49 | I Série - Número: 098 | 26 de Junho de 2008
O Sr. José Raul dos Santos (PSD): — O PSD é reformista mas também humanista. Tem plena consciência das dificuldades e desafios que o Serviço Nacional de Saúde enfrenta, mas não duvida de que este não existe senão para servir a população, principalmente a mais carenciada, com maiores dificuldades de acesso. É nisto que acreditamos, e será em nome destes princípios que esperamos no próximo ano governar Portugal. Assim os portugueses o decidam.
Aplausos do PSD.
O Sr. António Galamba (PS): — Desde que não seja como na Câmara Municipal de Ourique!
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: As minhas primeiras palavras são para saudar os signatários desta petição aqui presentes.
E o que é que os signatários reclamam, sugerem? Primeiro, mais médicos nos cuidados primários de saúde, nos centros de saúde; segundo, que o SADU do centro de saúde não encerre. O que é que responde o Governo? Que o SADU não é preciso porque o serviço de urgência do hospital funciona 24 horas e que também não são precisos mais médicos porque, tendo acabado o SADU, estes deixam de trabalhar no serviço de urgência do centro de saúde e passam a trabalhar no centro de saúde, passam a dar mais consultas, passam a atender mais utentes.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sempre a mesma cantiga!
O Sr. João Semedo (BE): — Terceiro, qual é a realidade? A realidade é que faltam 15 000 médicos de família neste concelho e a realidade é que faltam médicos não só no centro de saúde como também no hospital. É preciso dizer que no hospital de Santiago do Cacém há apenas 18 médicos do quadro e 68 médicos contratados sob as mais variadas formas, para prestar os mais variados serviços naquele hospital.
Portanto, a população tem razão: na realidade, o SADU fechou não para aumentar o número de horas que os médicos dedicam ao seu centro de saúde mas para diminuir o número de horas extraordinárias que o Estado lhes paga. E esses médicos, hoje, não estão ocupados a prestar mais consultas no centro de saúde.
Muitos deles foram fazer serviço de urgência para o hospital porque este não tem médicos em número suficiente.
Esta situação, a falta de médicos é um assunto que irá ser recorrente nesta Assembleia, teremos de o discutir muitas vezes. É um problema grave que acusa muitos governos, mas que acusa seguramente também o Governo do PS, porque em três anos e meio que já levam de funções não tomaram uma única medida sensata…
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Não é verdade!
O Sr. João Semedo (BE): — … e que tivesse capacidade de responder ao problema para superar a dificuldade em número de médicos de família e médicos especialistas hospitalares.
É uma fraude dizer-se que a Unidades de Saúde Familiares vão resolver a carência de médicos deste País, está à vista que não vão e mesmo que o fossem nem daqui a 12 anos teremos o número de Unidades de Saúde Familiares suficientes para cobrir todo o território nacional.
O Governo defende-se com um argumento que não é verdadeiro, que não é válido e que, infelizmente à sua própria custa, os portugueses já perceberam. É preciso aumentar o número de médicos que saem todos os anos das faculdades de medicina deste País, é, se calhar, necessário haver mais faculdades de medicina e, sobre isso, o Governo mantém-se completamente parado, inerte e silencioso.
Aplausos do BE.