46 | I Série - Número: 090 | 1 de Junho de 2007
grevistas, no tratamento dos trabalhadores ou no tratamento de um professor, como é este caso. É que há um dirigente do PS que se atreve a dizer que um cargo numa direcção regional de educação é um cargo de confiança política. Ou seja, é como se um funcionário, um professor, fosse um assessor de um partido político! Isso é dito por esta maioria! É este conceito que leva à perseguição, ao enviesamento e às vistas curtas sobre estas matérias.
Uma última palavra, sobre a Ota, mais uma vez.
Sr. Primeiro-Ministro, eu fiz-lhe um desafio e quero reafirmá-lo aqui. O debate perdeu serenidade.
Foram apresentados argumentos que chocaram a opinião pública e que são uma prova de inconstância e de irrelevância quanto ao que exige respostas do ponto de vista da decisão política. Quero convidá-lo a que voltemos à decisão política e que, em vez de nos prendermos a uma decisão que foi tomada perante nenhuma alternativa,…
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Orador: — … façamos um esforço obrigatório de debate sério e sem preconceitos, que não esteja amarrado à ideia peregrina de que o próximo aeroporto seja um centro comercial e que é, por isso mesmo, que se privatiza o aeroporto. Deixemos de lado o interesse económico que motiva esta operação…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, queira concluir.
O Orador: — … e decidamos em nome do País, dos seus benefícios e das suas vantagens.
Por isso, convido o Sr. Primeiro-Ministro a que, numa decisão que possa ser tomada nos próximos meses, se considerem as alternativas, para que tenhamos a certeza de que precisamos, que o senhor precisa, que eu preciso e que todos os portugueses precisam de saber qual é a melhor decisão, a mais consistente, a mais económica e a que garante um futuro aeroporto internacional que sirva o nosso país.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Louçã, o facto de o desemprego ter subido 0,9% nestes últimos dois anos e 3,1% nos três anos antes destes dois significa alguma coisa.
Significa o abrandamento na subida e significa também que, com os níveis de crescimento económico que já temos, é bem possível esperarmos que essa atenuação do crescimento se traduza, a muito curto prazo, em abrandamento e diminuição do desemprego.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Então, porque é que subiu agora?!
O Orador: — Como o Sr. Deputado sabe, as consequências do crescimento económico no emprego fazem-se reflectir mais tarde. Há especialistas que falam em seis meses ou num ano, mas eu julgo que os níveis de crescimento económico que estamos a atingir agora… Repare que temos de fazer tudo ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo temos não apenas de crescer economicamente mas também de pôr as finanças públicas em ordem, com um programa de consolidação orçamental, e de responder ao problema social do desemprego. E a dificuldade é responder às três coisas ao mesmo sem esquecer nenhuma! É por isso que também não lhe fazia mal algum reconhecer a dificuldade da tarefa. Estamos a concentrar-nos nessa tarefa, sem nos queixarmos, mas ela é difícil. E os resultados são positivos! São positivos no crescimento, são positivos em matéria de controlo das finanças públicas, o que é essencial para a confiança na nossa economia, e são positivos relativamente à criação de emprego. Claro está que essa criação de emprego não foi ainda suficiente para absorver os novos afluentes à população activa, mas o Sr. Deputado deve também reconhecer tudo isso.
Quanto à greve, Sr. Deputado, V. Ex.ª conhece bem Portugal e conhece bem o nosso sistema de governo e o nosso Estado de direito. Não me referi à greve com menor consideração. Pelo contrário, tenho o maior respeito por todos aqueles que fizeram greve.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Então, e os processos disciplinares no Metro?!
O Orador: — Mais do que isso, tenho respeito por todos aqueles que lutam pelos seus direitos! E, ao contrário do que pensa, eu oiço e considero. Mas quando não estou de acordo também posso dizer humildemente que não estou de acordo.
Outra coisa é deixar de considerar ou não ouvir e tratar com menos dignidade, o que não fiz! O que recomendei foi que os partidos que tanto apoiaram esta greve, que tanta vontade tiveram que a