O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

2278 I SÉRIE-NÚMERO 61

vez, a discussão da política actual. Está bem! Está certo! Concordo consigo! Estamos no Parlamento para isso! Só é pena que o tenha feito naquele registo já muito maçador de que a história de Portugal - e mesmo a história da Europa e, quem sabe, a do mundo! - se divide em antes de o Partido Socialista e depois de o Partido Socialista chegar ao poder. A forma como isto é apresentado já se torna um pouco cansativa!
Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Manuel dos Santos, o que é espantoso não é que V. Ex.ª siga essa técnica de propaganda do Partido Socialista - eu respeito, deve ter havido um especialista de marketing político do partido que disse que era assim... e o senhor cumpre! O que é espantoso, são duas coisas: primeira, que V. Ex.ª venha aqui gabar-se de que o Primeiro-Ministro de Portugal, do Partido Socialista, seja o próprio a queixar-se de falta de liderança na Europa - aliás, nós concordamos com ele, concordamos com o Engenheiro António Guterres! Ele próprio e os seus colegas do Partido Socialista nos países da Europa estão em crise! Estão em crise, põem a Europa em crise e, o que é mais grave, põem os povos da Europa em crise! Segunda, e isso faz-me impressão, que VV. Ex.ª, que começaram esta legislatura de «murro na mesa» à Comissão, de grandes fanfarronices face à Comissão, terminam aflitos porque a Comissão se demitiu. Isto é que é espantoso! Estão agora atrapalhados e querem que a Comissão só saia lá para o fim do ano, não sabem bem como é que este problema se há-de resolver, fazem afirmações espantosas sobre a Comissão - aquela Comissão que os senhores, há três anos e meio, se encarregavam de dizer que iam «meter na ordem»! Não meteram na ordem a Comissão; a Comissão é que vos meteu na ordem uma série de vezes, o que é mau para Portugal, e acabou demitida por pressão de^ Deputados do Partido Socialista da Europa! Foi isto que se passou e era sobre isto que eu gostaria de ouvir o Sr. Deputado Manuel dos Santos.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Mota Amaral): - Para responder, se assim o entender, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel dos Santos.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Sr. Presidente, vou pedir a tolerância de V. Ex.ª para o tempo, embora pense que não vou precisar de muito.
Basicamente, a intervenção do Sr. Deputado Azevedo Soares comporta três questões: a primeira, sobre a divisão que eu faço, é verdade - e continuarei a fazer, até ter provas inequívocas em contrário - entre o antes de 1995 e o depois de 1995. Sr. Deputado, a sessão de hoje foi muito mediatizada em termos de papéis e de gráficos, e não vou entrar nesse jogo; mas todos os gráficos que posso mostrar-lhe, sobre os diversos agregados macro-económicos, têm um ponto de inflexão. Sabe qual é o ano onde tal acontece? É 1995! Quando é para mau, até 1995 para ficar melhor; quando é para bom, a partir de 1995 para ficar ainda melhor do que o que já estava. Portanto, Sr. Deputado, isto é claro como água! Basta ler. Aliás, a Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite sabe isto muito bem e pode explicar-vos melhor do que eu. Isto é claro como água, é clarinho como água!.

A Sr.ª Manuela Ferreira Leite (PSD): - Têm de explicar como é que reduzem o défice orçamental! Têm de explicar muita coisa!

O Orador: - Segunda questão e a mais fácil de resolver: não estamos nada preocupados, no contexto que o Sr. Deputado referiu, com a queda da Comissão. Estamos, sim, preocupados, Sr. Deputado Azevedo Soares, é com os interesses de Portugal.

O Sr. Medeiros Ferreira (PS): - Muito bem!

O Orador: - Estamos preocupados, isso sim com os interesses de Portugal!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E a queda da Comissão, obviamente, introduz um factor de risco e de instabilidade numa altura em que está a ser feita uma negociação onde o essencial dos interesses de Portugal já estava acautelado. A nossa preocupação é com os portugueses, Sr. Deputado! Não é com os votos, porque esses estão garantidos, não tenha ilusões! Não tenha ilusões nenhumas!

O Sr. Azevedo Soares (PSD): - Estão garantidos, como? Já estão dentro das umas?! Isso é uma «chapelada»!

O Orador: - Repito, a nossa preocupação é com os portugueses, Sr. Deputado!

O Sr. Medeiros Ferreira (PS): - Muito bem! Cá e lá!

O Orador: - Terceira questão: o Sr. Deputado não deve ter entendido bem, mas eu escrevi um «artiguinho» e, se o Sr. Deputado o ler, vai entender!

Quando o Sr. Primeiro-Ministro refere que há uma crise nas instituições comunitárias e uma crise nas lideranças europeias, fala de duas coisas totalmente diferentes. Aliás, nós já vivemos um momento semelhante: quando era Presidente da Comissão o Sr. Gaston Thorm, que também era luxemburguês, antes do Sr. Jacques Delors, que é um socialista francês, como V. Ex.ª sabe, também havia uma Comissão Europeia relativamente frágil e também tivemos dificuldades; só que, nessa altura, havia já afirmados na Europa, nos diversos países da Europa, líderes poderosos e fortes como François Mitterand, um socialista, e como Helmut Kohl, que não era um socialista, como V. Ex.ª bem sabe.

O Sr. Medeiros Ferreira (PS): - Não teve oportunidade!

O Orador: - Não teve oportunidade de o ser, exactamente!

O Sr. Presidente (Mota Amaral): - Sr. Deputado Manuel dos Santos, o seu tempo terminou. Faça favor de concluir.

O Orador: - Sr. Presidente, são só mais uns segundos!

O que se passa neste momento, Sr. Deputado, é que, para lá de uma crise da Comissão, ainda não há lideranças fortes afirmadas nos planos nacionais - e é essa a questão a que eu me referi aqui. Não tem nada a ver com os socialistas, tem a ver com o facto de ainda não haver lideranças fortes afirmadas a nível nacional.