24 | I Série - Número: 041 | 31 de Janeiro de 2008
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Creio, Sr. Primeiro-Ministro, que é da mais elementar justiça saber, hoje e aqui, como entende esta proposta e que resposta dá às populações da Anadia, do Seixal, de Vale de Cambra, de Vendas Novas, de Ourique, de Alijó, que lhe é muito caro, do Algarve, entre tantas outras, porque não basta o Sr. Primeiro-Ministro dizer, como disse hoje ou ontem — não sei bem — , que tem uma profunda compreensão pelas pessoas. É que as pessoas gostam muito da sua compreensão,»
Risos do Deputado do CDS-PP Paulo Portas.
» mas preferiam muito mais que estivesse de acordo com as suas reclamações e reivindicações.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, os objectivos da política do Governo mantêm-se: queremos fazer mudanças no Serviço Nacional de Saúde para o melhorar. E queremos fazer essas mudanças dando garantias e confiança aos portugueses.
Estas mudanças são para tornar o Serviço melhor, e torná-lo melhor significa, nos cuidados primários de saúde, colocá-lo mais perto das pessoas, com mais médicos de família para mais portugueses. É isto que estamos a fazer, com as unidades de saúde familiar.
Queremos alterar o Serviço Nacional de Saúde para que ele esteja mais próximo dos idosos. É por isso que queremos abrir mais lugares de cuidados continuados para os idosos, para que os hospitais possam servir melhor os seus utentes e para que os idosos sejam mais bem servidos nessas unidades.
Mas queremos também mudar nos nossos serviços hospitalares, porque essa mudança é essencial para termos mais eficácia e mais preparação, para que mais médicos, juntos, possam reduzir o erro médico e para que os nossos materiais, cada vez mais exigentes e sofisticados, possam sofrer investimentos e acompanhar, cada vez mais, aquilo que de mais moderno se faz no mundo.
Sou sensível aos protestos. Sim, sou sensível e compreendo o sentimento psicológico das pessoas. E não quero que nenhum português sinta que o Estado o quer abandonar ou lhe quer fechar portas. Quero que os portugueses saibam que o que estamos a fazer é para melhorar a saúde.
O Sr. Deputado referiu o caso de Alijó. Pois o caso de Alijó é paradigmático. O que queremos fazer em Alijó — e vamos fazer — é abrir um novo centro de saúde. O que queremos fazer em Alijó é abrir uma unidade de cuidados continuados para que os idosos estejam melhor servidos. Mas queremos também reforçar a resposta às emergências em Alijó e por isso vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que essas respostas sejam postas no terreno o mais rápido possível. É essa a nossa prioridade! Mas, Sr. Deputado, não posso acompanhá-lo nessa ânsia do Partido Comunista do «parem», porque o Partido Comunista vê assim as coisas. Tudo o que seja para manter e não reformar é bom, qualquer mudança é má para o País.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Só a mudança para pior!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, lamento, mas não posso acompanhá-lo, porque manter tudo como está é condenar não só o nosso Estado social ao declínio mas também o Serviço Nacional de Saúde a uma prestação de serviço inferior àquela que esperamos dele.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, percebeu mal. Quando dizemos para parar, para pensar, quando, no fundo, se quiser, propomos uma trégua, não o fazemos com o objectivo