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8 I SÉRIE — NÚMERO 99

lhe», dirigido essencialmente aos imigrantes do leste euro- peu, que inclui a formação em português básico para O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem! estrangeiros, a inserção no mercado de trabalho, a forma- ção para cidadania, etc. O Orador: — Inventou-se um congresso. Queria-se

Há ainda muito para fazer? Há, sim, Srs. Deputados! um élan, sobrevieram feridas. Havia sequer — pergunta-se — consciência da realida-Protestos do Deputado do PCP António Filipe. de? Mas, como? Se as mensagens emitidas por cada um dos membros do que devia ser um governo, e não é, são Com certeza, e nós somos os primeiros a ter consciên- manifestamente antagónicas.

cia disso. Agora, não é só ter consciência, Srs. Deputados! Tanto se fala em investimentos de milhões a pagar du-Temos consciência e agimos, e tanto assim é que aquilo rante uma vida, como se fala em cortes abruptos. que os senhores apontavam como sendo os grandes obstá- Nos dias em que o Sr. Primeiro-Ministro acorda bem culos da lei que regula o regime de entrada, permanência, disposto, Portugal é um País sem problemas, ao qual as saída e expulsão de estrangeiros do território nacional dificuldades internacionais e as deficiências estruturais foram sucessivamente ultrapassados. apenas fazem cócegas.

Nos dias em que o Sr. Primeiro-Ministro recebe as más Aplausos do PS. notícias do Ministro das Finanças, sobram para os jornais as referências vagas aos condicionalismos que nos cercam. O Sr. Presidente: — Para uma declaração política, tem Uma coisa já toda a gente percebeu: as coisas não vão bem!

a palavra o Sr. Deputado Carlos Encarnação. Vozes do PSD: — Muito bem! O Sr. Carlos Encarnação (PSD): — Sr. Presidente,

Srs. Deputados: Durante muito tempo, a política oficial foi O Orador: — Mais, cumpriu-se inteiramente uma lei iludir o que estava a acontecer ou denegrir mesmo quem, muito conhecida, a Lei de Murphy: «se alguma coisa pode dando-se conta da situação, formulava avisos. correr mal, vai mesmo correr mal». Foi o que aconteceu.

A partir de certa altura, surgiu um nunca acabar de más Há saúde? Nem por isso! E dinheiro para a pagar? notícias. Hoje, já não se trata de previsões sombrias, mas Também não! Neste ano, a dívida aos fornecedores hospi-de dados de facto preocupantes. talares cresceu mais de 64% — repito, 64%. Não se paga,

Nada, nem ninguém, consegue esconder este panorama. recorre-se à banca! Primeiro, um indicador e, depois, outro e outro ainda Há Defesa Nacional? Muito menos. E dinheiro? Para

iniciaram e continuaram um resvalar a caminho da crise. salários, como aconteceu no fim do ano passado, pede-se também à banca, para investimento recorre-se a um prazo O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem! de 35 longos anos, gastando 60% com o equipamento e 40% do valor total em encargos. O Orador: — Recordo-me muito bem de quando ace- Há TGV? Mas como?! Com que traçado? O traçado

nar com a preocupação era confundido com uma atitude «Cravinho», o traçado «Coelho» ou o caminho de «Ferro demagógica das oposições. Rodrigues»?!

A atracção do abismo acelerou-se. Há a sensação perfeita de que só se libertou a crítica Risos do PSD.

quando ela já não podia ser contida. Com que financiamento? Dos fundos que secam?! Com O Sr. Guilherme Silva (PSD): — Muito bem! que viabilidade? A que foi estudada ou a que voltará sê-lo? Há coerência na política da despesa pública? Se há, não O Orador: — Só se abriram os olhos quando a igno- se entende.

rância dos problemas não podia senão ser tida por cegueira Os especialistas interrogam-se sobre o modo de inter-intelectual. pretar os sinais. Na mesma semana, no mesmo dia, como o

director do Diário Económico ainda ontem confessava, as O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem! decisões tomadas parecem provir de governos diferentes. E, afinal, a política económica é traçada pelo Executivo de O Orador: — Mudaram, então, as atitudes; do Gover- acordo com as suas convicções profundas ou fica sujeita às

no, deve dizer-se, só muito recentemente, e mesmo assim opiniões ouvidas? de forma dúbia e contrariada. Convidam-se alguns cidadãos a elaborar uma proposta

O Governo foi sempre — e continua — uma verdadeira de programa de redução da despesa pública. Não chega! manta de retalhos. A coordenação não existe e a responsa- Convoca-se, depois, uma reunião com sábios para se re-bilidade foge. pensar o assunto. Entretanto, faz-se saber como tudo pode

Recordo-me que se tentou quase tudo no que diz res- vir a ficar mais difícil no futuro próximo. peito a manobras de diversão. O Ministro das Finanças esconde-se atrás das declara-

Falou-se de um novo ciclo, que nem se chegou a iniciar. ções dos participantes nessa reunião. A cara das más novas Anunciaram-se remodelações regeneradoras; e, como é a do Dr. Vítor Constâncio.

consequência, cada novo ministro, algum tempo de depois É preciso dar a ideia de que o mal acontece, porque o de nomeado, fazia lembrar com saudade os erros do anterior. mundo se conluiou contra o Governo.