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0353 | I Série - Número 10 | 13 De Outubro De 2000

Como Deputado ao Parlamento Europeu, bateu-se nesse Parlamento e no Conselho da Europa pela construção de uma Europa unida, coesa e fiel aos valores da civilização europeia, nomeadamente à defesa dos direitos humanos.
Eleito Presidente da Câmara Municipal de Mirandela, realizou uma obra a todos os títulos notável, que o credenciou como exemplo dos autarcas portugueses.
Político versátil, orador fluente e ser humano corajoso e solidário, deixa-nos a imagem de um fazedor de simpatias e amizades. Foi, em tudo o que isso significa de nobre, um grande e bom português de Trás-os-Montes, que, pela sua inteligência e o seu carácter, se afirmou um verdadeiro cidadão europeu. Mais do que isso: contribuiu, com as suas peregrinações políticas, para aproximar a Europa de outros continentes, convertendo-se ele próprio no paradigma de um futuro cidadão do Mundo.
Dificilmente se encontra alguém que, tendo-o conhecido, o não recorde com admiração e saudade.
A Assembleia da República, na sua sessão plenária de 12 de Outubro do ano 2000, aprovou um sentido voto de pesar pelo falecimento do Dr. José Gama, guardou em sua memória um respeitoso minuto de silêncio e endereçou à família enlutada, à Assembleia Municipal e à Câmara Municipal de Mirandela, o seu profundo pesar pelo passamento de tão ilustre transmontano e português.»

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Associo-me a este voto, em meu nome e no do Partido Socialista.
Fui amigo do Deputado José Gama e estive com ele durante vários anos no Conselho da Europa. Ele era uma pessoa de uma grande afectividade, tinha os seus rompantes, e também de uma grande generosidade.
Era um português do mundo, um português errante, que viu o mundo, andou pela América, mas nunca esqueceu as suas raízes e, depois das voltas que deu pelo mundo, foi capaz de chegar a Mirandela, ganhar as eleições para a câmara municipal e transformar a sua terra.
Tendo embora posições diferentes das minhas, era um homem do 25 de Abril, da democracia, e era, sobretudo, uma pessoa muito extrovertida, que marcou todos aqueles com quem conviveu. Tornou-se uma figura conhecida no Conselho da Europa pela sua maneira de ser.
A sua morte foi para mim uma grande surpresa e um choque, pois não sabia sequer que ele estava doente.
Só posso dizer que ele deixa saudades em todos os que o conheceram. Sabia cultivar a amizade, mesmo com aqueles que pensavam de maneira diferente ou eram seus adversários políticos, e colocava a amizade em primeiro lugar.
Resta-me apresentar condolências à sua família e aos seus companheiros políticos e dizer que tenho sinceras saudades dele, como seu amigo que fui.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Machado Rodrigues.

O Sr. Machado Rodrigues (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Exprimo, perante VV. Ex.as, o pesar da bancada do PSD e o meu próprio pelo falecimento do Dr. José Gama e presto uma humilde mas sentida homenagem à sua memória, embora apenas legitimado por ser seu conterrâneo, seu admirador, ter com ele convivido e, na mudança para a actual Legislatura, ser o seu substituto, como primeiro Deputado eleito pelo distrito de Bragança.
Conheci o Dr. José Gama quando desempenhava as funções de Presidente da Câmara Municipal de Mirandela. Ou, melhor, quis conhecê-lo, porque as referências que escutava, vindas dos mais diversos sectores, sobre a obra que fazia, sobre as suas capacidades e as suas qualidades, diziam-me que seria bom conhecer uma pessoa tão notável.
Não me desiludi. Encontrei um homem que assumia completamente que tinha uma missão, que era a de desenvolver a sua terra e fazer com que as populações vivessem melhor, e que considerava que, para o conseguir, tinha de reunir à volta da sua as vontades de muitas outras pessoas, nomeadamente a dos poderes públicos e a da sociedade civil, que servia.
A primeira, em grande parte, não lhe faltou. No que respeita à segunda, que já ia conseguindo, considerava que, quanto mais conseguisse potenciar a auto-estima das populações, maior seria a adesão e a contribuição do desenvolvimento que pretendia.
Numa altura em que a qualificação e a requalificação urbanas eram ainda só temas de discursos, José Gama abria avenidas e reconstruía ruas e decorava-as com canteiros de flores e painéis artísticos. Em cada rotunda, fazia erguer um monumento - lá está o monumento ao emigrante como homenagem à causa que tão brilhantemente defendeu enquanto Deputado eleito pelo círculo da emigração.
Aproveitou uma linha praticamente abandonada pela CP para pôr em serviço aquilo a que ele chamava o primeiro metro de superfície do País e baptizou todas as estações com os nomes sonantes dos construtores da Europa, de Jean Monet a Jacques Delors, numa homenagem à causa por que sempre se bateu e que tão brilhantemente defendeu, enquanto Deputado do Parlamento Europeu.
Pela sua obra, José Gama tornou-se um símbolo para os autarcas portugueses e para os construtores da democracia e do progresso.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, terminou o seu tempo, pelo que tem de concluir.

O Orador: - Estou mesmo a terminar, Sr. Presidente.
À sua família e aos seus amigos, quero dizer que os acompanho na sua dor.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Anacoreta Correia.

O Sr. Miguel Anacoreta Correia (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Nada é mais difícil do que falar de um amigo que acaba de nos deixar.
Vivemos juntos, e durante muitos anos, horas de desafio, pelo que temo que o sentimento atraiçoe a razão.
Esta não é, por certo, uma hora de retórica e, por isso, no nosso voto, que o Sr. Presidente da Assembleia da República fez o favor de agregar aos de outros partidos, para que a Assembleia se manifestasse, se possível, de forma unânime, dissemos, com toda a simplicidade, as razões por que esta Câmara deveria homenagear José Gama.
José Gama foi um grande Deputado, nesta Câmara e no Parlamento Europeu. Foi um europeísta convicto, foi um