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2945 | I Série - Número 75 | 27 de Abril de 2001

 

guês que se nota nesta Casa, por vezes, poderiam servir para que, pelo menos, aquelas «vítimas» que estão a assistir aos nossos trabalhos soubessem do que falamos. De pé, ó vítimas do ensino! Enfim, não continuo…
De qualquer maneira, nunca conheci avaliação que não fosse quantificada. Foi-me até oferecido fazer uma prova documental para catedrático, em 1974. Gentilmente, recusei o que a boa alma me propunha, mencionando «Depois, o que vão dizer de mim?». Porque ali eu aparecia fulanizado com a minha cara, e a verdade é que sempre considerei as provas públicas fundamentais para avaliar fosse quem fosse.

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - A verdade é que não pode haver vergonha, desde que não haja má vontade, nem espírito persecutório, em que os resultados possam ser dados a conhecer, contando que a análise seja feita com boa vontade e seja dito que vamos arranjar meios para alterar a situação em que a escola continua.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Por que falou aqui o Sr. Deputado Luís Fazenda de «darwinismo», uma vez que, se há escola em que, de facto, é o mais forte que domina, é bem na escola portuguesa actual? Porque se um aluno não tiver músculos e não conseguir, nas zonas das grandes cidades, resistir a alguns gangs que o ameaçam, certamente não vai muito longe. Muitas vezes, se não conseguir vencer a ignorância dos professores que o ensinam, e contra os quais tem medo de protestar porque, depois, é vítima de retaliação, também não consegue chegar muito longe!

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - Na avaliação, quem está em causa? Não são os alunos (os alunos, coitados, são as personagens mudas da comédia antiga), mas, sim, os professores! Os professores não querem ser avaliados, de forma nenhuma - aliás, nunca quiseram ser avaliados, têm medo de ser avaliados! Mas nem todos! O Sr. Deputado Fernando Rosas foi avaliado, com certeza. Não será avaliado na sua boa vontade quanto ao assunto que trata, mas, pelo menos, foi avaliado quanto à sua competência histórica, não tenho dúvida nenhuma!

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - É preciso saber quem foi o avaliador!

O Orador: - É evidente que se a técnica empregue na avaliação for a da patada e da cacetada, não há avaliação que resista. Porque a verdade é esta: há aqui uma ideia mirífica de que as escolas privadas são boas. Não são! Há umas que são uma porcaria, e caríssimas! Aliás, já paguei para uma ou outra!
Portanto, não me venham com tretas. A verdade é que a mediocridade lusitana tem penetrado até no edifício privado. Não me venham com coisas!

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - A verdade é que há escolas e universidades privadas que são más e também há universidades do Estado que são péssimas! E a verdade é que nunca há coragem de dar a conhecer as avaliações. Depois, vêm personagens sonantes da nossa política dizer que há umas universidades privadas que não correspondem aos mínimos requisitos. Entretanto, todas as pessoas sabem que há algumas universidades públicas que são de envergonhar qualquer reitor, se estes não estivessem agora, quanto a eleições, na dependência de 40% dos alunos que querem a vida fácil e canudo assegurado. Esta é a verdade!

Vozes do CDS-PP: - É verdade, é!

O Orador: - Queridos amigos, eu nunca aprendi grego sem suar, nem nunca aprendi latim sem marrar (desculpem o termo, espero que não venha no dicionário senão como calão)! A verdade é que tudo aquilo que é difícil exige esforço.
Quando o Sr. Presidente da República ontem referiu que era necessário haver mais produtividade, ao despedir-me dele, eu disse «Mas que palavra complicada o senhor foi aqui utilizar! Isso é influência maléfica do Ferreira do Amaral!». Falar de produtividade!… Mas por quem são!… Isso é a coisa pior que há! Produtividade é uma chatice, faz suar à brava, e, de facto, as pessoas sofrem imenso!
A verdade é que as escolas têm que ser avaliadas, e, de facto, passar um atestado de grosseria, de boçalidade ao meu colega David Justino, ele também não merece!
Quando peguei na publicação da Inspecção-Geral da Educação, lembrei-me da velha fábula de Fedro e de A Raposa e a Máscara, de teatro. Todos aqueles que estudaram Letras ainda se lembram que ela vê a máscara e diz «O quanta species sed cerebrum non habet!».
De facto, esta publicação tem imenso cerebrum, não tem é animam! Isto não tem alma, não se sabe o que é, é uma análise de um tecnocrata, é uma coisa que ninguém entende, muito menos as vítimas do ensino que estão nas galerias a assistir aos nossos trabalhos e os seus pais.
É evidente que é um estudo belíssimo, temos imensos doutores em Boston e em ciências da educação, mas a verdade é que não entendo metade das coisas nele constantes, deve ser por estudar grego e latim. Talvez com algum esforço…
À terceira tentativa vou dizer «Com os títulos que tenho e com as provas que fiz, se não entendo é porque quem escreveu isto é burro»! De facto, não há direito de fazer uma coisa tão complicada.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Pelo menos, hoje, na Academia das Ciências, alguma coisa se está a passar: um dicionário, que tinha ficado na palavra «azurrar», hoje, é levado ao seu fim. O meu antigo aluno Malaca Casteleiro conseguiu elaborar dois volumes, penso que são 8000 páginas.