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0370 | I Série - Número 008 | 01 de Outubro de 2004

 

De facto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o que devo eu fazer perante uma jovem que faz erguer a minha bandeira e que sei - e ela sabe - estar condenada a muito curto prazo? Como reajo perante um jovem que apenas me sorri, pois nem sequer consegue cumprimentar-me? Como devo comportar-me perante dois jovens que nem sequer conseguem agradecer os aplausos do público? E aquele jovem que também só sorri para o seu adversário, pois o seu corpo não mexe? E o nadador sem braços e sem pernas, a nadar? E o corredor que faz a maratona, mas sem ver? E os que saltam, sem pernas? E todos aqueles jovens que, como diriam outros jovens, são "lindos de morrer", mas com deficiências brutais e de sorriso estampado no rosto?
Que grande lição, Sr. Presidente! Que abanar de consciência, Sr.as e Srs. Deputados!

Aplausos do PSD.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Posto tudo isto, o que fazer? O tempo do pré-Atenas já passou e estamos no pós-Atenas. O tiro de partida para os Jogos Paralímpicos da China, já foi dado.
Claro que queremos lá estar com os nossos Atletas de Alta Competição. Queremos mais medalhas, escutar o Hino e ver a Bandeira. Mas queremos também que tudo isto corresponda a um aumento, forçosamente significativo, da prática desportiva dos nossos portadores de deficiência. De outra forma, quase que não nos deve interessar.
Temos de ter a consciência do muito que se faz nesta matéria, por esse mundo fora. Nós evoluímos, sem sombra de dúvida, mas atenção que os outros evoluem bem mais e nós temos de, no mínimo, fazer tanto como os outros!!
Das 19 modalidades paralímpicas, competimos em 6. É pouco!
Na retaguarda, temos os referidos 0,5% de deficientes a praticar desporto. É confrangedor!
De clubes, quase nenhuns. Não pode continuar assim!
Vamos, em definitivo, deitar as mãos ao que sabemos ter de fazer. As condições, os apoios, os incentivos, a estratégia, a divulgação, os agentes, o conhecimento, a nossa vontade de fazer.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, o seu tempo esgotou-se.

O Orador: - Termino, Sr. Presidente.
As bolsas deverão ser tendencialmente iguais. As medalhas e o seu valor, também. Os guias não podem ser ignorados neste particular.
Por mim, tomo uma iniciativa: pedirei ao meu partido - a quem também agradeço ter incentivado a minha presença em Atenas - que promova uma audição parlamentar sobre o desporto paralímpico em Portugal. Que dessa audição saia como que uma distribuição de tarefas, nas quais se assumam responsabilidades, de todos e de cada um.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Pensei em referir o nome de todos eles. Bem o mereciam. Porém, optei por não o fazer. Talvez eles até não o quisessem. Têm todos um misto de valia e humildade, que, sabem, todos nós enaltecemos e, sobretudo por estes valores, todos lhes estamos com certeza muito gratos.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração política, em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Celeste Cardona.

A Sr.ª Maria Celeste Cardona (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Pedi para falar aqui, hoje, por ainda ter esse direito e pretender cumprir o que entendo ser uma obrigação, resultante do respeito que tenho, e sempre tive, por esta Instituição.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

A Oradora: - Tenho a convicção de ser aqui, através de vós, que devo prestar contas daquilo que fiz com a confiança que me deram e das razões pelas quais, a partir de amanhã, renunciarei ao meu mandato de Deputada à Assembleia da República.