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0102 | I Série - Número 002 | 17 de Setembro de 2004

 

O Orador: - Mas, ainda que assim não fosse, e por muitas coisas que tenham falhado, como reconheceu humildemente o Presidente da Rússia, nada justifica que um grupo de bandidos armados use civis, e sobretudo crianças, para uma qualquer luta política, independentemente da sua justiça ou falta dela.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Em Beslan, mulheres e jovens violadas, crianças usadas como escudos e obrigadas a beber a própria urina são provas de uma barbárie e crueldade que só merecem luta sem quartel.
Pedem agora liberdade. Mas que liberdade tiveram as 336 vítimas?! Que liberdade sobra a gente viúva, sem filhos ou órfã?! Que liberdade sobra para futuros adultos que vão crescer com medo da próxima bomba ou que vão olhar para um recreio onde já não têm os colegas com quem costumavam brincar?!
Aos criminosos terroristas os portugueses têm de dizer que nunca nos renderemos e que as democracias não devem render-se. Ao povo e ao governo russos enviamos a nossa mais sentida solidariedade e um abraço interminável, também ele sem quartel.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vítor Ramalho.

O Sr. Vítor Ramalho (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O melhor do mundo são, de facto, as crianças. Nelas há os sorrisos e os choros da dependência de nós. Todos sabemos como para elas o mundo se abre no primeiro dia das aulas, carregando o peso de toda a inocência, levado pelo sono que não veio no dia anterior. Esse sono tem sempre a cor da pomba de Picasso, que é a cor da inocência.
No primeiro dia de aulas da escola de Beslan, os meninos, as meninas e os seus familiares transportavam esses sonhos e, com eles, a humanidade de todos nós, esse lado que o ser humano tem e pelo qual luta.
Sob a brutalidade indescritível da cobardia de bestas, travestidas de figuras humanas, os brinquedos que as meninas e os meninos esperavam encontrar tinham o peso da morte e da destruição, do holocausto… Aqui sinceramente paro, porque não há palavras para descrever, em função daquilo que, quando sentimos o sangue, nos foi mostrado pelas televisões.
O que dizer, de facto? Não há palavras, senão a revolta e o desejo de lutar por um mundo melhor.
Assumimos este voto e estendemo-lo à solidariedade de vida a todos aqueles que, directa ou indirectamente, foram objecto desta barbárie, mas também aos povos oprimidos ou sobretudo àqueles em que os direitos humanos não são salvaguardados, única via para a reconciliação e para a paz. É por isso que, relativamente à Chechénia, escolhemos a via da reconciliação como única solução para o diferendo que alastra naquele território tão martirizado nos últimos tempos.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Honório Novo.

O Sr. Honório Novo (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A morte gratuita é um espectáculo sempre dantesco, mas a morte gratuita e inexplicável de mais de 300 crianças é um espectáculo duplamente dantesco.
O olhar daquela criança que todos vimos a meio metro de uma bota, a meio metro de uma bomba que poderia explodir se aquela bota se levantasse, a imagem daquele olhar de terror correu mundo, indignou todos, revolta todos.
As actuações terroristas que vitimam centenas de pessoas inocentes têm de ser condenadas, quer sejam em Beslan, quer sejam em Nova Iorque, quer sejam nos campos da Palestina. O massacre de Beslan tem de ser também inequivocamente condenado por esta Assembleia da República. Nada justifica estes actos.
Associamo-nos também a todos aqueles que, em relação ao conflito da Chechénia, reclamam uma resolução pacífica, concertada e dialogada, no quadro da unidade do Estado russo e sem recurso à violência.
Em nome do PCP, solidarizamo-nos com as dores das vítimas e dos seus familiares, e, naturalmente, votaremos favoravelmente o voto apresentado.