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8 DE JANEIRO DE 1999 1191

cadas, já que é complicado visitar pessoas, em greve de fome e de sede, que estão detidas por actos de terrorismo ou equiparados.
Portanto, quero deixar aqui este testemunho de respeito e de consideraçâo por um homem que não só foi um excelente parlamentar, um oposicionista, um antifascista e um democrata coerente como também teve um desempenho dos melhores, não só com brilho, nestas bancadas, como também na análise concreta das situações mais difíceis que se verificaram nesta sociedade.
Por isso, o nosso voto de pesar à família, aos Deputados e ao Partido Comunista Português.
Penso que toda a Assembleia está de luto pela perda deste antigo parlamentar brilhante e grande democrata.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr Deputado Nuno Abecasis.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS-PP): - Sr Presidente, Srs Deputados Comecei a minha vida parlamentar com Lino Lima, em 1976, nesta Assembleia da República. Testemunhei - e foi nessa altura que o conheci - que o Dr. Lino Lima era um homem que vivia a liberdade, e a vida com alegria manifesta Punha-a em tudo aquilo que fazia.
Recordo o que o Deputado João Amaral recordou ainda agora esses debates de tacto brilhantes, notáveis, que ficam na historia desta Assembleia, que travou tom Adelmo Amaro da Costa, outro homem que amou a liberdade e a vida, em relação ao qual era evidente e patente que tinha aquela mesma qualidade que os uma.
Talvez por isso - e tenho muito gosto em testemunhado aqui -, Adelmo Amaro da Costa era um amigo sincero de Lino Lima Se estivesse vivo, certamente seria ele que estaria aqui a dar o voto do CDS PP a este voto de pesar apresentado pelo Partido Comunista.
Srs. Deputados ha uma coisa que não quero deixar de acentuar.
Nesses tempos, as coisas não se passavam como hoje Não era tão fácil estabelecer o convívio e a amizade en tre bancadas Lino Lima soube ultrapassar isso.
Recordou se aqui a sua amizade com Adelmo Amaro da Costa mas quero recordar uma outra Quando Nuno Rodrigues dos Santos foi operado e estava entre a vida e a morte fora do Pais, recordo a intervenção do Dr. Lino Lima, nesta Assembleia a intervenção de um amigo que sabe sê-lo para a das diferenças ideológicas ou partida rias que podem separar nos, que recorda que o nosso valor de homens e que deve unir nos e que essa união é a maior garantia da permanência da democracia.
Nesse sentido Lino Lima serviu a democracia Assim nós saibamos servia também.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr Presidente, Srs Deputados Não tive, ao contrário do que muitos de vós tiveram, o privilegio de conhecer Lino Lima como Deputado desta Câmara. Tive possibilidade de conhecê-lo acidentalmente, mais tarde, já mais idoso e depois de ter sido deste Parlamento.
Ele era uma figura fascinante. Era alguém que, como foi referido, amava a vida, que punha uma grande paixão na defesa das suas ideias, que impressionava pela torça das suas convicções. Era alguém que transportava uma mágoa e uma grande incompreensão pela brutalidade e pela violência de que tinha sido alvo o seu espaço tão querido Era alguém que, seguramente, nos fazia pensar na importância de defender as nossas convicções, fosse em que condições fosse, na importância de ver os outros, sempre para lá de serem pessoas com opiniões diferentes, como pessoas que em primeiro lugar, tinham de ser respeitadas e compreendidas naquilo que é o seu quadro de referências e as suas convicções Era alguém que também impressionava pelo seu passado, pela sua coerência e pelo modo como, durante anos e anos e até ao final da sua vida, abraçou a causa em que acreditou, defendeu a liberdade e as suas convicções.
Por isso, em nome de Os Verdes e em meu nome pessoal, quero endereçar ao Partido Comunista Português os nossos sentidos pêsames pela perda de alguém que, seguramente, marcou este Parlamento mas que, pela sua forma de estar na vida e pelo seu modo de ser, marca também a história deste país.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, se me permitem apenas duas palavras, também queria associar-me ao sentimento de pesar que acaba de ser tão brilhantemente manifestado, dizendo que fui dos raros privilegiados que conheceram de perto, que foram amigos e tiveram a sorte de ter a amizade do Dr. Lino Lima.
Conhecemo-nos nos tempos recuados da resistência política à ditadura Ele começou mais cedo porque era ligeiramente mais velho do que eu próprio, mas eu também comecei muito cedo.
Tínhamos um amigo comum, um correligionário dele, meu tio Rodolfo Abreu, que me pôs em contacto com ele e vem daí o nosso conhecimento e a nossa amizade.
Depois, assisti ao brilho das suas intervenções neste Parlamento e habituei-me a ver nele, não apenas um ser humano perfeito mas um perfeito cidadão, um cidadão exemplar.
Sempre que morre um membro desta Assembleia, dos que são ou dos que foram, a liberdade fica mais pobre.
A liberdade tem uma história, todos nós sabemos que ~m Lino Lima faz parte dessa história.
Vamos votar, da maneira como se fazem, nesta Sala, os votos excepcionais levantando-nos todos para aprovar este voto de pesar.
A Câmara guardou, de pé um minuto de silêncio.
Srs Deputados, o voto vai ser transmitido à família enlutada e, também, ao Secretário-Geral do Partido Comunista.
O Sr. Secretário vai dar conta de um relatório e parecer da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias sobre substituição de Deputados.

O Sr. Secretário (Artur Penedos): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, o relatório e parecer da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias refere-se à substituição, nos termos da alínea b) do n.° 2 do artigo S do Estatuto dos Deputados, a solicitação do CDS-PP, de Manuel Monteiro (Círculo Eleitoral de Braga) por António Brochado Pedras, com início em 7 de Janeiro corrente, inclusive.
O parecer vai no sentido de que a substituição em causa é de admitir, uma vez que se encontram verificados os requisitos legais

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