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30 DE MAIO DE 2001 15

esquerda? Foi porque resistiram, porque continuaram, Deputado Francisco de Assis, é que, com essa forma como porque sabiam que havia uma outra esquerda entre essa fala para um partido à sua esquerda, reproduzindo argu-esquerda minoritária que os senhores representam e esta mentos de autoridade e não de razão, de materialidade, de direita que aqui está representada… intencionalidade prática (não fala nos salários, na precarie-

dade, no Serviço Nacional de Saúde, nos serviços públi-O Sr. Presidente: —Terminou o seu tempo, Sr. Depu- cos, nas questões que aqui evocámos, e, aliás, ficou satis-

tado. feitíssimo com o discurso do Sr. Primeiro-Ministro, que é um discurso de mera auto-satisfação e que poderia ser O Orador: —Vou já concluir, Sr. Presidente. igual ao que fez na última campanha eleitoral), o Sr. Depu-Sr. Deputado Luís Fazenda, o Bloco de Esquerda tem tado não entenda, não perceba, não se dê conta de que está

aqui um papel completamente simétrico ao da direita: a reproduzir exactamente os mesmos argumentos de auto-enquanto a direita considera que estamos sempre a usurpar ridade que o PSD usou sobre o Partido Socialista, nos o poder, quando o exercemos pela simples circunstância de tempos dos governos do Professor Cavaco Silva! É o exercermos, VV. Ex.as consideram sempre que o uso do extraordinário que o Partido Socialista não reconheça que poder por parte da esquerda é trair a esquerda. Não é trair a está a caminhar na mesma direcção e a usar os mesmos esquerda, é cumprir, de facto, os valores da esquerda! tiques, a ter os mesmos exercícios de argumentos por auto-

ridade. Aplausos do PS. Sr. Deputado Francisco de Assis, não fiquei satisfeito com a retórica ideológica, se assim podemos dizer, do Sr. O Sr. Presidente: —Para responder, tem a palavra o Primeiro-Ministro, porque uma coisa é o apregoado valor

Sr. Deputado Luís Fazenda. do socialismo democrático – já o ouvimos aqui falar do socialismo democrático, do social-liberalismo, de vários O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr. Depu- padrões –, mas o Sr. Deputado, que é um homem que repu-

tado Francisco de Assis, não o sabia médico legista! Isso to de entendido, uma pessoa muito interessada nas ques-de proclamar e assinar a certidão de óbito de uma força tões ideológicas, nas grandes correntes do pensamento, política é absolutamente espantoso! repare que, inclusivamente na transição da social-

democracia e do socialismo para novos padrões de socie-O Sr. Francisco de Assis (PS): — Não disse isso! dade, de intervenção política, hoje, a política do Governo está à direita daquilo que Anthony Giddens define como a O Orador: —E fala o Sr. Deputado em nome daqueles terceira via e que fez a modernidade de muita gente da

que combatem a arrogância, situando-se na falsa modéstia, bancada do Partido Socialista. na baixa modéstia, na média modéstia... As declarações contra o neoliberalismo são postiças e a

razão concreta desse facto foi aqui denunciada pelo pró-O Sr. Fernando Rosas (BE): — Muito bem! prio Primeiro-Ministro: a de que o Governo não tem espa- ço de manobra. Não, o Governo não quer ter um maior O Orador: —Aparece aqui a proclamar, a destempo, espaço de manobra para aprofundar a sua luta, fazer re-

sem qualquer fundamento, uma certidão de óbito para o formas e ter a coragem que deveria ter para romper com as Bloco de Esquerda. Está profundamente enganado, pois o imposições do sistema neoliberal! É essa falta de coragem Bloco de Esquerda não está em situação de diminuição da do Partido Socialista que reprovamos, porque as promessas sua vitalidade, muito pelo contrário! de viragem à esquerda não ocorreram, havendo, pelo con-

É curioso que, ao dizer que se esgotou a agenda de trário, um encaminhamento à direita. questões fracturantes, isso queira dizer, na sua linguagem, É uma pura mistificação dizer-se que o Bloco de Es-que adiaram sine die a questão do aborto. Essa é verdadei- querda preferiria governos da direita. Exactamente ao ramente a questão que incomoda os Srs. Deputados do contrário, o centro é que não é coisa nenhuma, e isso não Partido Socialista! quer dizer que não haja várias posições à esquerda, que

não possa haver pluralidade à esquerda. O Sr. Fernando Rosas (BE): — Muito bem! Hoje, a clarificação, a assunção de responsabilidades, sem necessidade de qualquer tipo de moção de censura O Orador: —Apesar do elogio, que seria natural, ao construtiva, porque não é isso que consta da nossa Consti-

discurso do Sr. Primeiro-Ministro, é estranho que o Sr. tuição (o PS tentou, em certa revisão constitucional, intro-Deputado, para esconder a má consciência de muitos De- duzir esse aspecto, mas fazendo também uma certa chanta-putados do Partido Socialista em relação a verdadeiros gem à sua volta), permitem-me dizer-lhe qual é a alternati-valores da esquerda, dos quais nós não somos demiurgos va. Seguramente, a alternativa teria de ser dada pelo casti-nem temos qualquer monopólio, venha procurar acusar o go do PS em eleições, pelo reforço das esquerdas, que, Bloco de Esquerda de querer ser o grande educador de neste caso, não estão em competição mas, sim, a procurar alguma coisa. Não temos tal pretensão, mas é curioso que lutar por direitos sociais, a procurar levar adiante… isso esteja em contradição com o que o Sr. Primeiro- Ministro acabou de dizer, ou seja, que gostaria que o Blo- O Sr. Presidente: —Sr. Deputado, terminou o seu co de Esquerda fosse a consciência crítica do Partido tempo. Socialista. É espantosa a contradição nos termos que aqui se encontra! O Orador: —Vou já concluir, Sr. Presidente.

O que também é verdadeiramente extraordinário, Sr. Sr. Deputado Francisco de Assis, não nos venha com