9 | I Série - Número: 054 | 1 de Março de 2008
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado Santana Lopes, essas leis, ao que sei, estão justamente nas mãos do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Pedro Santana Lopes (PSD): — Essa agora!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É porque o Grupo Parlamentar do PS sempre manifestou a vontade de que essa legislação pudesse ser aprovada por uma maioria que transcendesse a maioria conjuntural. O Sr. Deputado sabe que é essa a nossa vontade.
Mas não iluda a questão. No pacto de justiça, os senhores violaram aquilo que assinaram…
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — É mentira!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … porque tiveram medo de enfrentar a contestação,…
Vozes do PS: — É verdade!
Protestos do PSD.
O Sr. Primeiro-Ministro: — … porque pesaram o interesse nacional e o interesse partidário e não hesitaram em sacrificar o primeiro, apenas à procura de popularidade fácil.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Santana Lopes.
O Sr. Pedro Santana Lopes (PSD): — Sr. Primeiro-Ministro, o que se passou — e reconheça-nos esse direito — foi que discordámos das vossas propostas. Pois se o Governo discorda das suas próprias decisões… Olhe, ainda ontem, em relação à Programa Porta 65 — Jovem, os senhores discordaram da decisão que tinham tomado e reviram a política de arrendamento para os jovens devido à contestação que houve! Olhe, na política de saúde, o senhor discordou do seu próprio caminho e teve de mudar de Ministro para fazer outro caminho! Face a tudo isto, como é que não havemos de ter o direito de discordar das políticas que o senhor põe em cima da mesa?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Têm todo o direito de discordar dos outros. Não têm é direito de assinar um pacto e, depois, violá-lo.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não têm é direito de dar a vossa palavra ao Partido Socialista e, depois, de pôr em causa essa mesma palavra apenas porque fizeram uma reunião com autarcas.
Vozes do PSD: — Isso é mentira!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E, vejam lá, não podem, nessa situação, enfrentar aquilo que era muito antipático para os autarcas!… Lamento ver o PSD na situação de quem, não conseguindo interpretar aquilo que é o interesse nacional, cede ao populismo, aos «localismos» e à vertigem da popularidade fácil.