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17 DE JUNHO DE 1999 3379

Aplausos do PS.

Aliás, pudemos verificar que, aparentemente, os dois únicos motivos de vitória do PSD foram, também, os mais mesquinhos motivos invocáveis por esse partido: o primeiro, manifestando contentamento pela vitória do PPE em relação aos socialistas. O Partido Social Democrata faz hoje parte do PPE, naquilo que é também uma demonstração da sua total incoerência do ponto de vista doutrinário e ideológico, pois um partido que se apregoa social democrata vai agora sentar-se ao lado dos democratas cristãos e conservadores liberais de todo o continente europeu.
Mas o segundo é mais grave: a forma como se referiram ao Dr. Mário Soares traduz mau perder, ressentimento, arrogância e pouco sentido da dignidade política.

Aplausos do PS.

O único motivo de aparente orgulho do PSD, a única aparente razão para celebrarem naquela noite consistia no facto de, não tendo os socialistas vencido na Europa, ser mais difícil a possibilidade de o Dr. Mário Soares ocupar a presidência do Parlamento Europeu, pelo menos na primeira fase desta nova legislatura europeia.
Srs. Deputados do PSD, contrariamente ao vosso comportamento, nós, socialistas, quando constatamos que um português se alcandora a uma posição de prestígio na Europa, temos orgulho nesse português, não nos deixamos invadir por sentimentos de inveja,...

Aplausos do PS.

... não nos deixamos invadir por sentimentos mesquinhos de ressentimento primário! Foi isso, infelizmente, que caracterizou também a reacção do PSD.
Por isso, nesta circunstância, parece-me apropriado salientar que, mais grave do que a derrota do PSD, foi a forma como o PSD interpretou essa derrota e reagiu à mesma, porque perder, todos perdemos ao longo da vida! O Partido Socialista perdeu durante 10 anos, mas é na forma como se reage perante a derrota que se constróem as condições para o sucesso futuro.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Orador: — E o PSD, perante esta derrota, revelou uma tal feita de grandeza e até, nalguns momentos, uma tal falta de dignidade cívica e política que se parece ter autocondenado a «atravessar o deserto» durante muitos e longos anos, em Portugal.

Aplausos do PS.

De resto, não deixou de ser curioso que o próprio cabeça-de-lista do PSD, o Dr. Pacheco Pereira, na declaração que proferiu nessa noite, tenha salientado que a grande vitória alcançada pelo PSD tinha sido uma vitória contra um adversário que nem sequer é hipotético, um adversário puramente virtual à alternativa democrática! Isto é, como já foi dito por alguém do meu partido, o PSD concorreu com os «fantas-
mas» que ele próprio criou, ainda por cima com a agravante que, verdadeiramente, nunca se vai poder fazer a prova real para saber se o PSD ganhou ou perdeu esse combate, porque ele é, nestas circunstâncias, totalmente insusceptível de qualquer tipo de verificação empírica!

Vozes do PS: — Muito bem!

O Orador: — Mas o que não deixa de ser evidente e o que perpassa e resulta dessa análise é que o PSD já não tem por horizonte Portugal: o PSD tem por horizonte o próprio PSD, o PSD já não visa ganhar eleições no País, o PSD visa apenas ganhar eleições no seu próprio interior.

Aplausos do PS.

Verdadeiramente, o Dr. Durão Barroso não se prepara para, em Outubro, desafiar o Engenheiro António Guterres; o Dr. Durão Barroso prepara-se para, até Outubro, enfrentar todos os fantasmas, pretéritos e futuros, que incomodam actualmente a vida do PSD!

Aplausos do PS.

Por isso se compreende, Sr. Dr. Durão Barroso, que ainda não tenha programa, ainda não tenha projecto, ainda não tenha uma única ideia e ainda não tenha avançado com uma única proposta de resolução dos problemas que se colocam no horizonte dos portugueses! Verdadeiramente, o seu horizonte não é Portugal, verdadeiramente o seu horizonte está cada vez mais reduzido porque, infelizmente para si, também é o horizonte de um PSD eleitoralmente cada vez mais frágil e cada vez mais pequeno.

O Sr. José Junqueiro (PS): — Muito bem!

O Orador: — Sr.ªs e Srs. Deputados: Esgotado este ciclo, cabe enfrentar outros.
Desde logo, no plano, europeu, é preciso assumir com determinação os desafios que se colocam no nosso horizonte; é preciso vencer a tendência para o ressurgimento dos velhos egoísmos nacionais. Todos temos de aprender as lições da história e o ressurgimento dos velhos egoísmos nacionais está para além da circunstância de a Europa ser governada hoje por estes ou por aqueles, são factores estruturais e mais profundos que carecem de ser encarados com seriedade e com clarividência.
É necessário criar uma Europa politicamente mais coesa, economicamente mais forte e socialmente mais equitativa; é necessário dotar a Europa de uma verdadeira identidade política, reforçando o seu peso na cena mundial, evitando que o mundo se conforme com uma solução em que há preponderância de uma única superpotência e sem pôr em causa o princípio fundamental da solidariedade euroatlântica.
É essencial que a Europa desponte e se afirme com uma política externa e de segurança comum activa e interventiva, que lhe permita assumir em plenitude o seu papel regulador na vida mundial.