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21 DE NOVEMBRO DE 1997 609

O Sr. Augusto Boucinha (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado, a primeira conclusão que tiro é a de que, dado o empenhamento geral destas bancadas, me parece que o problema vai ser resolvido!

Risos do CDS-PP.

Em segundo lugar, devo dizer-lhe que, dentro das prerrogativas desta Assembleia, denunciar situações de injustiça e tentar resolvê-las é uma das suas funções. Por isso é que as pessoas me procuraram, tendo entendido que era da mais elementar justiça pugnar por esta situação e por isso aqui estou a denunciá-la.
15to faz parte do nosso trabalho! Não somos eleitos apenas para estarmos aqui sentados; é para fazermos trabalho de campo, andarmos a ver as injustiças, consultar as pessoas. ver quem está contente e quem está descontente! Por isso, está dentro das nossas funções a denúncia destas situações.

A Sr.ª Maria José Nogueira Pinto (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - Além do mais, devo dizer que toda a minha intervenção foi baseada em documentos que comprometem e justificam a tomada de posição dos reformados da EDP. Nada foi falso. tudo isto tem fundamento. Para terminar. direi que os reformados da EDP? diligenciaram, nas mais diversas formas. inclusive recorreram aos tribunais, para fazerem valer os seus direitos. Por isso, digo-lhe: se está interessado, ajude a resolver o problema dos reformados da EDP.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Teixeira Dias.

O Sr. Teixeira Dias (PS): - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados, uma passagem pelo real da tragédia: por motivo das funções de Deputado, seria legítimo tentar uma visita, quase de imediato, à Ribeira Quente, uma vez que estava na Região dos Açores. No entanto, de acordo com o meu colega de bancada pelos Açores, Deputado Medeiros Ferreira, resolvemos esperar uns dias e fazer a visita de modo discreto e em conjunto. No Sábado, dia 8, estivemos no lugar da tragédia.
Não vamos aqui falar dos mares de lama que encontrámos na estrada ou nas ruas da Ribeira Quente, nem tão pouco dos carros irreconhecíveis, nem dos destroços ainda patentes por todo o lado. Queremos realçar aspectos singularmente humanos e profundamente gratificantes com que nos foi dado deparar.
A vigilância de acesso era firme mas delicada: os agentes destacados sabiam o que estavam a fazer. Na Ribeira Quente, fizemos o percurso até à igreja: encontrámos um par de noivos, tirando fotografias; soubemos que a data de 1 de Novembro fora, naturalmente, alterada, bem como a quantidade de acompanhantes - era o primeiro sinal inequívoco de querer continuar a vida. Da igreja passámos à casa dos escuteiros: o que vimos foi um segundo e mais significativo sinal - um grupo de jovens, firmemente decididos, perfeitamente organizados, conscientemente responsáveis do que havia a fazer, fazendo-o. Afinal muita juventude de hoje é, como a juventude de todos os tempos, generosa, firme e decidida, muito longe de uma imagem negra com que querem, por vezes, caracterizá-la. A palavra «generosidade» estava traduzida na enorme quantidade de alimentos, roupas, produtos de higiene e brinquedos que, dia após dia, chegaram à sede de escuteiros em Ponta Delgada e dali encaminhados para a Ribeira Quente. A distribuição diária e criteriosa é toda obra dos grupos dos escuteiros da Ribeira Quente, ajudados pelos de Ponta Delgada.
Mas o mais importante para nós era a confirmação ou não de boatos postos a correr em que se afirmava que os helicópteros chegaram tarde, que a corveta da Marinha não tinha dado o apoio esperado, etc., etc. As informações da população foram categóricas: os helicópteros vieram no momento em que o improvisado heliporto esteve disponível; a corveta, arredados os inúmeros troncos arrastados para o mar, entrou em acção. Repare-se só que a Ribeira Quente deve ser um dos poucos povoados, senão o único, de São Miguei que não tem um campo de futebol, que seria o lugar indicado para os helicópteros. O Presidente da Câmara da Povoação, como autoridade máxima da Protecção Civil, lá estava no seu posto, como aliás vinha fazendo desde a primeira hora em que as condições lhe haviam permitido chegar até ao local.
Na conversa havida entre nós e o Sr. Presidente e vários residentes que se encontravam presentes, foi-nos dado sentir a compreensão, dadas as circunstâncias, pelo apoio eficaz e inequívoco, quer das autoridades regionais, nas pessoas do Presidente do Governo Regional e dos Secretários do mesmo. quer das autoridades nacionais, com especial relevo para a prontidão da visita do Sr. Ministro e Secretário de Estado da Administração Interna. Um reconhecimento muito especial era reservado ao Sr. Presidente da República pelo empenho demonstrado em procurar aliviar, com a sua presença, o sofrimento das populações. A visita mais recente do Sr. Primeiro Ministro reiterou, iniludivelmente, o apoio do Governo ao povo da Ribeira Quente.
A passagem pelas ruas do pequeno povoado mostrou a azáfama posta na limpeza de canadas, das ruas, das casas de habitação. A ponte, grandemente danificada pelas intempéries, estava a ser substituída por uma provisória que permite já a passagem de um para outro lado da Ribeira, enquanto não é feita uma nova que possibilitará, certamente, uma melhor e mais segura tramitação de pessoas e bens. Os enormes camiões, as gruas poderosas, as escavadoras revezavam-se na azáfama incessante de restituir à Ribeira Quente o ar acolhedor que faz desse pequeno povoado o lugar de veraneio de muitos habitantes de São Miguel, bem como destino privilegiado de passeios dominicais. As escolas começaram já a funcionar e as crianças, no seu entendimento infantil, traduziam em desenhos, que nos mostravam a sua visão da tragédia e, interrogadas, diziam do seu querer de continuar a vida na Ribeira Quente. Afinal, a natureza, mesmo parecendo madrasta, continua a enfeitiçar as pessoas. Este mesmo sentimento foi-nos transmitido pelo pároco da Ribeira Quente, que, desde o primeiro momento, viveu como poucos a extensão da tragédia.
É pena que tenha sido a tragédia o elemento aglutinador de tantas boas vontades, de tanta energia, de tanto querer!

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, encontram-se a assistir aos nossos trabalhos um grupo de 45 alunos da Escola Secundária Moinho de Maré, de Corroios. um grupo de 20 alunos da Escola Secundária de Montejunto, um