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5847 | I Série - Número 107 | 29 de Julho de 2004

 

soube ouvi-la, um país que, na morte, não soube homenageá-la devidamente.
Hoje, falar de Lourdes Pintasilgo em nome de Os Verdes, e fazê-lo neste Parlamento, é, porventura, tentar pagar uma dívida que este país tem para com ela, é, sobretudo, lembrar que estamos a falar de alguém que, como disse Camus, se recusou a desesperar do homem, que teimou - e disso fez o seu constante guia de acção - em agir para insistir, pelo menos em servi-lo.
É esse o sentido que fica de alguém cujas palavras, cujos escritos, estão cheios de "futuridade".

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O CDS-PP revê-se totalmente nas palavras que V. Ex.ª redigiu no voto que estamos agora a apreciar.
Fui amigo pessoal da Eng.ª Maria de Lourdes Pintasilgo e tive a honra de trabalhar com ela quando, no III Governo Provisório, foi Ministra dos Assuntos Sociais.
Conhecia-a há longos anos, desde antes de 1974. As suas virtudes, a sua generosidade, a sua fé, o seu empenho, as suas qualidades de uma mulher de ideais eram inegáveis. Foi uma autêntica cidadã do mundo, dadas as instituições internacionais que serviu e os bons serviços que prestou à política portuguesa, levando-nos à melhor compreensão dos nossos deveres sociais. Por isso mesmo, rendemos a nossa homenagem a uma grande figura não só portuguesa mas de todo o mundo.
Foi pena que ela não tivesse tido direito a luto nacional e a funeral com honras de Estado. Acompanho as demais bancadas relativamente a essa falta, que se deveu apenas à agitação artificial que se criou naqueles dias. Não se tratou, Sr. Dr. Francisco Louçã, de qualquer mesquinhez, porque perante pessoas destas não há mesquinhez possível.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares (Rui Gomes da Silva): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Pela primeira vez que uso da palavra nesta Câmara enquanto Ministro dos Assuntos Parlamentares, gostaria de apresentar os meus cumprimentos a V. Ex.ª, Sr. Presidente, bem como a todos os grupos parlamentares e aos Srs. Deputados individualmente. Coloco-me à disposição de todos, sem excepções, quer pertençam aos partidos da maioria ou não, para uma colaboração no âmbito do interesse de todos nós, sem prejuízo das normais divergências políticas, mas em prol do trabalho que aqui temos de desenvolver.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, em nome do Governo, a minha primeira palavra neste dia é de homenagem à memória da Eng.ª Maria de Lourdes Pintasilgo, que, como já foi salientado, foi a única mulher que desempenhou as funções de Primeiro-Ministro em Portugal.
Maria de Lourdes Pintasilgo ensinou-nos, através da sua grandeza e da dimensão da sua participação política, que essa mesma participação tem um cariz ético, humanista e personalista.
Maria de Lourdes Pintasilgo foi uma mulher de fé e este seu exemplo será por nós sempre recordado. Acreditamos que, porventura, tenham existido no passado divergências que entendemos como naturais, mas Maria de Lourdes Pintasilgo fez-nos ver que é possível acreditar nos outros, que é possível participarmos na vida política tendo em vista a justiça social, termos participação na vida política com a humildade nas nossas convicções.
Maria de Lourdes Pintasilgo tinha uma visão do mundo que merece todo o nosso respeito. O Governo curva-se perante a sua memória, desejando que, de alguma maneira, sigamos o seu exemplo em termos de sentido de Estado, preservando o seu valioso legado moral.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, tudo faremos por merecer a importância que a vida de Maria de Lourdes Pintasilgo teve na vida dos portugueses, de todos e de cada um de nós.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, este voto será votado no fim da apreciação de todos outros votos.
Srs. Deputados, passamos à apreciação do voto de pesar n.º 196/IX - De pesar pelo falecimento de Carlos Paredes (Presidente da AR, PCP, PSD, PS, CDS-PP, BE e Os Verdes).
Passo a proceder à leitura deste voto, subscrito por mim e por membros de todos os grupos parlamentares, inclusive dos seus líderes.
"Carlos Paredes foi um daqueles artistas raros simultaneamente popular e erudito. Criou um elemento da identidade cultural de um povo porque a sua obra indissociavelmente ligou o que mais ancestral, mais simples, mais directo constitui a memória artística popular e quotidiana com o que de mais elaborado, mais estudado, mais criativo pode proporcionar o labor intelectual e a arte de uma sociedade que estende ao longo de séculos a sua vida colectiva.
Que a sua música seja tão deslumbrantemente diversa, contemporânea e lançada na memória resulta