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14 I SÉRIE — NÚMERO 88

jornais para melhor escapar às perguntas concretas que lhe esteve sempre, sem hesitações, do lado justo, nas grandes foram feitas nesta moção censura, diz que apelámos à batalhas que travamos pela dignificação da pessoa huma-dissidência de Deputados do Partido Socialista. na, pela protecção efectiva dos direitos dos trabalhadores,

Isto pareceu-me particularmente grave, pelo que deixo pelo combate às desigualdades, pela promoção de uma aqui o testemunho da solidariedade que a Convenção do sociedade mais justa, mais igualitária e mais próspera. Bloco de Esquerda manifestou, isso sim, para com os De- Hoje, olhando para esse combate, em que uns estive-putados socialistas que defenderam a despenalização da ram de um lado e outros de outro, temos razões para ter interrupção voluntária da gravidez e pediram ao Congresso orgulho e para afirmar aqui que, felizmente, estivemos do do Partido Socialista que essa matéria fosse «arrumada», lado certo nesse combate fundamental, que também sepa-em nome da modernização dos direitos civis e dos direitos rou as esquerdas. das mulheres, em próxima oportunidade. Foi esta a expres- são de solidariedade que manifestámos a Deputados do Vozes do PS: —Muito bem! Partido Socialista, não fizemos apelos a dissidências!

Sr. Deputado António Capucho, união de facto, não O Orador: —Contudo, não me parece que hoje seja temos; entendemos é que o Partido Socialista, se bem que essa a questão essencial. Hoje, a questão essencial é outra, não nos termos do Sr. Primeiro-Ministro, tem um casamen- é a de saber como é que vamos trilhar os novos caminhos to de conveniência com a direita, embora seja um casa- do futuro. Sr. Deputado Luís Fazenda, não é procurando mento moderno, em casas separadas, e o seu partido não constituir-se serodiamente numa espécie de grande educa-está fora disso! dor da esquerda portuguesa que o Bloco de Esquerda vai

dar algum contributo útil para a renovação da esquerda! O Sr. Fernando Rosas (BE): — Muito bem! Pelo contrário, quero saudar o Sr. Primeiro-Ministro pela intervenção que aqui acabou de proferir. O Sr. Presidente: —Para pedir esclarecimentos, tem a

palavra o Sr. Deputado Francisco de Assis. Vozes do CDS-PP: —Que novidade! O Sr. Francisco de Assis (PS): — Sr. Presidente, Sr. O Orador: —Trata-se de uma intervenção em que foi

Deputado Luís Fazenda, esta moção de censura hoje aqui capaz de enunciar, de forma magistral, aquele que é hoje o trazida pelo Bloco de Esquerda corresponde, no fundo, a caminho de uma esquerda que, na fidelidade aos seus valo-uma certidão de óbito que o Bloco de Esquerda passa a res fundamentais, herdados, no essencial, de um patrimó-uma certa imagem que quis projectar de si próprio neste nio iniciado com a Revolução Francesa, procura corres-Parlamento e no País. ponder aos anseios e às expectativas das pessoas, procura

Muito recentemente, na Convenção que realizaram, há ir ao encontro daquelas que são hoje as necessidades da uns fins-de-semana atrás, o Bloco de Esquerda descobriu, sociedade portuguesa. de súbito, estar esgotado o portfolio de iniciativas supos- Esta é uma esquerda que aposta no reforço da competi-tamente fracturantes que procurava trazer a este Parlamen- tividade da nossa economia mas que não quer sacrificar a to. Estando esgotada essa agenda política, que o Bloco de equidade no altar da competitividade; uma esquerda que Esquerda queria que fosse integralmente a agenda política aposta na modernização do País mas que não quer que essa do País, o BE permite que venha de novo ao de cima a modernização suscite mais desigualdades e mais injustiças insuportável arrogância de uma certa esquerda que enten- sociais; uma esquerda que quer criar todas as condições deu sempre, historicamente, que não existe esquerda para para que o País se desenvolva, para que haja mais iniciati-além dela. vas da parte dos indivíduos, para que as pessoas possam

ter acesso a um melhor nível de vida, mas que tem noção, Aplausos do PS. permanentemente, de que estes devem ser direitos univer- sais e assegurados a todos os portugueses; uma esquerda Esta moção de censura é, antes de mais, uma manifes- que não desiste de lutar contra as injustiças, contra as difi-

tação inaceitável de arrogância política, intelectual e cultu- culdades, contra as desigualdades, mas que o faz com ral de uma esquerda que tinha a obrigação de aprender as realismo, com o sentido do compromisso, com uma vonta-lições da história e de ter mais modéstia no seu relaciona- de efectiva de contribuir realmente para a modificação das mento com a restante esquerda. condições de vida das pessoas, particularmente dos mais

Sr. Deputado Luís Fazenda, há mais esquerda para desfavorecidos; uma esquerda que, em vez do recurso a além daquela que o senhor aqui representa. Entre a esquer- uma retórica proclamatória completamente vazia, procura, da radical, que o Bloco de Esquerda aqui representa, e a dia a dia, optar pela utilização dos instrumentos fundamen-direita há, felizmente, uma outra esquerda, que é mesmo tais para que o País progrida, para que as pessoas vivam maioritária e que hoje representa, para o País, esperança e melhor, para que se vençam as clivagens que, infelizmente, confiança numa sociedade mais moderna e mais justa! ainda subsistem na sociedade portuguesa.

Ouvindo o Sr. Primeiro-Ministro, pensei: ao longo do Vozes do PS: —Muito bem! século XX, em quantos parlamentos da Europa, quantas vezes, quantos primeiros-ministros socialistas ou sociais O Orador: —E essa outra esquerda, de que somos democratas não tiveram, justamente, de responder às mes-

aqui representantes, pode olhar para o passado com orgu- mas acusações, de ouvir as mesmas invectivas daqueles lho, porque, nos grandes instantes, nos grandes momentos, que julgavam falar apenas e unicamente em nome da