42 | I Série - Número: 090 | 1 de Junho de 2007
O Orador: — O Sr. Deputado diz que isso não é argumento, mas dispensa-se de explicar porquê.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Não posso explicar! Não tenho tempo!
O Orador: — Sr. Deputado, ouça-me um bocadinho! Compreendo que, no âmbito desses 2000, arranjaremos solução para metade, mas a verdade é que, já no ano passado, recusámos 800. Esses 800 já pertencem ao passado! E sabe por que é que refiro isto, Sr. Deputado? Porque em toda a sua argumentação há uma falácia: o Sr. Deputado pretende que o País não terá qualquer problema, não pagará qualquer custo se nada fizer.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Não, não! Alargamento da Portela, alargamento do Montijo!
O Orador: — Quem o ouve dizer «mas quanto é que custa isto, quanto é que custa aquilo, qual é a solução»… Quer dizer, o Sr. Deputado ainda não apresentou uma solução. Nos últimos dias, na comunicação social, apresentou uma solução, mas neste debate ainda não a apresentou.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Está enganado!
O Orador: — Sim, sim! Desculpe, mas já o vi defender que a melhor solução é a Portela mais um.
Baseado em que estudo? Vá-se lá saber! Em artigos de opinião? Desculpe, Sr. Deputado, mas isso não pode ser, tem de ser em estudos.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Nunca foi seriamente estudada!
O Orador: — Se o Sr. Deputado entende que recuso essa solução por estar suportada em pareceres de especialistas, o que lhe peço é que, ao menos, ouça estes especialistas.
O Sr. Deputado quer fazer a lista dos investimentos que o País tem de fazer para o novo aeroporto, mas isso é assumido, Sr. Deputado, porque, realmente, como já lhe disse, se fosse possível manter a Portela e alargá-la, essa, para mim, era a melhor solução.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Por que é que não se estudou?!
O Orador: — Agora, como lhe digo, por razões ambientais e por razões urbanas, em nenhum país, nos últimos 20 anos, foi possível construir um aeroporto a menos de 40 km. Todos os novos aeroportos…
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Muitos mantiveram-nos!
O Sr. Presidente: — Faça favor de concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Orador: — Mantiveram-nos, se foi possível, com certeza, mas o que lhe estou a dizer é que não é possível alterar e melhorar a Portela por forma a que a Portela receba mais 17 milhões. O ponto é este! Os Srs. Deputados pensam da seguinte forma: o melhor é manter tudo como está. Vamos progredindo e chegamos a 2015, olhamos para a Portela e dizemos: «Olha, está esgotada!».
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Não senhor, não é verdade!
O Orador: — E aí, o que fazemos?
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Não é verdade!
O Orador: — Peço desculpa, Sr. Deputado, mas neste momento temos já um problema sério e é preciso fazer alguma coisa.
O Sr. Presidente: — Pode concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Orador: — Mais uma vez, Sr. Deputado, estou muito disponível para um debate sério sobre a Ota.
Mas é para um debate sério! Não com preconceitos, não para ser usado como arma de arremesso político e não, apenas, para fazer um exercício demagógico de quem não quer reconhecer que o País precisa de fazer um investimento numa infra-estrutura deste tipo, que é fundamental para a nossa economia e sem a qual estamos já a pagar um preço nos dias de hoje.