35 | I Série - Número: 007 | 2 de Outubro de 2008
O Partido Comunista tem sempre um adversário principal, que é o PS, e duplamente adversário quando o PS está no Governo a desenvolver reformas para criar um País mais moderno, mais justo, equitativo, para criar emprego mais qualificado e empresas mais capazes. Mas isso não interessa nada para o PCP.
O distrito de Braga também está no caminho da inovação. O Sr. Deputado esqueceu-se de falar provavelmente da decisão mais estratégica dos últimos anos, a instalação do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, em Braga. Mas para o PCP e para o Deputado Agostinho Lopes isso não interessa, é secundário! Esqueceu-se de falar no laboratório de medicina regenerativa, mas isso não interessa nada! Esqueceu-se de falar das dezenas de empresas tecnológicas que estão a ser criadas naquele distrito, mas para o Deputado Agostinho Lopes isso não vale nada! Esqueceu-se de falar do trabalho da Universidade do Minho e do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, que, desde 2005, duplicou o número de alunos e de instalações. Mas isso para o Partido Comunista não interessa nada! O distrito de Braga está no centro do futuro, nomeadamente — e dou dois exemplos — com a passagem e uma paragem do transporte de alta velocidade ligando Porto a Vigo, mas o Sr. Deputado não fez qualquer referência a isto! Foi este Governo que nomeou Guimarães como Capital Europeia de Cultura 2012, mas o Sr. Deputado esqueceu-se disso! Há 800 milhões de euros que são destinados à qualificação e à formação profissional para o distrito de Braga, mas a isso o Sr. Deputado também não quis fazer qualquer referência… O Sr. Deputado referiu o problema das escolas secundárias. Há várias escolas secundárias em construção ou sujeitas a obras de requalificação, mas isso não tem interesse algum.
Foi este Governo que instalou a delegação distrital da Autoridade para as Condições do Trabalho, mas não há qualquer referência no seu discurso. Nada disto interessa ao Partido Comunista! Obviamente que há problemas sociais, e assumimo-lo. Aliás, fomos nós que aprovámos um projecto de resolução nesta Câmara, como referiu, que fala mesmo desses problemas sociais. Também não são verdadeiros os números do desemprego que aqui referiu. Há desemprego na região, como há um pouco por todo o País, mas não são 50 000 os desempregados, tal como o Sr. Deputado referiu, e está a ser criado emprego em toda a região norte.
Deixo uma pergunta, Sr. Presidente e Srs. Deputados: quando é que o PCP começa a fazer parte da solução destes problemas e a não ficar permanentemente instalado do lado errado e de onde nunca quer sair? Essa, provavelmente, seria a melhor decisão que trariam de Braga, das jornadas parlamentares, que aproveito para saudar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Agostinho Lopes.
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Laranjeiro, é dramática a abordagem política que a maioria do PS e o Governo fazem da situação do País, em particular do distrito de Braga, pois negam-se a ver a realidade, negam-se a ver os problemas, não contestam nenhum dos números que referi e mesmo assim negam-se a ver a realidade – a mesma negação da realidade do Sr. PrimeiroMinistro Sócrates, em Março. Já a crise internacional e os problemas no nosso país estavam a agudizar-se da forma como sabemos, por exemplo, no Vale no Ave e no Vale do Cávado estavam a «enterrar-se» dezenas de empresas — o Sr. Deputado Miguel Laranjeiro não precisa que lhe diga o nome, porque as conhece — e o Sr.
Primeiro-Ministro, José Sócrates, dizia, em Março de 2008, que o sector têxtil estava de parabéns.
Sr. Deputado Miguel Laranjeiro, o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia e a ligação Porto/Braga/Vigo ainda são projectos e não podem servir para cobrir toda a desgraça — porque é de desgraça que se trata — que vai naquele distrito. Sr. Deputado Miguel Laranjeiro, são projectos, até ver… Sabe há quanto tempo é projecto, com sucessivas promessas, o hospital distrital de Braga? Sabes quantas datas já os ministros e o Sr. Primeiro-Ministro deram sobre a conclusão daquele projecto?