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2946 | I Série - Número 75 | 27 de Abril de 2001

 

Peço, Srs. Deputados, caros colegas, amigos, companheiros de armas e não de armas, inimigos, que consultem o diabo do Dicionário para ver se se consegue falar um pouco melhor português nas escolas, na Câmara, em toda a parte! É fundamental que se fale a nossa língua! Nunca fui um nacionalista - vejam lá! -, tive até sempre um respeito muito moderado pela nação em que nasci, mas as minhas raízes irracionais estão aqui, portanto, sofro quando ouço calinadas de «três em pipa», que é uma coisa que me impressiona mesmo.
Começo a fazer o ranking e outro dia consegui até reescrever o texto de um Deputado, o que o colega levou a mal, que conseguia falar um terço em latim, um terço em inglês e um terço em português. Fiz um pequeno pastiche do discurso nas três línguas e consegui um crioulo magnífico entre inglês, latim e português.
Há uma outra coisa que se está a passar: qualquer criança portuguesa está convencida de que não tem capacidade para a Matemática. É uma coisa que considero absolutamente inadmissível! Passou-se a palavra de que a Matemática não entra no crânio dos portugueses. É falso! A verdade é que os professores de Matemática não são bons!

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Exactamente!

O Orador: - Nunca consegui ter um professor bom, a não ser no 5.º ano, quando tive um excelente professor de Matemática, e aprendi. Já me considerava completamente burro - se calhar, até sou, mas não o digam demasiado alto para não me comprometerem -, mas a verdade é que quando tive alguém que me abriu as «luzes da Matemática», consegui compreender, como acontecia na Química e na Física, porque eu era um votado ao ostracismo das Letras. De facto, lá fui para Letras, mas fez-me falta não ter continuado a estudar Matemática para além do 5.º ano - muitos países mantiveram Matemática nesta área.
No que diz respeito à Irlanda, estive, durante cinco anos, com os homens do Fianna Fail e sei que a Irlanda continua a publicar as suas avaliações. Doutora Isabel Pires de Lima, é a Irlanda do Norte, com o seu amigo Blair, que não publica.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Exactamente!

O Orador: - Mas os irlandeses da República Irlandesa, como não brincam em serviço e precisam de se bater com a concorrência movida pelos seus antigos dominadores, como têm ainda esse acicate, publicam. Aliás, já lhes disse que, no dia em que conseguirem resolver os problemas com os ingleses, abandalham-se como nós. Enfim, espero que não acreditem, não sigam e não aceitem isso!
A verdade é que na Irlanda ainda se publica, mas é uma forma de publicar. O que se discute é como publicar sem se fazer aquilo a que agora se chama «discriminação negativa». Quando aprendi português, «discriminação» era sempre uma coisa negativa.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Exactamente!

O Orador: - Os juristas, que gostam sempre de jogar com a ambiguidade, é que trouxeram a discriminação negativa e positiva, porque também já sabem pouco de português.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Não foram os juristas!

O Orador: - Para mim, ou há valorização ou sobrevalorização, ou há discriminação.
Penso que seria muito bom existirem elementos concretos fulanizados, mas não insultuosos, realizados de um ponto de vista profissional por uma instituição independente. Podia estudar-se a maneira de fazer isso de forma a não ter efeitos negativos na sociedade portuguesa, uma avaliação que estivesse ao alcance de todos, tanto no 12.º ano como no ensino básico, tanto nas escolas privadas como no ensino particular e cooperativo, porque tem havido universidades perseguidas.
Sr. Ministro, tenho visto, por exemplo, universidades que têm boas condições mas em que há chumbos porque não têm um doutor, não têm isto, não têm aquilo, e há outras que são privilegiadas mas cujo nível… Como já lhe disse, enquanto não se resolver o problema do decreto da carreira docente, continuará absolutamente inadmissível o que lá se passa.
Mas agora estamos a tratar dos ensinos secundário e básico. Julgo que seria importante «chamar-se os bois pelos nomes».

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Rosas.

O Sr. Fernando Rosas (BE): - Sr. Presidente, o Sr. Deputado Rosado Fernandes, com a sua sempre brilhante verve parlamentar, tem o condão de nos lembrar sempre, em questão de matéria de ensino, o ensino de que ele se lembra, o de antes do 25 de Abril, e o ensino em que estamos, o depois da Revolução e da democratização do ensino.
Provavelmente, os pais e avós das «vítimas do ensino» que estavam nas galerias a assistir aos nossos trabalhos não tinham possibilidade sequer de entrar no sistema de ensino. Hoje, estão a assistir a esta sessão do Parlamento, coisa que os pais e avós não podiam.
Sobretudo, quero lembrar-lhe que, neste momento, estamos a gerir os problemas resultantes da democratização do ensino, os problemas resultantes do facto de entrarem no sistema formal de ensino centenas de milhar de jovens que não tiveram, geracionalmente, no passado, nenhuma actividade. Estamos a procurar a forma de gerir a quantidade com a qualidade sem criar processos discriminatórios que reproduzam, no contexto da democratização, novas desigualdades. Esse é o grande desafio de todas as políticas de educação a partir do 25 de Abril!
Considero que a esta questão do ranking, o que lhe falta, Sr. Deputado, é exactamente a anima, porque o problema é saber para que se quer avaliar: se para fazer um