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10 I SÉRIE — NÚMERO 88

Governo. Desde logo, pela fundamentação do texto no seu ponto O Orador: —Srs. Deputados do Bloco de Esquerda,

7, onde se lê o seguinte: «Para este tipo de situações, a os senhores não são o Alfa e o Omega dos valores da democracia prevê uma alternativa: interromper a activida- esquerda. de deste Governo e convocar eleições gerais». Tese enfati- zada por Miguel Portas, em entrevista à Focus. Respigo Aplausos do PS. apenas três frases: «a superação do agravamento desta crise aconselha a nova consulta popular». Para quando? Esta já existia antes de vós e não se extinguirá convos-«Quanto mais cedo melhor». «O Bloco é favorável à reali- co. Assume diversas formas que devem respeitar-se nas zação de eleições antecipadas.» suas diferenças, se nenhuma delas se quiser transformar

Mas como conseguir este objectivo? Os relatos da em aliada objectiva da direita, como dia a dia cada vez Convenção do Bloco Esquerda desvendam este enigma. mais parece acontecer convosco.

Quer queiram quer não queiram, quer gostem quer não O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Só havia quatro ope- gostem, há para além de vós formas distintas de governar,

rários! projectos alternativos, princípios e valores diversos em relação aos quais a escolha não é indiferente. A experiên-O Orador: —No encerramento da Convenção, ficou cia recente da democracia portuguesa chega para o de-

expressa a vontade de fazer da Assembleia da República a monstrar de forma cabal. voz do descontentamento contra o executivo socialista. Já houve tempo em que as políticas económicas des-Não sendo intenção do Bloco de Esquerda fazê-lo sozinho, prezavam o emprego e o desemprego era escondido, mi-todos notaram uma piscadela de olho à oposição e mesmo nimizado e não combatido. Ao contrário do que aqui foi a alguns Deputados socialistas entendidos como mais à dito, nestes últimos anos o emprego está com êxito no esquerda a quem se exprimiu «solidariedade». O objectivo: centro das preocupações da política económica. Para vós, derrubar o Governo; a táctica: tentar unir a oposição e, se pelos vistos, é a mesma coisa. Para nós, não é, e pensamos possível, fraccionar o PS. que para os trabalhadores também não.

Deve ser rejeitada, a começar pelo seu próprio eleitora- do, esta atitude do Bloco de Esquerda ao querer derrubar O Sr. António Reis (PS): — Muito bem! um Governo do PS. É evidente que o Bloco de Esquerda tem hoje um objectivo, diria mesmo, uma obsessão: enfra- O Orador: —Já houve tempo em que a pobreza era quecer o PS. escondida, um rendimento mínimo de dignidade e cidada-

O critério de selecção da maioria das iniciativas do nia negado às famílias portuguesas. Hoje, passa-se o con-Bloco de Esquerda parece ter como principal objectivo trário e a intensidade da pobreza reduziu-se a metade em tentar fraccionar o eleitorado do PS. Ora, o PS só é útil à Portugal. Para vós, pelos vistos, é tudo a mesma coisa, é esquerda como grande partido do socialismo democrático, tudo de direita. Para nós, não é. Nem para nós, nem para as de vocação necessariamente interclassista e vasta represen- vítimas da exclusão social. tação de camadas sociais diversas, unidas embora por um Há quem seja a favor do papel nuclear e estratégico do mesmo objectivo geral de progresso e solidariedade. sistema de segurança social público e trabalhe para o re-

forçar e há quem tenha a opinião contrária. Será que isso Vozes do PS: —Muito bem! também é indiferente? Que corresponde a algum pormenor irrelevante? Para nós, não. É uma alternativa central na O Orador: —Aliando a firmeza dos princípios à mo- política social.

deração de quem tem uma visão reformista das transfor- mações sociais, única possível num quadro democrático. Vozes do PS: —Muito bem!

E vale a pena perguntar aos autores da moção: a quem julgam que aproveitaria o enfraquecimento do PS? Ao O Orador: —Houve tempos em que não existia preo-Bloco de Esquerda? Estão muito enganados. A resposta é cupação política com a garantia dos direitos de cidadania óbvia: só poderia aproveitar às forças de direita. dos agentes da polícia nem com o respeito da cidadania

Que alternativa pensam que poderia mais facilmente dos portugueses pelas forças de segurança. Hoje, estas substituir um Governo do PS? A do Bloco de Esquerda? duas cidadanias são valorizadas. Isto para vós não conta? Estão muito enganados. A resposta é óbvia: provavelmen- Isto não vos preocupa? Para nós, conta e soubemos agir te, uma alternativa das forças de direita. em conformidade.

Percebo que isso não vos preocupe. Aberta uma crise, Já houve tempo em que os alinhamentos dos telejornais o Bloco poderia tentar, em benefício próprio, obter algu- eram feitos nos gabinetes governativos. mas migalhas eleitorais. Aparentemente, é-lhe indiferente quem governe. Pior ainda, admitindo que o socialismo Protestos do PSD e do CDS-PP. democrático é a pior das direitas, mais valeria que gover- nasse a verdadeira direita. O Sr. Presidente: —Srs. Deputados, já chega de pro-

Quero aqui exprimir com veemência o meu repúdio por testos! Façam favor de ouvir em silêncio. esta concepção e pela prática política que a concretiza.

O Orador: —Hoje, o Governo respeita a liberdade Vozes do PS: —Muito bem! de expressão dos órgãos de comunicação social do Esta-