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30 | I Série - Número: 101 | 3 de Julho de 2008

Nessa sua nova cruzada, o Bloco de Esquerda e o PCP têm novas referências, novos heróis. E quem são os novos heróis, as novas referências da esquerda mais radical, que o Bloco de Esquerda e o PCP gostariam que todos nós seguíssemos e imitássemos?

O Sr. António Filipe (PCP): — O povo!

O Sr. Vitalino Canas (PS): — São, pelos vistos, os votantes no «não» no referendo irlandês de 12 de Junho.
Olhando para estudos independentes já realizados, é possível saber quem foram e ao que vieram os votantes do «não», os motivos que os levaram a votar contra a ratificação do Tratado de Lisboa.

Protestos do BE.

Deixem-me, pois, recordar alguns desses motivos.
Alguns votaram «não» para salvaguardar a neutralidade irlandesa, leia-se, para que a Irlanda possa continuar a ter um pé na Europa ao mesmo tempo que mantém relações privilegiadas com o outro lado do Atlântico.

O Sr. António Filipe (PCP): — Mas votaram!

O Sr. Vitalino Canas (PS): — Outros votaram «não» para evitar que a Irlanda introduza legislação semelhante à que vigora na maioria dos outros Estados-membros em matéria de direitos dos homossexuais, ou em matéria de divórcio, de aborto ou de eutanásia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Ah!

O Sr. Vitalino Canas (PS): — Outros votaram «não» para evitar uma invasão de imigrantes.

O Sr. António Filipe (PCP): — Para o PS, o povo é estúpido!

O Sr. Vitalino Canas (PS): — Outros ainda quiseram proteger o seu sistema fiscal, designadamente contra um Estado mais empenhado no modelo social europeu. São estes os novos heróis do Bloco de Esquerda e do PCP,…

Protestos do PCP e do BE.

… os que resistem a novas leis sobre o aborto e o divórcio, os que se assustam com os imigrantes, os que não querem mais Estado social.

Aplausos do PS.

Pelos vistos são os desígnios destes que o PCP e o BE querem proteger a todo o custo quando, agora, vêm exigir que a sua vontade seja eternizada e não mais possa ser contestada por ninguém.
Estranhos aliados os senhores escolheram nesta luta contra o Tratado de Lisboa!

O Sr. Luís Fazenda (BE). – Olhe o amigo polaco!

O Sr. Vitalino Canas (PS): — E no vosso júbilo, pelos contratempos que o Tratado de Lisboa sofre, juntase agora um novo aliado, quiçá um novo herói – isso ainda não disseram! –, o Presidente da Polónia, Lech Kaczinsky, também ele hostil à interrupção da gravidez, ao divórcio e parece que hostil até aos próprios compatriotas que colaboraram com o regime de que os senhores gostavam.