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0492 | I Série - Número 010 | 08 de Outubro de 2004

 

A informação fornecida assenta em reconhecida subnotificação e é insuficiente para planificar, com o máximo de rigor possível, as acções que visam travar o alastramento da epidemia, apesar do enorme empenho de todos os médicos que já notificam.
A reestruturação da folha de notificação obrigatória, simplificando-a, e a inclusão da SIDA na lista das doenças de notificação obrigatória são mais um passo para a concretização deste conhecimento epidemiológico.
Porque a "cara da SIDA" mudou. O seu perfil epidemiológico também. Hoje, é uma doença crónica e não tem grupos de risco.
Das informações disponíveis no País, tudo nos indica que os principais factores que têm contribuído para a propagação do VIH estão relacionados com a transmissão sexual entre heterossexuais e com a toxicodependência por via endovenosa.
Desde 1999, são notificados com maior frequência casos de SIDA em grupos etários dos 45 aos 54 anos, assim como tem aumentado o número de casos notificados em mulheres.
Há, em Portugal, uma ligeira alteração do padrão epidemiológico, com a feminilização, a pauperização e o desvio para estratos etários mais elevados. É o aprofundamento desta realidade que o Plano propõe na sua meta n.° 1.
Este ano, das 10 metas estabelecidas até 2006, tem sido dado grande destaque à área epidemiológica.
Realizou-se, em 17 e 18 de Abril passado, em parceria com o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, sob a direcção do Professor Fausto Amaro, um inquérito às opiniões, atitudes, conhecimentos e comportamentos face à SIDA.
Foi usado um universo de 1000 indivíduos residentes em Portugal Continental, por quotas de sexos e idades entre os 15 e os 69 anos e de onde se retiram conclusões directas em áreas tão sensíveis como o comportamento: valores da ordem dos 70% dos inquiridos revelaram-se dentro do chamado "comportamento de alto risco". Quanto a atitudes, o inquérito revela que 22% dos inquiridos não concorda que crianças infectadas frequentem a mesma escola que outras crianças e 14% não concorda que pessoas HIV positivas desempenhem a sua profissão nos mesmos locais que os seus colegas de trabalho.
Estes dados são aflitivos, reflectem um profundo desconhecimento que é urgente anular e traduzem uma inaceitável atitude discriminatória.
Na forma de transmissão do vírus a falta de informação é manifesta. Embora 97% dos inquiridos ache a SIDA um problema muito importante, só 60% dos homens e 66% das mulheres é que estão pessoalmente preocupados com a doença.
21% acha que a SIDA se transmite pela picada do mosquito, 18% vê grande risco na partilha de refeições com pessoa seropositiva, 37% vê grande risco de infecção através do uso de sanitários públicos e 57% acha que receber uma transfusão de sangue num hospital é um elevado risco.
É a avaliação de todo o esquema das campanhas de informação que é fundamental e está em causa.
Nestes dados está implícita a necessidade de estudos prévios e a subsequente avaliação após campanhas de esclarecimento.
Foi este trabalho de estudo prévio que se realizou nos casos específicos do Euro 2004, do Rock in Rio, das campanhas televisivas (3 centenas de spots em horário nobre) e das campanhas nas rádios nacionais e locais, bem como na campanha nacional de outdoors que decorre até Dezembro próximo, visando as populações de elevada mobilidade.
A redução do índice de transmissão vertical (mãe/filho) assenta já no projecto de registo e monitorização da infecção na grávida.
A garantia do acesso a todos os utentes do SNS infectados pelo VIH implica o reforço do encaminhamento e da referenciação aos serviços especializados de apoio, aconselhamento e tratamento.
Não podemos esquecer que, entre nós, há meio milhão de imigrantes, de diversas origens, que equivalem a 10% da nossa força de trabalho.
É uma tarefa que envolve as estruturas regionais e distritais e onde os CAD (Centro de Acolhimento e Detecção Precoce do VIH/SIDA), alargados a praticamente todas as capitais de distrito e reforçados por CAD's móveis, desempenham uma tarefa de proximidade às populações.
No entanto, nesta área de aconselhamento e detecção precoce do VIH, reconhece-se a necessidade de uma avaliação contínua da actividade destes Centros no sentido de se atingir uma maior rentabilização dos recursos existentes e uma melhor qualidade do serviço, nomeadamente no que respeita ao enquadramento com a rede de cuidados primários.
A população prisional tem em curso um projecto-piloto dos Serviços Prisionais e da Comissão, apoiado pelo IDT (Instituto da Droga e da Toxicodependência), sob o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian, para as cadeias de Tires e do Montijo.
É um trabalho com todos os requisitos de um projecto inovador, financiado e cientificamente controlado durante os próximos três anos.