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2800 | I Série - Número 050 | 12 de Fevereiro de 2004

 

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Tem a palavra para o efeito.

O Sr. Francisco Louçã (BE): - Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, há várias formas de fazer o debate político e a melhor é a da clareza absoluta.
A sua graça sobre os nossos parabéns ao Mullah Omar é grotesca.

Vozes do PSD: - Ah!

O Orador: - Por isso mesmo, em prol dos factos, quero lembrar-lhe as relações dos seus aliados com o Mullah Omar.
Dois dos comandantes talibãs que, hoje, estão a ser perseguidos, o Comandante Heikmatyar e o Comandante Hagani, foram recebidos pelo Presidente Ronald Reagan e elogiados como "combatentes da liberdade"... Um deles, Hagani, um dos principais apoiantes militares do Mullah Omar, era quem tinha a responsabilidade de receber no território afegão todos os voluntários islamistas que foram organizar a guerra. Por isso mesmo, foi quem recebeu e apoiou um voluntário que se chama Osama bin Laden. Nessa altura, aqueles que, hoje, ocupam o Afeganistão, ou seja, a coligação britânica-norte-americana e, actualmente, mais as forças da NATO, apoiavam, financiavam e desenvolviam a guerrilha que deu origem às forças talibãs. É entre os seus aliados e não entre aqueles que criticavam a violência que decorria no Afeganistão, nomeadamente a violência étnica, a violência religiosa e a violência contra os direitos da mulheres, que o Sr. Secretário de Estado pode encontrar quem teve simpatia para com o Mullah Omar.
Mas ainda lhe lembro mais, Sr. Secretário de Estado: em Maio de 2001, quatro meses antes dos atentados que destruíram as Torres Gémeas, uma representação diplomática do Mullah Omar foi recebida na Casa Branca, quando estava em curso uma negociação acerca dos pipelines que a empresa Unocal ia construir para atravessar o Afeganistão.
Sr. Secretário de Estado, deveria pensar duas vezes porque os aliados, os financiadores e os apoiantes do Mullah Omar foram aqueles que o senhor hoje entende serem os seus aliados na região.
Por isso mesmo, corrijo-o sobre uma matéria. Não afirmámos nunca e, em particular, eu próprio não afirmei que o Governo português protegesse o narcotráfico no Afeganistão.

O Sr. João Rebelo (CDS-PP): - Disse, disse!

O Orador: - O que disse, repito e continuarei a repetir foi que o governo afegão que o Governo português quer proteger é a sede do narcotráfico no Afeganistão.

Vozes do BE: - Muito bem!

A Sr.ª Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado da Defesa e Antigos Combatentes.

O Sr. Secretário de Estado da Defesa e Antigos Combatentes: - Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Louçã, V. Ex.ª é tão conhecedor das matérias do Afeganistão que, na altura, achei que terminaria a sua intervenção em pachtun ou em dari…

Aplausos e risos do PSD e do CDS-PP.

Mas como não utilizou qualquer destas línguas oficiais, há duas coisas que gostaria de tê-lo ouvido dizer: em primeiro lugar, que o regime talibã foi um regime que a comunidade internacional fez muitíssimo bem em derrubar. Não ouvi o Sr. Deputado dizer isso!

Vozes do PSD e do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Em segundo lugar, já não lhe pedia que elogiasse a NATO - enfim, posso perdoar-lhe esses seus enganos históricos -, mas, pelo menos, que tivesse elogiado o esforço das Nações Unidas - porque há, de facto, por parte das Nações Unidas, a aprovação de mandato em Conselho de Segurança - de estabilização do Afeganistão. Também não ouvi o Sr. Deputado dizer isso!

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - É verdade!