90 | I Série - Número: 017 | 7 de Novembro de 2008
Claro que não vamos reclamar direitos de autor, porque aquilo que nos interessa é que as políticas públicas sejam assertivas na resolução das debilidades do nosso País. É isto que nos move quando somos Governo, é isto que nos move quando somos oposição! Acima de tudo, não estamos dispostos, em nenhuma circunstância, a trocar o valor da nossa responsabilidade pelo ganho político imediato. Somos diferentes! Mas não é a primeira vez que o Governo se compromete a saldar as dívidas a fornecedores. Já no ano passado, no Orçamento do Estado, criou até um facto político, ao inventar o programa Pagar a Tempo e Horas, que se manteve em hibernação até à Primavera.
Depois, em Maio, o Governo anunciou, novamente, que iria saldar dívidas no valor de 600 milhões.
O Sr. Primeiro-Ministro reconheceu ontem a insuficiência desta iniciativa, para justificar o facto de, pela terceira vez, renovar o anúncio exactamente da mesma medida e — note-se! — da criação de mais um gabinete.
Perdoem-me a ingenuidade ou até, se calhar, a ignorância, mas por que não pagam apenas o que devem? Por que não pagaram antes? Que razão existe para criar programas e gabinetes, quando o que está em causa é pagar aquilo que se deve?
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Rosário Cardoso Águas (PSD): — Em linguagem corrente, chama-se a isto «desculpas de mau pagador»! E quanto ao valor anunciado de 2400 milhões de euros, de que o Governo agora fala, era bom que esclarecesse quais são as dívidas aqui incluídas, em que prazo vai pagar e como vai garantir o pagamento à administração local.
O Sr. Primeiro-Ministro pede confiança aos portugueses. Mas pergunto: como hão-de as empresas confiar agora, quando a prática do Governo, nos últimos quatro anos, tem sido falhar, prometendo o que não pode, prometendo sucessivamente a mesma coisa e nunca cumprindo o que promete? Pergunto: será assim que se instaura a confiança? Gostava de terminar, Srs. Deputados, aludindo aos investimentos públicos projectados. Mais um caso em que o Governo não ouve nada nem ninguém.
O desempenho da nossa economia e os relatórios da coesão evidenciam que não tem existido correlação alguma entre as taxas elevadas de investimento e a produtividade e a competitividade de Portugal. Significa isto que a natureza dos investimentos realizados não conseguiu contrariar, até hoje, as debilidades e os factores que impedem e limitam a capacidade competitiva da economia portuguesa.
O que faz o Governo? Insiste na mesma política, comprometendo uma estratégia de crescimento económico de longo prazo assente nos factores de competitividade e ignorando as opiniões fundamentadas de muitos economistas, analistas e partidos políticos.
O PSD é a favor do investimento público — importa que isto fique registado —, mas quando a sua utilidade seja provada. Isto é, quando esteja demonstrada a sua racionalidade económica e social; quando haja certezas quanto à sua repercussão na competitividade e no desenvolvimento do País. Sem garantir tais condições, não somos a favor! O PSD tem critérios para escolher! O PS escolhe porque sim, porque até agora argumentos não houve.
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Rosário Cardoso Águas (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Devo dizer-vos que não é por falta de ideias que não avançamos outros investimentos alternativos mas porque a responsabilidade e o dever de governar é vosso.
Mas, não digam a ninguém, começo por dar uma ideia: que tal a reabilitação urbana? As nossas cidades, os nossos centros urbanos estão há quatro anos à espera de um programa de reabilitação. Todos os dias, neste País, se perde valor económico com prédios a ruírem. Que tal orientarem-se para a reabilitação urbana? Não ficávamos todos a ganhar? Não havia negócio para as empresas? Não se reabilitava o património? Não se evitava nova construção, bem como mais encargos para o Estado, tanto