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2898 | I Série - Número 051 | 13 de Fevereiro de 2004

 

Com uma rápida pesquisa na Internet, procurando, no site Yahoo, Paya Sardiñas, chegámos a diversas referências às intervenções e actividades deste cidadão cubano, incluindo a página do Projecto Varela, referido pelo CDS no voto que apresenta. E é aqui que começam os problemas.

Vozes do PSD e do CDS-PP: - Ah!…

O Orador: - É que, tendo sido atribuído, em 2002, o prémio Sakharov a Paya Sardiñas, diz o CDS que, recentemente, por ocasião da atribuição do mesmo prémio, em 2003, a Sérgio Vieira de Mello, o referido cidadão cubano terá sido, mais uma vez (diz o CDS), impedido de se deslocar à cerimónia. Lendo o voto do CDS, tudo indica que o Sr. Sardiñas não se deslocou à entrega do prémio que foi atribuído a si próprio em 2002. Só que isto não é verdade.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): - Pois não, mas ninguém disse que era!

O Orador: - A verdade, comprovada nas notícias divulgadas no site Projecto Varela é que Paya Sardiñas recebeu de facto o prémio em Estrasburgo, depois de ter passado, pelo menos, por Madrid, onde se encontrou com o Sr. Aznar.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - O mesmo site noticia, por exemplo, a sua passagem pelo México, por Miami, pelo Vaticano e novamente por Madrid.

Risos do PCP e do BE.

Tenho aqui, comigo, a cópia das páginas do site.
O mais curioso é que, ao contrário do voto do CDS, não se encontra no site, repleto das mais variadas tomadas de posição do Sr. Sardiñas, qualquer referência à cerimónia do prémio Sakharov em 2003.
Dito isto, muitos estarão a perguntar-se o que leva um partido, o CDS, a apresentar um voto de protesto com estas precárias condições de sustentabilidade. Este voto não tem qualquer preocupação com os direitos humanos, mas é tão-só uma tentativa de mostrar serviço à Embaixada americana, depois de, na semana passada, se ter apresentado um voto a condenar a administração americana pelos 600 detidos, sem culpa formada, em Guantanamo.

Aplausos do PCP.

Protestos do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - O tempo de que dispunha terminou, Sr. Deputado. Agradeço que conclua.

O Orador: - Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Trata-se de uma mesquinha e despropositada arma de arremesso parlamentar. Assim vai a extrema-direita portuguesa.

Vozes do CDS-PP: - Olha o grande democrata!

O Orador: - É que os termos deste voto estão em flagrante contradição com a política externa e diplomática portuguesa de diversos governos que, com evidentes diferenças de pontos de vista entre os dois Estados, não deixaram de manter relações de respeito mútuo. E lembre-se, para terminar, Sr.ª Presidente, que uma delegação deste Parlamento visitou há poucos anos Cuba, a convite da Assembleia Nacional Cubana, tendo mantido contactos com diversas autoridades desse país. A delegação era chefiada pelo Presidente Almeida Santos e incluía os Deputados Lino de Carvalho, do PCP, Alberto Costa, do PS, Luís Marques Mendes, do PSD, e Pedro Mota Soares, do CDS-PP.
Por todas estas razões, Sr.ª Presidente, a Assembleia da República não se prestigia se aprovar este voto, e ele deve ser imediatamente retirado.

Aplausos do PCP.