38 | I Série - Número: 090 | 1 de Junho de 2007
«O CDS tinha um programa político que ia no sentido de melhorar a Portela». Mas esteve num governo que afirmou, várias vezes, que iria construir a Ota e o Sr. Deputado entende que, agora, tem o direito de dizer que, afinal de contas, essa posição do governo não o vinculava solidariamente.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Não é nada disso!
O Orador: — Peço desculpa, Sr. Deputado, mas não há posições do governo de um partido ou de outro. Peço licença para lhe dizer que o Sr. Deputado não tem razão. Era o que faltava se um partido, havendo um governo de coligação, tivesse de perguntar não ao governo mas aos partidos qual era a sua posição sobre a Ota!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Chama-se a isso coligação!
O Orador: — Não, Sr. Deputado, desculpe mas, num projecto tão importante como o de um aeroporto internacional, os partidos, antes de constituírem um governo, fazem um programa, para tomarem decisões.
Mas se isso é assim, peço licença para lhe dizer o seguinte: então, se o Sr. Deputado entendeu que o governo anterior, a que pertenceu, estava a pôr em causa o seu Programa do Governo, por que razão é que o Sr. Deputado não tomou logo a iniciativa, estando no governo, de dizer que não concordava com essa decisão?! O Sr. Deputado desculpe mas tem de responder a esta pergunta, porque isto não me parece razoável.
Aplausos do PS.
Sr. Deputado, estou muito disponível para discutir racional e serenamente a matéria Ota, mas não gosto de a discutir com base numa série de argumentos muito oportunistas e demagógicos.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Não apresentei argumentos, fiz perguntas!
O Orador: — Repare bem no seu ponto de vista! Diz o Sr. Deputado: não é certo que a Portela possa atingir os 17 milhões, isso não está provado. Ao mesmo tempo, o Sr. Deputado critica a Ota, dizendo que um dos problemas da Ota é que vai chegar rapidamente aos 40 milhões.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Não, não! Não foi nada disso!
O Orador: — Bom, Sr. Deputado, escolha um dos argumentos, os dois é que não fazem sentido! Se o Sr. Deputado diz que a Portela não vai atingir os 17 milhões, porque o trânsito aéreo não se vai desenvolver como previsto, então, nesse caso, também a Ota não pode ser acusada, daqui a uns anos, de não ter capacidade. Isto é incoerente e, por isso, não o pode dizer, Sr. Deputado!
O Sr. Presidente: — Faça favor de concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Orador: — Por outro lado, Sr. Deputado, quero dizer-lhe o seguinte: a solução de que qualquer dirigente, qualquer membro do Governo, qualquer político, gostaria, neste momento, era a de manter a Portela. Aliás, quando chegámos ao Governo, o Sr. Ministro das Obras Públicas explicou isso muito bem, com uma metáfora.
Vozes do CDS-PP: — Mais uma!
O Orador: — Dizia ele que se sentia como quem precisa de comprar uma camisa e não gosta de nenhuma, mas tem de comprar uma camisa. O nosso problema é esse! É que, se fosse possível manter a Portela, essa era, desejavelmente, a solução. Também entendo que era bom manter a Portela, o problema é que não é possível! E se o Sr. Deputado quiser discutir isto com seriedade reconhecerá que não houve nenhum governo na Europa que tenha decidido construir um novo aeroporto e que o tenha conseguido construir a menos de 40 km.
O Sr. David Martins (PS): — É verdade!
O Orador: — Em nenhum lado! E porquê? Por duas razões…
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Não é verdade!