13 | I Série - Número: 096 | 21 de Junho de 2007
O Orador: — Durante meses a fio, o PSD andou, quase sempre sozinho, a lutar contra a política do facto consumado que o Governo quis impor.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Orador: — Durante meses, realizámos colóquios, promovemos visitas, proferimos contundentes declarações políticas nesta Câmara, procurámos sensibilizar o Sr. Presidente da República e trouxemos, sistematicamente, mês após mês, o assunto Ota ao debate mensal com o Primeiro-Ministro.
Vozes do PSD: — É verdade!
O Orador: — O facto é que a posição do Governo e dos socialistas foi ficando progressivamente isolada. Não há hoje praticamente um técnico reputado, excluindo aqueles que trabalham para o Governo, que não considere a Ota uma má solução.
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — É verdade!
O Orador — O que se compreende.
Em boa verdade, à medida que os estudos foram avançando, e mau grado a política de secretismo e de condicionamento posta em prática pelo Governo, ficou cada vez mais perceptível o pesadelo, em alguns aspectos o verdadeiro filme de terror, que a solução Ota pode comportar.
Por meridiana sensatez, não nos resignámos! O que está em causa é sério e importante de mais. A solução Ota é cara de mais, é demasiado demorada na sua execução, levanta problemas de segurança, tem um prazo de vida limitado, não tem possibilidades de expansão e implica o encerramento compulsivo da Portela.
Aplausos do PSD.
O superior interesse nacional obriga a que todas as possíveis alternativas devam ser estudadas, avaliadas e explicadas sem pré-condições.
Só assim, explicitando as vantagens e as desvantagens de todas as alternativas, na base de estudos sérios e independentes, podemos ambicionar escolher bem e optar pela melhor solução.
Melhor solução que será, indiscutivelmente, a mais barata, a mais rápida, a mais segura e a mais eficaz para uma adequada estratégia de desenvolvimento e correcto ordenamento do território.
Aplausos do PSD.
Sr.as e Srs. Deputados, o autismo e a sobranceria com que o Governo e a bancada socialista conduziram este processo resultaram num claro sentimento de desconfiança da esmagadora maioria das pessoas.
Os portugueses têm hoje a perfeita noção de que é possível e necessário discutir soluções melhores, mais baratas, mais seguras e mais equilibradas.
Sem margem de manobra, o Governo acabou por «dar o dito por não dito» e abandonar a política do facto consumado. Ainda bem! Fomos os primeiros a saudar este recuo. Fê-lo tarde? Talvez, mas mais vale tarde do que nunca. O bom senso prevaleceu e abriu-se caminho à possibilidade de uma boa decisão para o futuro de Portugal.
Aplausos do PSD.
Pouco nos interessa, com franqueza, saber se o Governo saiu fragilizado e se a teimosia do PrimeiroMinistro ou a arrogância do Ministro das Obras Públicas podiam ter sido evitadas.
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — Bem lembrado!
O Orador: — Acho que já toda gente percebeu que é preciso virar essa página menos feliz.
O que importa agora é que a Ota deixou de ser a solução irreversível e o pesadelo que muitos já pressentiam.
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Verdade!
O Orador. — O que nos importa é criar as condições para que se estude tudo quanto houver a estudar e depois se adopte a melhor solução para Lisboa e para o interesse nacional, sem «cartas marca-