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I SÉRIE-NÚMERO 52 1950

actual: um PSD sem ideias, um PSD sem projectos, um PSD...

Protestos do PSD.

Os portugueses não sabem hoje o que pensa o PSD acerca das mais comezinhas questões da governação do País, mas o PSD também não o sabe! Basta ter estado atento ao que foi, no último fim-de-semana, o congresso do PSD, no Porto, para compreender que passaram muitas preocupações por aquela sala,...

Vozes do PSD: - Isso é verdade!

O Orador: - ... mas, raras vezes, em poucas intervenções, lá esteve uma preocupação central pelo futuro de Portugal!

O Sr. Paulo Pereira Coelho (PSD): - Faltou-nos o Tino! Têm de nos emprestar o Tino!

O Orador: - Portugal e, os portugueses foram os grandes ausentes do congresso do PSD, tal como têm sido os grandes ausentes de toda a intervenção política do PSD:

Aplausos do PS.

É por isso que se percebe que os mais sagazes estejam agora prestes a desertar e que os outros estejam dispostos a esperar, mas que aqueles que ficam, aqueles que permanecem, estejam agora divididos apenas entre os que aceitam a batota aritmética e, os que ainda estão dispostos a resistir em relação a esses pequenos truques que, no fundo, são a essência e a demonstração do que é hoje o PSD na vida política portuguesa.

Aplausos do PS.

Porque, tivesse sido a questão dos dois terços uma questão lateral, um pequeno fait divers num grande congresso, certamente que não seria hoje chamada aqui à colação. Mas a verdade é que a questão dos dois terços, e a polémica dos dois terços, e a mentira em torno dos dois terços, e a pequena manobra que os dois terços configuram são hoje a .demonstração do que é hoje o alfa e o omega, o pensamento, a estratégia e a postura do PSD na sociedade portuguesa. Um partido que aceita enganar-se a si próprio, um partido onde uns se enganam e outros se deixam enganar, justamente porque ninguém confia no curto prazo, porque já compreenderam verdadeiramente a sua total incapacidade para serem uma alternativa séria, credível e susceptível de gerar confiança na sociedade portuguesa.
Srs. Deputados, esta discussão, a forma como decorreu e o comportamento que o PSD aqui assumiu, foi exemplar e foi a demonstração inequívoca do estado actual do partido. No fundo, o PSD decaiu da proibição para a suspensão, porque quem está hoje em estado de suspensão na vida política portuguesa é o PSD. E digo isto com mágoa, porque um PSD forte faz falta ao sistema político e faz falta à democracia portuguesa.

Aplausos do PS.

0 Sr. Paulo Pereira Coelho (PSD): - Até chora!

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Sílvio Rui Cervan.

Vozes do PS: - Oh!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, porque é que causa admiração o uso da palavra por um Deputado?
Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, pese, embora, alguns Deputados e o líder da bancada do PS ainda não se tenham apercebido, o debate é sobre a co-incineração!

Vozes do PSD: - Bem lembrado!

O Orador: - Ora, o líder da bancada do PS veio aqui falar-nos sobre congressos de outros partidos, talvez não podendo ter feito essa intervenção no congresso do seu!

Protestos do PS.

Veio aqui fazer análise política, veio aqui discutir alguma conjuntura e veio dizer...

Protestos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, façam silêncio!

O Orador: - Veio aqui tentar dizer que o Partido Social Democrata não tinha razão, que o Partido Popular não tinha razão, que o Partido Comunista Português não tinha razão, que o Partido Ecologista Os Verdes não tinha razão, que a Universidade de Coimbra não tinha razão, que todos os especialistas que foram ouvidos sobre este tema não tinham razão.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Veio aqui dizer que as populações não tinham razão, veio aqui dizer, em suma, que os portugueses são todos estúpidos, mas que o líder da bancada do PS e os seus Deputados são todos muito esclarecidos!

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

Protestos do PS.

O Orador: - Sr. Deputado Francisco de Assis, V. Ex.ª é um Deputado de méritos reconhecidos, mas veio aqui hoje tentar a quadratura do círculo! Veio aqui V. Ex.ª tentar explicar à Câmara, e, por seu intermédio, ao País - aliás, pouco convicto daquilo que aqui veio defender! -, que conseguiu (sabe Deus por que artes!) «coser» algumas divergências internas nesta matéria. Mas disso V. Ex.ª não disse nada! Apenas veio dizer que Portugal estava todo a marchar em sentido equívoco porque os únicos donos da verdade eram a bancada do PS e V. Ex.ª.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Deputado, V. Ex.ª pode estar muito convicto, mas se realmente perder, como vai perder, esta votação,...

O Sr. José Magalhães (PS): - Não vamos perder!