a necessidade de abalar, valeram mais do que os apelos de tudo aquilo que o tinham feito homem até aí: a família, a terra, a escola, os amigos.
Lá fora, resistindo ao chamamento da terra, fez vingar a sua vontade de vencer. Andou em fábricas, oficinas, restaurantes. Abriu empresas. Levou a língua portuguesa a programas de rádio e televisão. Fundou jornais. Construiu, com machados de determinação, escolas, igrejas, associações. Chegou a ,Congressos e Senados. A árvore genealógica de várias e prestigiadas instituições fala português: academias e gabinetes de leitura, colégios e beneficências.
As suas remessas refrescaram, anos a fio, a tantas vezes aflita balança de pagamentos. E a sua presença tornou-se notada no casario novo da aldeia mais distante. O poder político tem o hábito de lhe reservar palavras sentidas no 10 de Junho, nas mensagens de Natal e Ano Novo. E faz circular, vezes sem conta, o Secretário de Estado que olha por eles pelos quatro cantos do mundo. Tem sempre palavras para deixar e promessas para cumprir. Os orçamentos não dão, infelizmente, para muito mais. Verdade seja dita que no domínio do ensino, do apoio à comunicação social, dos serviços consulares já muito se tem feito. Honra seja feita aos Governos do Sr. Prof. Cavaco Silva.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Aproxima-se o cair, do pano da revisão constitucional. Os mesmos de sempre persistem, teimosamente, em riscar o nome dos emigrantes das eleições presidenciais. Têm medo do seu voto.
Sou de um partido fortemente solidário com os emigrantes. Pertenço ao grupo daqueles que não os sabem trair. O PSD e os emigrantes são bons amigos de longa data. Vejam os resultados eleitorais e tirem ilações pensadas e serenas.
Não tenham medo, comunistas e socialistas, do voto dos emigrantes.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Mudem os argumentos, tragam outros, para justificarem os vossos receios.

Aplausos do PSD.

Salazar não os deixava votar porque entendia que sabiam de mais. Comunistas e socialistas, em seu peregrino entender, não os deixam votar porque dizem que sabem de menos.

Aplausos do PSD.

Deixem-se de dizer que os emigrantes não conhecem os candidatos presidenciais e que estes não podem fazer campanha eleitoral em vários países.
Numa altura em que os jornais chegam a todo o lado; numa altura em que a rádio e a televisão chegam, num relâmpago, a todo o lado; numa altura em que os jornais locais, de cabeçalho português, circulam em todo o lado; numa altura em que o retrato e o curriculum dos candidatos presidenciais já não viajam em porões de navios lentos para chegarem, num ápice, de avião ao seu destino; numa altura em que já não há apartheids, nem cortinas de ferro, a tolherem o passo às palavras, quando tudo isto é assim, socialistas e comunistas, de mãos dadas, na era da Internes, andam ao ritmo das locomotivas a carvão.

Aplausos do PSD.