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22 I SÉRIE — NÚMERO 88

imposto sobre o património, sob pressão dos lobbies eco- O Orador: —Não «corremos» ninguém a apupos na nómicos! Está lá a esquerda! Não somos o monopólio, nossa convenção, ao contrário do que se passou recente-somos uma pequena e modesta parte da esquerda,… mente com outros partidos, ditos amplamente democráti-

cos, pelo que temos muito à-vontade para tratar este pro-O Sr. Emanuel Martins (PS): — Muito pequena! blema. Está, portanto, respondida a questão da competição O Orador: —… inteiramente disposta a dialogar com com o Partido Comunista. O Partido Comunista é um par-

todas as outras componentes da esquerda, incluindo aquela tido, nós somos outro movimento político, cada um com a que dentro do Partido Socialista critica severamente as sua cultura e com o seu espaço e não venham lançar con-políticas que o Governo tem tomado. Não temos, portanto, fusões a esse respeito, porque até quanto aos fundamentos o monopólio do esquerda. desta moção estamos bastante de acordo.

Terminando, Sr. Presidente, queria dizer que quem en-O Sr. José Barros Moura (PS): — Não têm, não! fraquece o Partido Socialista e quem faz o jogo da direita são as políticas de direita do PS e não a esquerda. O Orador: —Temos, sim, a vontade de cooperar com

as várias esquerdas numa política alternativa e por isso O Sr. Presidente: —Para responder, tem a palavra o censuramos este Governo. Sr. Primeiro-Ministro.

Os senhores dizem que nós assimilamos da direita tudo o que nos é exterior. Não! Há exactamente uma corrente O Sr. Primeiro-Ministro: —Sr. Presidente, quero na social democracia europeia que, pela virtude de fazer agradecer ao Sr. Deputado Fernando Rosas por ter tornado em nome da esquerda as políticas da direita, está a entregar claro que a minha intervenção bateu exactamente no ponto o poder aos partidos da direita «dura», porque, naturalmen- certo. Aliás, não é para espantar, porque ela foi inspirada te, eles acabam por ser mais competentes para fazer essa em grande parte por um artigo escrito por si, Sr. Deputado, política. Penso que o caso italiano deve dar que falar. A que tem a vantagem de revelar o fundo, senão do pensa-Coligação Oliveira entregou de mão-cheia o governo ita- mento do Bloco de Esquerda no seu conjunto, pelo menos liano à coligação berlusconiana, exactamente porque fez as do seu. políticas que o Partido Socialista está a fazer em Portugal e No fundo, pensam VV. Ex.as que neste mundo em que com a mesma responsabilidade. Não se trata, portanto, de hoje vivemos, que tem um conjunto de realidades que assimilar, porque nós conhecemos as diferenças, já que podemos combater – e remeto-o, por exemplo, para a somos gente séria e atenta. Sabemos que há diferenças, Internacional Socialista, a que presido, e para o seu pro-mas sabemos também que há um processo de passagem e grama de reforma da ordem económica internacional, que de ponte que tende a seguir-se desta maneira, tornando foi elaborado sob minha orientação, reforma que não está cada vez mais indiferenciadas as várias sensibilidades feita e contra a qual se levantam enormíssimas e podero-dentro do socialismo. Felizmente, dentro do Partido Socia- síssimas forças em todo o mundo –, é neste momento lista há muita gente que repara nisto e que o discute. impossível governar à esquerda. E como a vossa ideia é a

Não nos venham é dizer agora, em nome do monopólio de que é impossível governar à esquerda, precisamente da esquerda, que não podemos ter opiniões sobre a esquer- porque existe uma globalização que tem efeitos dramáti-da! Nós somos uma opinião e os senhores poderão ser cos, que não recusamos, e precisamente porque existe um outra, mas não nos venham dizer que, em nome do mono- conjunto de circunstâncias ao nível do que disse há pouco, pólio da esquerda, não podemos falar, que não podemos ou seja, de um mundo politicamente desestruturado e de discutir, que não podemos criticar e que não temos direito uma globalização desregulada, a vossa tese é a de que este à opinião. Temos! Temos e expressá-la-emos! combate está perdido e a de que o reformismo não vale a

Noutra parte da sua intervenção, o Sr. Primeiro- pena. Como tal, ou há uma opção radical que destrói esta Ministro introduziu uma referência um pouco policial, ou globalização e esta arquitectura mundial – e, nesse caso, seja, referiu-se ao mistério de saber se queríamos ou não vale a pena uma alternativa política –, ou então todos, de derrubar o Governo. Sr. Primeiro-Ministro, se pudéssemos, alguma forma, estarão a trair um ideal político em nome do queríamos, mas não podemos, pelo que nos limitamos a socialismo democrático. Ora, aí penso que o Bloco de agitar politicamente a situação. Limitamo-nos a colocar Esquerda está totalmente errado, porque há diferenças. perante a opinião pública o problema de ser necessário É evidente que este mundo não é o mundo justo que eu mudar esta política. Portanto, não há mistério algum, nem quero. É evidente que eu não gosto de um mundo com uma há, sequer, qualquer espécie de diferenças de opinião. potência única e hegemónica. É evidente que não gosto de

Aliás, dentro do Bloco de Esquerda, Sr. Primeiro- um mundo em o sistema de Bretton Woods tem a doutrina Ministro, há muitas diferenças de opinião. Nós pensamos que tem e aplica a doutrina que aplica. É evidente que há que as diferenças de opinião são salutares e não temos mesmo aspectos no seio da União Europeia com os quais problema algum com isso. Não foi na nossa convenção que não estou de acordo em termos de orientação, e tenho-o um membro do nosso partido foi apupado durante a sua dito. Isso é uma coisa. Outra é eu abdicar de exercer o intervenção! Governo com esses condicionalismos e abdicar de agir

dentro da margem de manobra que, apesar de tudo, existe O Sr. Emanuel Martins (PS): — Também são tão para que haja mais emprego em vez de menos emprego,

poucos! para que haja mais igualdade em vez de menos igualdade e para que haja mais soluções para problemas sociais dramá-