38 | I Série - Número: 048 | 10 de Fevereiro de 2007
ção artística. Isso tem sido visível na pacificação das relações entre o sector artístico e o Ministério da Cultura. No governo anterior, como estarão lembrados, eram raros os momentos em que essa pacificação se fazia sentir. E no campo do apoio às artes investimos quer na nova regulamentação, quer na dotação para esse programa, quer no programa Território Artes e nas parcerias que estamos a desenvolver, e que estão a ser muito bem recebidas, com as câmaras municipais.
No campo da preservação do património gostava de acentuar que, neste momento, para além de estarmos a dar corpo, por fim, a projectos que se arrastavam há anos nos corredores do Ministério da Cultura, designadamente os relativos ao Museu do Côa, ao Museu do Douro, etc. (não volto a repetir),…
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — E o Museu do Côa… e o Museu do Côa!…
A Oradora: — … estamos a investir patrimonialmente em áreas onde nenhum Ministério da Cultura anterior avançou, como seja na criação de depósitos na Biblioteca Nacional. E não o fizeram sabem porquê? Porque isso não se vê, não enche páginas de jornal!… Ora, nós estamos a fazer esse investimento!! Neste momento, já abrimos o concurso exactamente para podermos começar a construir no próximo ano a nova torre da Biblioteca Nacional para evitar que aconteçam, como hoje é noticiado nos jornais, perdas de património por não haver uma caixa forte. Porque a Biblioteca Nacional é dos anos 50 e não tem uma caixa forte como acontece no Arquivo Nacional Torre do Tombo. Portanto, importa investir aí e estamos a fazê-lo.
Importa também investir no património fílmico, e estamos a fazê-lo ao construir na Cinemateca um novo arquivo, do ANIM, para receber os arquivos fílmicos da RTP. A isto chama-se ter um rumo em política patrimonial.
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — O rumo é a caixa forte!
A Oradora: — É, é, Sr. Deputado! Se o Sr. Deputado não percebe o que é preservar numa caixa forte peças de património móvel, lamento; é uma grande ignorância da sua parte mas eu explico.
O património pode ser imóvel ou móvel, e este tem de ser guardado — sabe, Sr. Deputado? — em condições especiais, que não temos na Biblioteca Nacional. Percebe, Sr. Deputado?!
O Sr. Luiz Fagundes Duarte (PS): — Eles não sabem isso!
A Oradora: — E não temos porque é muito caro construir uma torre! Sabe quanto custa? 13 milhões de euros!
O Sr. Pedro Duarte (PSD): — É preciso uma Ministra da Cultura para isso!
A Oradora: — Ora, como custa 13 milhões de euros e não dá «festival» não se opta por aí, normalmente. Ora, nós fizemos essa opção e vamos prosseguir exactamente numa política de preservação do património que nos importa levar a cabo.
Por outro lado, gostava ainda de salientar um aspecto que não foi aqui referido no debate e que é também uma linha programática importante no Ministério da Cultura, que é a internacionalização. Referimo-lo pouco, referi-o na minha intervenção inicial, mas gostava de acentuar que, no que diz respeito à internacionalização, a nossa aposta, durante o ano de 2006, foi muito grande. Fizemo-la em articulação com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e com o Ministério da Economia, de uma forma extremamente consequente, mantendo presença em todos os certames internacionais onde habitualmente mantínhamos essa presença,…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Ministra.
A Oradora: — … como, por exemplo, na Bienal de Arquitectura de Veneza, no ano passado, na Trienal de Luanda, nas feiras do livro, como a Feira do Livro de Turim.
Temos, portanto, prosseguido um esforço de internacionalização permanente e temos procurado levar a cultura como bandeira da diplomacia portuguesa.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Nota-se! Viu-se na China!
A Oradora: — Essa tem sido uma opção do Governo, que estamos a prosseguir. Trata-se de usar a cultura como bandeira da diplomacia portuguesa. Se o Sr. Deputado não percebe o que isto é, lamento. É também estar fora do mundo contemporâneo — mas isso, muitas vezes, é habitual da parte da sua bancada.