15 | I Série - Número: 102 | 6 de Julho de 2007
O Orador: — Existem, é certo, uns governantes mais liberais, como a Sr.ª Secretária de Estado da Saúde, que nos informa, na sua «infinita bondade», sobre quais são os locais mais apropriados para criticar o Governo, mas evidentemente, e sempre, com aquela «responsabilidade social» que lhe é devida.
Apesar do disparate, sempre é um progresso, face a um Governo cujo representante civil em Braga mandou instaurar um processo judicial aos manifestantes que, heresia das heresias, protestavam contra a presença do Primeiro-Ministro. Faltou-lhes, é certo, Sr.as e Srs. Deputados, a tal «responsabilidade social» e muito o tal «respeitinho».
A deriva autoritária de um partido que confunde maioria absoluta com absolutismo é preocupante e merece a nossa enérgica denúncia.
Vozes do BE: — Muito bem!
Protestos do PS.
Para os Deputados do PS, o debate político dos problemas nacionais é uma inutilidade, um desperdício, uma infelicidade a que estão, infelizmente, obrigados e que se esforçam por evitar a todo o custo.
Protestos do PS.
O PS vem confundindo lealdade com subserviência e confiança política com cumplicidade partidária.
Para o PS, a Administração Pública e os serviços públicos dirigem-se, orientam-se e comandam-se como um gigantesco exército em tempo de guerra, movido a uma só voz, em que fala o de cima e cala o de baixo, à velha maneira da boa disciplina e do muito «respeitinho» de que «quem manda aqui somos nós».
Vamos então, Sr.as e Srs. Deputados, aos factos.
Ontem, de uma só assentada, o PS rejeitou duas vezes a audição do Ministro Correia de Campos, sobre dois assuntos diferentes, mas ambos de igual importância política.
A primeira, para impedir uma discussão que, com o «estrondo» que é habitual em Correia de Campos, foi o próprio Ministro da Saúde a lançar, a promover e a anunciar como absolutamente indispensável para o futuro do Serviço Nacional de Saúde! Isto, apesar de esse tema não constar do Programa do Governo, o que, para Correia de Campos, como sabemos, não passa de um pequeníssimo pormenor.
Mal o PS ouviu o Ministro dizer que, afinal, já não era oportuna a tal discussão, o PS começou logo a fazer marcha atrás e, de embrulhada em embrulhada, rejeitou todas as propostas: primeiro, a audição da comissão que fez o relatório; de seguida, a divulgação do próprio relatório; depois, a vinda do Ministro ao Parlamento; e, finalmente, ontem, muito atabalhoadamente, propôs que a audição do Ministro fosse substituída pela audição da comissão — exactamente o mesmo que o próprio Partido Socialista tinha rejeitado há cerca de um mês.
Conhecido e lido o relatório, não é difícil perceber as razões que levaram o Ministro Correia de Campos e o Grupo Parlamentar do PS a tentar evitar a sua discussão. Mas uma televisão, infelizmente, estragou os planos quer a Correia de Campos quer ao PS, revelando aos olhos de todos os portugueses, e com toda a clareza, os planos do Ministro: no fundo, pôr os portugueses a pagar mais por menos saúde.
Esta discussão é tanto inevitável como inadiável, Sr.as e Srs. Deputados. Por isso, o Bloco de Esquerda não desistirá da audição com o Ministro Correia de Campos.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Muito bem!
O Orador: — Nós queremos confrontar o melhor da tradição socialista, que fundou e criou o Serviço Nacional de Saúde, com o pior da compulsão liberal que tomou conta dos ministros do Partido Socialista.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Orador: — Em segundo lugar, ontem, o Partido Socialista impediu que o Ministro Correia de Campos viesse ao Parlamento justificar e discutir as substituições, demissões e nomeações verificadas em Braga. Diz o PS que está tudo explicado ou, melhor, que não há nada para explicar.
Em Vieira do Minho, a directora era incapaz, violou o dever de lealdade, não tendo tomado medidas relativamente à afixação de um cartaz, segundo consta do despacho do Ministro.
O Sr. Manuel Pizarro (PS): — Não é só isso!
O Orador: — Quanto aos novos directores, em Vieira do Minho e em Braga as nomeações foram