16 | I Série - Número: 096 | 21 de Junho de 2007
Srs. Deputados, em declarações políticas, por mim e por outros Deputados desta bancada, tendo sido sempre dito que não nos conformávamos com a política do facto consumado. Mas, à medida que os estudos iam sendo realizados — embora a conta-gotas e com um secretismo poucas vezes visto — e que os seus resultados iam sendo conhecidos, começava a haver uma sensação de filme de terror em relação ao que o Governo se preparava para embarcar quanto aos problemas de segurança aeronáutica, de dificuldade de construção, de encarecimento da obra, de instabilidade dos terrenos e de incapacidade de expansão… Sr.ª Deputada, só o Governo e o Partido Socialista é que demoraram meses e meses a fio a perceber aquilo que o País e os portugueses há mais tempo se forem apercebendo.
Parece que, finalmente, o Governo já viu, mas, quanto à Sr.ª Deputada, estamos para saber… É que a sua intervenção foi um pouco o regresso ao passado. Estava a ouvi-la e a lembrar-me da série de intervenções do Sr. Deputado José Junqueiro neste hemiciclo, sempre que o PSD trazia a questão da Ota, a defender as qualidades miríficas da solução e a «leviandade» (era assim que dizia, para usar o menor dos classificativos) que seria voltar-se atrás e repensar o assunto.
Pois bem, a incomodidade e a falta de capacidade de argumentação da sua bancada tem a ver com o facto de, finalmente, o País ter imposto a este Governo e à sua bancada, à sua maioria, que tudo voltasse a ser ponderado, discutido, analisado e avaliado em bases sérias e independentes.
O Sr. Jorge Costa (PSD): — Muito bem!
O Orador: — É isso que vai acontecer a partir de agora.
E, para que isso aconteça, Sr.ª Deputada, é importante que não se comece desde já, nem uma semana depois deste virar de página, a tentar «marcar as cartas», a tentar condicionar a reapreciação deste assunto. Não, Sr.ª Deputada! Aquilo que é necessário para que, no final deste processo se tome uma decisão correcta, aquela que venha a ser a melhor para o País, aquela que possa concitar o maior consenso possível quer entre os técnicos nacionais quer entre os políticos, que são quem tem de decidir do avanço para uma obra deste tipo, é que tudo isto seja colocado sobre a mesa sem preconceitos, sem pré-condições e não abandonando nenhuma das questões.
O pior que pode acontecer no final desta nova etapa que agora se abriu, Sr.ª Deputada, era chegar ao final deste debate e continuar a haver um significativo número de portugueses com dúvidas sérias sobre a opção a tomar pelo País. É isto que o PSD não quer que aconteça.
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Muito bem!
O Orador: — Era bom que fosse isso que a maioria, sem reservas mentais, estivesse disposta a fazer!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nelson Baltazar.
O Sr. Nelson Baltazar (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, prometo que não vou ler todas estas folhas que trago comigo.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — O mal é esse! Leia-o!
O Orador: — Trata-se dos tais estudos que o Sr. Deputado Telmo Correia disse não existirem sobre as questões da «Portela+1», do Montijo, de Alverca, de Tires… Enfim, são cinco estudos que tenho aqui comigo.
Aplausos do PS.
Não vou lê-los, só os trouxe para vos mostrar e, Sr. Deputado Telmo Correia, terei muito gosto em fornecer-lhe de imediato cópia dos mesmos, se assim o entender.
O Sr. Deputado Telmo Correia trouxe-nos um assunto importante; é pena o momento em que o faz.
Mas vamos falar claro. O senhor terminou a intervenção dizendo o seguinte: «É importante que nesta matéria falemos claro.» Então, falemos claro. O senhor teve aqui o seu tempo de antena para a campanha à Câmara de Lisboa. Esta é a questão séria que também temos de discutir.
Aplausos do PS.
O Sr. Deputado Telmo Correia disse-nos que a actual infra-estrutura, tal como está, não está esgotada. Efectivamente, não está. Sr. Deputado, como é que pode estar esgotada? Se estivesse, estávamos