0008 | I Série - Número 003 | 22 de Setembro de 2006
encerradas, desde 1991), ameaçando agora as linhas do Tua, do Corgo ou do Tâmega, cuja "sentença de morte" tememos que o Governo também já tenha assinado.
Por isso, Os Verdes vão assinalar, amanhã, o Dia Europeu Sem Carros, na defesa do direito à mobilidade para todos os portugueses, promovendo a defesa do caminho-de-ferro no interior do nosso país, designadamente em Trás-os-Montes, lembrando aos senhores de Lisboa que ali também é Portugal, ali também vivem portugueses, como o Sr. António Monteiro Moura, de que, em nome das gentes de Mirandela que não querem ver desaparecer o comboio da sua terra, e do qual o Partido Ecologista "Os Verdes", com a devida vénia, gostaria de ser porta-voz, lendo alguns versos dirigidos ao nosso Governo:
"Excelentíssimos governantes,
Pedimos para pensar antes,
Desta via encerrar;
Que nós pobres transmontanos,
Também somos vossos manos,
Com direito a viajar.
Comboios de Lisboa ao Porto,
Já têm todo conforto,
Restaurante e televisão;
O transmontano saloio,
Só lhe interessa ter comboio,
Mesmo que vá no vagão.
Aqui fica o pedido,
Do transmontano esquecido,
Terra de boa gentinha;
Mesmo com fins lucrativos,
Não pedimos donativos,
Mas não encerrem a linha".
Aplausos de Os Verdes.
O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Soeiro (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Madeira Lopes, ouvi atentamente a sua intervenção e gostaria de colocar-lhe uma ou duas questões práticas e objectivas.
A primeira diz respeito à mobilidade nos centros urbanos, que, no discurso, é uma preocupação permanente do Governo. Refiro-me ao discurso da melhoria da mobilidade, da comodidade, da segurança, dos impactos ambientais, de todas as melhorias anunciadas. Só que, como o Sr. Deputado disse, são cada vez menos as pessoas que recorrem aos transportes públicos.
Naturalmente, isto suscita-nos esta questão: qual será a razão, que mistério haverá aqui que leva a que as portuguesas e os portugueses recorram cada vez mais ao transporte individual e não procurem no transporte público a solução para a sua mobilidade? E pergunto se isso terá alguma coisa a ver com aquilo que permanentemente vamos conhecendo, no dia-a-dia, dos aumentos dos transportes públicos, da diminuição de carreiras e da sua frequência e, naturalmente, dos novos espaços urbanos que, em muitos casos, não têm sequer acesso a estes transportes.
No que diz respeito às regiões do interior, que também são uma preocupação permanente para garantir a coesão do território, a proximidade e o desenvolvimento, ouvimos constantemente falar na melhoria dos transportes - e fala-se, sobretudo, na melhoria dos transportes ferroviários. Mas, como o Sr. Deputado também referiu, parece que o que vamos tendo cada vez mais no interior é a degradação do transporte ferroviário e muitas vezes sem qualquer alternativa sequer no rodoviário, porque a lógica das empresas transportadoras é a de obter o máximo lucro com o menor custo e, se há menos passageiros, a tendência é para reduzir as carreiras, como, aliás, se vai verificando um pouco por todo o interior.
Daí, gostaria que, também sobre esta matéria, o Sr. Deputado nos desse a sua visão deste problema e nos dissesse se considera que a actual política do Governo para os transportes nas regiões do interior corresponde ao discurso político que vamos repetidamente ouvindo nesta Casa.
Vozes do PCP: - Muito bem!
O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Madeira Lopes.
O Sr. Francisco Madeira Lopes (Os Verdes): - Sr. Presidente, Sr. Deputado José Soeiro, agradeço-lhe as questões colocadas.
Sr. Deputado, só posso concordar com o que referiu, porque constatamos que, apesar de a questão do aumento do transporte individual em detrimento do transporte colectivo aparecer como uma preocupação no