O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

29 | I Série - Número: 086 | 23 de Maio de 2008


Façamos contas, Sr. Primeiro-Ministro. Vejamos o caso dos combustíveis.
O Sr. Primeiro-Ministro anunciou-nos aqui seis medidas. Fazemos as contas a essas medidas: são cerca de 1400 milhões de euros que o senhor quer injectar na economia.
Deixe-me fazer-lhe uma conta muito simples: as empresas petrolíferas, com a especulação dos preços, vão ganhar este ano e tirar da economia o dobro daquilo que Sr. Primeiro-Ministro quer injectar para animar a economia. Já são mil milhões no primeiro trimestre. Sei fazer as contas: a BP, para este trimestre, anuncia um aumento de 80% de lucro, a Shell de 25%, a Exxon de 17% e a Galp tem um lucro de 1, 2 milhões euros por dia, Sr. Primeiro-Ministro! Sei que a direita prefere que se vá usar impostos dos portugueses para sustentar a especulação de Américo Amorim e da Galp, mas está na altura de fazermos as contas, e estas dizem que há uma vertigem especulativa de uma liberalização que prometeu baixar os preços e que conduziu exactamente ao seu aumento. Chame-lhe o que quiser, mas os portugueses sabem o que é, é uma mentira económica e é inaceitável.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Louçã, o Sr. Ministro das Finanças, que está aqui ao meu lado, está muito impressionado com a demagogia vinda de um professor de economia.
O País já se habituou a ter uma Autoridade da Concorrência, mas tem também uma «autoridade Francisco Louçã», …

Risos do PS.

… que faz os seus julgamentos morais sobre as empresas, estando, em particular, muito atento ao lucro de todos e pronto, de forma calvinista, a julgar esses «marotos», que, afinal de contas, ganham muito! Fico impressionado por ver como é que alguém tão inteligente como o Sr. Deputado pode ser levado a pensar que algum português acredita que o aumento das taxas de juro é consequência da política do Governo! Como é que alguém acredita que a subida dos preços do petróleo é consequência da política do Governo?! Como é que alguém acredita que a crise do sistema financeiro, designada por subprime, é também culpa do Governo?! Tudo é culpa do Governo… Sr. Deputado, penso que isso é tão infantil, tão pueril, que não está à altura da sua inteligência, nem está à altura do debate político! Isso não é politicamente sério. O que é sério é reconhecer que, neste momento, a conjuntura internacional é mais adversa e todos os países europeus reviram em baixa os seus crescimentos. Nós fomos, aliás, um dos países que reviram em baixa o seu crescimento para um valor menor do que o do ano anterior, mas fomos dos que tiveram um menor abrandamento.
Mas, mais uma vez lhe digo, Sr. Deputado, que o que é preciso é responsabilidade, firmeza, determinação, prosseguir o rumo e, com coragem, enfrentar as dificuldades. Não é com demagogia, nem com preconceito ideológico, nem com facilidades que se resolvem os problemas, nem com a retórica de quem pretende apenas a popularidade fácil dos que sofrem e são atingidos pelas consequências desta situação internacional adversa.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.

O Sr. Francisco Louçã (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, há uma coisa a que os portugueses já se habituaram: o senhor não aceita, não tolera e irrita-se com qualquer crítica e, por isso, pretende levar este debate para um tom pessoal, referindo-se a «infantil», a «pueril». Mas, fique com as suas brincadeiras, Sr. Primeiro-Ministro, pois não lhe respondo! Já agora assinalo que quem introduziu o calvinismo na política portuguesa foi um primeiro-ministro que considerou que devia fazer exibição política dos seus vícios ou não vícios. Deixe-me dar-lhe um bom